Edição 63

Em discussão

Morte dos pais

Doris Sanford

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Crianças mais novas acreditam que seus pais são todo-poderosos e podem protegê-las. É o único meio de se sentir seguro quando se é totalmente dependente. Então, quando os pais morrem, a sensação de abandono é imensa. Um levantamento feito com crianças de 8 a 14 anos informa que um dos medos mais expressados foi o de que um dos pais morresse.

O que as crianças podem vir a experimentar

Quando os pais morrem, a criança frequentemente experimenta a dor da perda e a tristeza por algum tempo. Além do que, se o pai morre, a mãe pode conseguir um novo emprego e ficar ausente de casa. Se a mãe morre, a criança pode ter uma nova pessoa que cuide dela. A recuperação dela em relação à morte dos pais pode ser demorada. As crianças mais novas não podem imaginar o impacto da morte em sua vida futura.

A criança não entende que a morte é o final da vida até que tenha completado 9 ou 10 anos de idade. Até esse período, elas podem desenvolver fantasias sobre a morte dos pais.

Quando os pais morrem, as crianças, com frequência, são esquecidas. A base do conforto é geralmente em um dos pais sobreviventes, e a tristeza da criança é minimizada.

O que as crianças precisam saber

Que existe diferença entre doenças de menor gravidade e doenças fatais.
Que elas podem ajudar e que sua ajuda é útil.
Que devem brincar sem culpa, ir a festas de aniversário e continuar sua vida.
Que, mesmo quando os adultos ao redor estiverem tristes e chorando, ainda assim são capazes de tomar conta delas.
Que todos lidam com os seus sentimentos do seu próprio jeito. Contanto que a criança se sinta bem na forma como age, todos os sentimentos são bons.

O que a Bíblia diz

Salmos 27.10: “Porque, quando meu pai e minha mãe me desampararem, o Senhor me recolherá”.

I Coríntios 15.21–23: “Porque, assim como a morte veio por um homem, também a ressurreição dos mortos veio por um homem. Porque, assim como todos morrem em Adão, também todos serão vivificados em Cristo. Mas cada um por sua ordem: Cristo, as primícias; depois, os que são de Cristo, na sua vinda”.

O que dizer

As crianças podem aceitar a realidade da morte mais facilmente quando existe uma preparação anterior, tal como: “O médico está fazendo o possível para ajudar sua mãe, mas ela está piorando”. Quando há risco de morte, as crianças precisam ser avisadas, porém é bom que saibam que a medicina irá ajudar os seus pais a ficarem bons.

Geralmente, quando as pessoas ficam doentes, o médico pode ajudá-las a ficar melhor. Estar doente nem sempre significa a morte de uma pessoa.

“Quando uma pessoa está morta, não pode sentir nada. Elas não comem ou vão ao banheiro. Uma vez que a pessoa morre, não volta à vida.”

“Sua mãe teria deixado você brincar e se divertir. Ela sabia que é o que as crianças precisam fazer.”

“Sim, nós vamos orar para que Deus faça seu pai ficar bom. Às vezes, Ele diz sim para as nossas orações, outras vezes diz não. Deus nos ama e irá nos ajudar, não importa o que aconteça.”

“Você gostaria de saber o que a Bíblia diz sobre os céus?”

“Você pode perguntar qualquer coisa.”

“Deus não fez com que isso acontecesse. Aconteceu porque vivemos em um mundo ruim.”

“Morrer não é a mesma coisa que estar dormindo. Quando você vai dormir, acorda depois. Não acordamos quando estamos mortos.”

“A morte de sua mãe não é contagiosa. Acho que seu pai irá viver até ficar velho, como o vovô.”

“Sua mãe não queria deixar você. Ela queria sobreviver e ser para sempre a sua mãe.”

“Sei que você gostaria de saber o que irá acontecer. Quando eu souber, lhe direi, e quando não souber, eu lhe direi também.”

“Muitas crianças ficam zangadas quando seus pais morrem. Ficar zangado é normal. O que você faz com esse sentimento é o mais importante.”

“Não posso prometer que mais ninguém da nossa família irá morrer, mas posso prometer que você sempre será amado e haverá alguém para cuidar de você. Nunca estará sozinho.”

“Sei que você fica com raiva do papai às vezes, mas não precisa desejar a morte dele por estar zangado.”

Doris Sanford é escritora e consultora. Trabalha no Serviço de Divisão de Crianças, onde crianças que sofreram abusos vivem com pais de criação. Ela fala sobre assuntos relacionados às crianças em toda parte do norte da América.

SANFORD, Doris. Criança Pergunta Cada Coisa… Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembleias de Deus, 2008.

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