Edição 27
Espaço pedagógico
O LIVRO DIDÁTICO EM QUESTÃO: UM OLHAR CRÍTICO DA ESCOLA, DA FAMÍLIA E DOS PROFISSIONAIS
Gostaria muito de trocar idéias com os senhores sobre um problema que, com certeza, está afetando a educação dos brasileiros. A questão é: usar ou não usar o livro didático? Vou explicar melhor:
Sou professora do Ensino Fundamental menor e, no período normal de aula deste ano, passei por algumas dificuldades em sala de aula com o livro didático. Na minha opinião, esse tema deve ser publicado para chamar a atenção dos pais que proíbem os filhos de usar o livro didático do aluno corretamente, para que este, no final do ano letivo, possa ser vendido. Vejam só como é a mentalidade de alguns pais! Compram um livro caríssimo, contudo não permitem que os seus filhos realizem as atividades propostas, como desenhos e pinturas. Os alunos têm resistência, dizendo que não podem riscar, desenhar, pintar, porque o pai vai vendê-lo no final do ano. Outro tema bastante discutido na escola é o mau uso em sala de aula do livro didático do professor pelos alunos e o conseqüente desinteresse em buscar responder conscientes de que realmente aprenderam os conteúdos. Daí o fracasso escolar acontece.
O que estou buscando com esses temas é uma forma de conscientização desses pais e alunos, com o objetivo maior de mostrar-lhes, através de uma publicação, o quanto eles perdem com essas atitudes, pois a minha proposta é que compreendam a atual realidade, a fim de que saibam conquistar melhores qualidades no ensino e que o livro didático continue sendo uma ferramenta importante e usado corretamente pelos alunos, pois auxilia o educando nesse processo de ensino–aprendizagem.
Pensando assim, em um dos colégios em que trabalho, foi realizada a nossa VIII Jornada Escola-Família, com o tema gerador: O livro didático em questão: um olhar crítico da escola, da família e dos profissionais. Os objetivos desse encontro foram: envolver representantes da família e profissionais da escola num amplo debate e debater estratégias de acompanhamento do emprego do livro didático por alunos e professores da escola, no sentido de contribuir para o emprego positivo desse material didático.
Como havia falado, nossa escola está buscando alternativas para mudar essa prática negativa dos alunos e das famílias. Agora, eu, como educadora, senti a necessidade de ampliar essa questão para que a sociedade em geral se conscientize de que só através do conhecimento é que podemos ser cidadãos críticos. Pretendo, ainda, mostrar a minha colaboração para mudar essas atitudes, ampliando meu apelo através de um desenho.
Pensando nessa questão, criei um desenho representando um ponto importante: Eu e o Outro, a importância do saber ouvir. Pois ouvir os outros tornou-se uma questão de difíceis obstáculos. O desenho representa três crianças escalando uma corda, como se escalassem uma montanha, praticando alpinismo, para chegar ao ponto culminante e serem ouvidas. Este é um dos pontos que faltam em muitos educadores e nas famílias: saber ouvir o outro. Mais um ponto representado no desenho é a questão da valorização apenas do bem material, busca constante dos mais favorecidos sem cessar. Percebe-se que, no brinco, há uma pedra de esmeraldas bastante valiosa. Fiz uma ligação entre esses quatro pontos.
São elos que estão próximos e, ao mesmo tempo, distantes. A sociedade busca, hoje, apenas padrões que só valorizam quem tem condições financeiras. Na minha opinião, deveriam ser distribuídos iguais os direitos e os deveres para todos.
Fonte: Este artigo foi enviado pela professora Lucimar do Nascimento Gomes. E-mail: lucimar.n@bol.com.br