Edição 58

Ambiente-se

Iese – A escola que forma para a vida

José Ferreira de Castro

A escola que forma para a vida é uma escola identificada e empenhada em gerar e defender valores. O antivalor deve ser eliminado do processo já na origem, para evitar degenerações. Não se pode pensar em qualidade se não há o foco permanente nos valores. A proposta de busca da excelência deve ser a cara da escola: a sua maneira de ser, pensar e agir.

Cada escola tem o seu perfil, a sua maneira de ser, as suas peculiaridades, a sua identidade, que devem ser preservados, embora deva evitar posições inflexíveis. Não significa postura indiferente diante de situações que comprometam a instituição, a sua proposta pedagógica e os valores por ela defendidos.

E a escola de iniciativa privada precisa se afirmar e garantir o espaço que lhe é conferido pela Constituição brasileira, deixando de lado a falsa humildade e a gestão amadora para não fazer o jogo dos incautos, dos oportunistas e de tantos outros que, premeditadamente, de má-fé, pregam que a escola privada é concessão ou delegação do Poder Público. Enquanto gestores e educadores não tiverem essa consciência, fica difícil fazer da escola um ambiente que, de fato, forma para a vida, porque fica engessada e subserviente.

A escola que forma para a vida deve ser um espaço de promoção das pessoas, deve constituir-se em ajuda intencional, sistemática, planejada e continuada para todos os alunos, diferenciando-se de outras práticas educativas, tais como as que acontecem na família, no trabalho, no lazer e no convívio social de modo geral.

É missão da escola que forma para a vida criar oportunidades para o desenvolvimento de relações interpessoais, cognitivo-afetivas, éticas e estéticas pelo processo de construção do conhecimento. É preciso que todos os alunos desenvolvam suas capacidades e aprendam conteúdos essenciais que lhes sirvam de instrumentos de compreensão da realidade e participação em relações sociais, políticas e culturais diversificadas e amplas.

É dever da escola que forma para a vida desenvolver o sentido da individualidade, da identidade do aluno, e isso se faz por meio da participação no processo social, assimilação cultural e do desenvolvimento de valores e atitudes.

Nós nos construímos como pessoas iguais e, ao mesmo tempo, diferentes de todos os outros. As mudanças nas relações entre conhecimento e trabalho exigem que os estudantes desenvolvam capacidade de iniciativa e de inovação.

Isso significa que a atual função da escola que forma para a vida é preparar os jovens para um processo de educação permanente. A escola, hoje, deve formar e capacitar os estudantes para a aquisição dos novos saberes que surgem e que exigem um novo tipo de profissional.

Cabe à escola que forma para a vida imprimir uma dinâmica de ensino que favoreça não só o desenvolvimento de potencialidades do trabalho individual, mas, sobretudo, do trabalho coletivo. A escola que forma para a vida deve promover uma educação universal que inclua, junto aos estudantes de todos os níveis e de todas as idades, a motivação para aprender e a disciplina do aprendizado permanente.

Fazer a educação integral é trabalhar em uma perspectiva humanista, é trabalhar o ser humano completo, com todas as suas dimensões disponíveis, nas várias ocasiões e circunstâncias. É levar o indivíduo a ser senhor da sua própria vida de maneira mais harmônica, equilibrada e realizada.

José Ferreira de Castro é diretor do Iese.

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