Edição 62

Ambiente-se

Há mesmo paz?

Jurandir de Barros e Silva

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Enquanto muitas famílias,
em casebres, se apertarem,
não poderá haver paz,
pois faltam-lhes seus dignos lares.

Enquanto todos os enfermos
não forem, com amor, tratados,
não poderá haver paz,
pois vêm sofrendo cansados.

Enquanto muitos famintos
não forem bem saciados,
não poderá haver paz,
pois a fome causa estragos.

Enquanto certa gente,
o orgulho, não deixar,
não poderá haver paz,
pois só sabe humilhar.

Enquanto existirem crianças
pelas ruas a perambular,
não poderá haver paz,
pois estão a mendigar.

Enquanto muitas classes,
por justiça, não lutarem,
não poderá haver paz,
pois, paradas, nada fazem.

Enquanto muitas pessoas
não tiverem seus trabalhos,
não poderá haver paz,
pois lhes falta o necessário.

Enquanto certos programas
não forem bem instrutivos,
não poderá haver paz,
pois o povo é iludido.

Enquanto o trabalhador
não receber bom salário,
não poderá haver paz,
pois está sendo explorado.

Enquanto muitos políticos
só de promessas ficarem,
não poderá haver paz,
pois estão a enganar.

Enquanto, nos sindicatos,
o povo não se organizar,
não poderá haver paz,
pois não sabe labutar.

Enquanto a inclusão social
não for por todos abraçada,
não poderá haver paz,
pois está sendo ocultada.

Enquanto o bem comum
não for bem distribuído,
não poderá haver paz,
pois muitos são oprimidos.

Enquanto os mais simples
não forem bem alertados,
não poderá haver paz,
pois lhes fazem de escravos.

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