Edição 75

Mensagem Profética

Mulher!

Josefa Iranete Justino Rocha
Maria Iêda Justino da Rocha

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Chamam-na Maria, como tantas outras mais; a sua luta vem de longe…
Somos Maria, somos Penha, Saúde ou Margarida,
somos Amarílis e outras rosas sofridas,
sofremos a violência dentro do nosso próprio lar.
Ela nos rouba a paz, nos tira o sossego,
mas não consegue desfazer nossa luta ou intimidar nossa voz…
Mesmo nos silêncios diversos, somos muitas a povoar o universo…

Maria segue cantando os seus ais… Uma história reprimida por origens desiguais.
Ela é a voz da favela, que grita pedindo atenção;
ela é a voz da inocência, roubada em troca de um pão.
A marca feminina não a deixa recuar; mesmo sem melodia, Maria segue a cantar.
O seu sangue então explode na labuta dos dias; vítima do descaso do olhar de quem não a viu.
A sua dor confronta-se com o ideário social do ser mulher.

Quem dera, Maria, que os gêneros e as etnias… Que as classes fossem iguais!
As bactérias lhe infectam, além do que se vê… Os seus olhos choram as disparidades sociais.
Mas a sociedade naturaliza e, pela morte materna, não chora mais…

Passaram-se os anos, e a hipertensão a domina. São resquícios de uma vida que a custo é cumprida. Agora, ela deita com o peito apertado. Os seus olhos enegrecem a noite estrelar.
E, num ímpeto de dor, Maria parte daqui… Com os seus sonhos a chorar.

As suas marcas, porém, ficam impressas na sociedade (que é a vida).
Ainda que equidistantes dos direitos humanos…
E, a cada dia, nos tornamos mulher, na força da nossa luta, na firmeza dos nossos passos…
Superando as desigualdades, gritando os nossos direitos para a cidadania fazer valer e o sonho de uma nova nação em toda Maria acontecer!

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