Edição 16

Lendo e aprendendo

Lendo e aprendendo

Qual a professora que não gostaria de ser a Professora Muito Maluquinha de Ziraldo?

Qual a criança que não gostaria de viver as aventuras do Menino Maluquinho?

É dele, é de Ziraldo que iremos falar nesta página. Um pouco da vida, um pouco de suas obras. Escrever sobre aquele que tão bem retrata as relações de afeto, o gosto pela aventura, a coragem de ousar, o querer transformar.

Ziraldo Alves Pinto nasceu em 24 de outubro de 1932, em Caratinga, Minas Gerais. É o mais velho de uma família de sete irmãos. Seu nome vem da combinação dos nomes de sua mãe, Zizinha, com o do seu pai, Geraldo: assim surgiu o Zi-raldo, um nome único.

Passou sua infância em Caratinga, onde cursou o Grupo Escolar Princesa Isabel. Em 1949, foi com o avô para o Rio de Janeiro, onde cursou dois anos na Moderna Associação de Ensino – MAE. Em 1950, voltou para Caratinga para fazer o tiro-de-guerra. Terminou o científico no Colégio Nossa Senhora das Graças. Formou-se em Direito em Belo Horizonte, na Faculdade de Direito de Minas Gerais, em 1957.

No ano seguinte, casou-se com D. Vilma, após sete anos de namoro. O casal tem três filhos (Daniela, Fabrizia e Antônio) e quatro netos.

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Ziraldo tem paixão pelo desenho desde a mais tenra idade. Desenhava em todos os lugares: na calçada, nas paredes, na sala de aula… Outra de suas paixões desde a infância é a leitura. Lia tudo o que lhe caía nas mãos: Monteiro Lobato, Viriato Correa, Clemente Luz (O mágico) e todas as revistas em quadrinhos da época. Já naquele momento, ao ler as páginas do primeiro gibi, sentiu que ali estava o seu futuro.

A carreira de Ziraldo começou na revista Era uma vez…, com colaborações mensais. Em 1954, começa a trabalhar no jornal A Folha de Minas, com uma página de humor. Por coincidência, foi esse mesmo jornal que publicou o seu primeiro desenho, em 1939, quando tinha apenas seis anos.

Ziraldo “explodiu” nos anos 60, com o lançamento da primeira revista em quadrinhos brasileira feita por um só autor: A Turma do Pererê. Durante a Ditadura Militar (1964-1985), fundou, com outros humoristas, O Pasquim, um jornal não-conformista que fez escola e até hoje deixa saudades. Seus quadrinhos para adultos, especialmente Supermãe e Mineirinho, o Come-quieto; também contam com uma legião de admiradores.

Em 1969, Ziraldo publicou o seu primeiro livro infantil, Flicts, que conquistou fãs em todo o mundo. A partir de 1979, concentrou-se na produção de livros para crianças e, em 1980, lançou O Menino Maluquinho, um dos maiores fenômenos editoriais do Brasil em todos os tempos. O livro já foi adaptado, com grande sucesso, para teatro, quadrinhos, ópera infantil, videogame, Internet e cinema.

Seus trabalhos já foram traduzidos para diversos idiomas, como o inglês, espanhol, alemão, francês, italiano e basco. Os trabalhos de Ziraldo representam o talento e o humor brasileiro no mundo. Estão até expostos em museu!

A partir de 1979, Ziraldo passou a dedicar mais tempo à sua antiga paixão: escrever histórias para crianças. Naquele ano, publicou O Planeta Lilás, um poema de amor ao livro, no qual ele mostra que o livro é maior que o Universo, que cabe inteirinho dentro de suas páginas.

Em 1980, Ziraldo recebeu sua maior consagração como autor infantil, na Bienal do Livro de São Paulo, com o lançamento de O Menino Maluquinho. O livro se transformou no maior sucesso editorial da Feira e ganhou o Prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, em São Paulo.

Em 1994, O Menino Maluquinho, O Bichinho da Maçã, A Turma do Pererê e o próprio Saci Pererê transformam-se em selos comemorativos do Natal. Nessa homenagem dos Correios e Telégrafos ao artista, sua arte foi espalhada pelos quatro cantos do planeta, com votos de Boas Festas, Feliz Natal e Feliz Ano-Novo.

Ziraldo tem diversas passagens pela televisão. Participou como jurado de inúmeros programas, festivais e até de concurso de Miss Brasil nos idos anos 60. Quando entrevistado, tem sempre pontos de vista interessantes a defender. Uma de suas frases mais conhecidas é “Ler é mais importante do que estudar”.

Ziraldo, além de pintor, é cartazista, jornalista, teatrólogo, chargista, caricaturista, escritor e colecionador de piadas. Sua vasta obra faz parte do nosso cotidiano. O cartaz de um filme, um logotipo, uma camiseta, um programa de televisão, uma capa de revista, uma simples caixinha de fósforo, tudo ganha um charme especial. Um bom brasileiro diz logo de cara: “Só pode ser coisa do Ziraldo…”.

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