Edição 45

Mensagem Final

Nós e o espelho

Silvia Schmidt

espelho

Diz a lenda que alguém muito desanimado, um dia, entrou numa igreja e falou com Deus: “Senhor, aqui estou só. Porque, nas igrejas, não há espelhos. Nunca me senti satisfeito com a minha aparência”.

Então, subitamente uma folha de papel caiu aos seus pés, vinda do alto do templo. Atônito, ele a apanhou e viu a seguinte mensagem:

A feiura é invenção dos homens, e não minha.
Não importa se os braços são longos ou curtos. Sua função é o desempenho do trabalho honesto.
Não importa se as mãos são delicadas ou grosseiras. Sua função é dar e receber o bem.
Não importa a aparência dos pés. Sua função é tomar o rumo do amor e da humanidade.
Não importa se a cabeça tem ou não cabelo. Importam, sim, os pensamentos que passam por ela.
Não importa a cor dos olhos. O que importa é que eles vejam o valor da vida.
Não importa se a boca é graciosa ou sem atrativo. O que importa são as palavras que saem dela.
Ainda atônito, o homem foi saindo da igreja e, na porta de vidro, viu o seu reflexo. Ali estava escrito: “Veja com bons olhos seu reflexo neste vidro e lembre-se de que, em tudo o que existe escrito sobre Mim, não há uma única linha dizendo que sou bonito”.

Fonte: SCHMIDT, Silvia. Nós e o espelho. In: MIRANDA, Simão de. Quem sou eu? Identidade e autoestima da criança e do adolescente. Campinas: Papirus, 2006.

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