Edição 71
Matérias Especiais
Educação e relativismo
Gilvandro Coelho
A viagem do Papa Bento XVI aos Estados Unidos, a sua recepção no aeroporto pelo então presidente daquele país, como homem de fé, a quem pediu que recomendasse a nação em suas orações; as visitas à ONU e ao canteiro de obras das Torres Gêmeas, com reiterados apelos pela paz entre as nações, são fatos que nos ajudarão a entender problemas atuais, como as divergências entre Oriente religioso e Ocidente relativista.
O Pontífice, disse George Bush, encontrará uma nação desenvolvida e “imbuída de compaixão” que acredita estar dando um tratamento adequado aos mais débeis e mais vulneráveis e crê que a vida humana é sagrada. E, para logo, explicou: “Necessitamos de uma mensagem de esperança que identifique a verdadeira liberdade e não pense que esta só existe em benefício próprio, mas deve repousar no apoio mútuo. Precisamos rechaçar a ditadura do relativismo e acolher uma cultura de justiça e verdade”.
Assim, convém relembrar cinco expressões frequentes dessa ditadura do relativismo. Aproveitaremos a síntese e a crítica do jornalista espanhol Eulogio López, retirada do site Catholic.net. A primeira é a mais importante porque a todas engloba: “Nada é verdade nem nada é mentira, pois tudo depende da cor do cristal com que se olha”. Isso significa que não há verdades absolutas… Menos esta, que, por si só, já constitui dogma aniquilador.
A segunda: “É proibido proibir”. Assim, há algo que se está proibindo proibir, conforme o lema de uma geração francesa que permanece no poder, sem querer abandoná-lo. Se proibirmos proibir, há algo que se está proibindo: proibir.
A terceira: “Os dogmas são inadmissíveis”. Salvo, certamente, o que acabo de enunciar: indemonstrável e de aplicação forçada. Em qualquer situação, o homem sempre parte de um dogma para concluir, usando os métodos indutivo ou dedutivo, o raciocínio.
A quarta: “Toda ideia, princípio ou crença é respeitável”. Todas não, porque a que acabo de enunciar vale muito mais do que qualquer outra.
E a quinta: “Eduquemos em liberdade”. Isso é impossível porque se concedermos liberdade ao aluno para rejeitar a Educação, seguramente ele optará pela liberdade de não educar-se, sobretudo porque a Educação exige que se esforce para aprender.
Concluindo, o homem não pode ser contraditório. Portanto, precisa ser educado e se manter bem-informado para não acreditar que há povos bons e maus, mas existem governos e regimes políticos que não alimentam uma cultura de justiça e verdade.
Diario de Pernambuco. 25 de abril de 2008.