Edição 05

Matérias Especiais

Mula-sem-cabeça

Grande animal que galopa pelos campos, soltando fogo e chispas pelas ventas e pela boca. Seu galope é pesado e barulhento, parecendo que suas patas são ferradas. Não se sabe de onde vem nem para onde vai e sua corrida desenfreada, com altos relinchos, assusta e assombra a todos. Às vezes, soluça como gente.

Segundo a tradição, é a maldição que recai sobre a concubina de um sacerdote.

Para evitar este encantamento, deverá o amásio amaldiçoar a companheira sete vezes antes de celebrar a missa. Conta-se que uma delas, naturalmente em forma humana, teve a petulância de assistir a uma missa e a hóstia sumiu das mãos do celebrante.

Também se diz que se o padre esquecer o juramento da castidade costumam aparecer, no lugar do pecador, como “cavalos sem cabeça”.

Mais tradicional no Sul, provavelmente devido aos largos pastoris, não é esta lenda, como muitas outras, de origem brasileira. São conhecidas versões européias, desde a Idade Média, e em outros países, como México e Argentina.

Os estudiosos dizem que a origem da lenda está ligada ao uso das mulas como meio preferencial de transporte pelos religiosos.

Coisa inexplicável é como uma mula sem cabeça pode relinchar, soltar fogo pelas ventas e ter, como única forma de quebrar seu encantamento, desde que haja coragem, o ato de lhe tirar o freio quando, então, aparecerá despida, chorando arrependida…

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