Edição 87

Profissionalismo

O Sucesso do Ensino-aprendizagem: uma Ação Compartilhada

Andréa Freitas Costa

O sucesso de uma escola é medido pelo desempenho de seus alunos. Se os alunos, cada um no seu ritmo, conseguem aprender continuamente, sem retrocessos, a escola é sábia e respeitosa. Ela está cumprindo seu papel de torná-los pessoas autônomas, capazes de aprender pela vida toda. Se os alunos estão sabendo ouvir, discordar, discutir, defender seus valores, respeitar a opinião alheia e chegar a um consenso, ela pode se orgulhar de estar formando cidadãos. Se ela conseguir oferecer uma educação de boa qualidade a todos os seus alunos, independentemente de sua origem social, de sua etnia, de seu credo ou de sua aparência, certamente é uma escola de sucesso.
Esse sucesso é uma construção. Depende da participação de toda a equipe escolar. Mudar a postura e compreender que o sujeito exerce um papel ativo na apropriação e construção de seu próprio saber modificam muito a maneira de ensinar. O bom ensino é, portanto, o que intensifica o aparecimento de novas formas de pensar, sentir, perceber o real, permitindo o acesso a novos níveis de aprendizagem, selecionando, assimilando, interpretando e generalizando informações acerca de seu meio físico e social.

Atualmente, espera-se que o professor seja o mediador entre os alunos e o conhecimento, facilitando a aprendizagem. Seu papel é o de orientar e guiar as atividades dos alunos, levando-os a aprender, progressivamente, os conteúdos escolares, compreendendo seu significado e sua importância. Como o professor é uma figura central na vida dos alunos, sua atitude pode deixar marcas profundas na maneira como eles se veem ou se avaliam.

É óbvio que, se o professor não estiver entusiasmado e comprometido com o ensino, esses requisitos não enriquecerão em nada. Segundo Davis (2002, p. 88), a organização da escola é indispensável para promover o desenvolvimento e a aprendizagem dos alunos de forma comprometida.

De que forma os professores podem fazer isso?

Alguns requisitos centrais:
a) A sala de aula deve ser organizada, permitindo que se trabalhe com concentração.
b) Os professores devem ser pacientes e competentes para lidar com os erros dos alunos.
c) A aprendizagem deve ser desafiante, mas possível de ser alcançada.
d) As atividades precisam ser interessantes, valer a pena.

A presença da liderança de coordenação é fundamental na vida de uma equipe. A liderança é algo que abarca, inclusive, características pessoais, já presentes na identidade e subjetividade do coordenador antes mesmo de ele assumir essa função. Entende-se que identidade e subjetividade apresentam a possibilidade de movimento, transformando-se e recriando-se. Pode-se afirmar que a liderança do coordenador é também algo que se constrói com a experiência, aliando-se o desejo de liderar à reflexão sobre o modo de ser coordenador.

É interessante que haja alguém que tenha uma visão global da situação e que saiba aonde se quer chegar, incentivando o grupo a pensar para executar o que foi previsto; que aponte a direção do trabalho, apoiando o grupo durante sua execução e levando cada um a superar suas dificuldades. É tarefa do líder propor atividades instigantes, provocadoras e viáveis para transmitir confiança e inspirar uma perspectiva de sucesso. Afinal a principal razão de ser da escola é a aprendizagem de todos os alunos.

Normalmente, o coordenador pedagógico de uma escola se defronta com uma série de situações conflitantes e imprevisíveis que demandam atenção e o impedem de seguir um planejamento definido. Se ele se envolve somente na realização dos projetos comemorativos, consequentemente não poderá ajudar o professor com relação ao ensino- -aprendizagem.
O cotidiano escolar deve se organizar em função da aprendizagem do aluno, que se concretiza em diferentes práticas educativas decorrentes da proposta curricular da escola.

De acordo com Solé (2001, p. 17), na intervenção pedagógica da coordenação é possível identificar as seguintes orientações para desenvolver um contexto de trabalho colaborativo:

a) Compartilhar o significado que a tarefa tem para todos.
b) Estabelecer consenso sobre as formas de trabalho.
c) Estabelecer acordo sobre as responsabilidades, as disponibilidades e os compromissos individuais e grupais.
d) Desenvolver um processo permanente de negociação dos significados da prática educativa.

Trata-se de um trabalho compartilhado pela equipe escolar, uma construção coletiva. Afinal, todos são responsáveis pelos frutos de suas ações.

Andréa Freitas Costa é coordenadora pedagógica na Escola de 1º grau Arco-íris em Juazeiro – Bahia. Tem 17 anos de experiência na área de Educação atuando como: alfabetizadora, coordenadora pedagógica, assessora pedagógica e professora de Educação Infantil e Ensino Fundamental I. É licenciada em Pedagogia e pós-graduada em Gestão de Pessoas.
Contato: deapedagoga1@hotmail.com

Referências

JORNADA INTERNACIONAL DE EDUCAÇÃO DA BAHIA, 7. Salvador: FTS-SP, 2007.

RAMALHO, Laurinda; PLACCO, Vera Maria Nigro de Souza (org.). O Coordenador Pedagógico e o Espaço de Mudança. São Paulo: Loyola, 2001.

_________. O Coordenador Pedagógico e a Formação Docente. 4. ed. São Paulo: Loyola, 2003.

_________. O Coordenador Pedagógico e o Cotidiano da Escola. 2. ed. São Paulo: Loyola, 2004.

VASCONCELLOS, Celso dos Santos. Coordenação do Trabalho Pedagógico: do Projeto Político-pedagógico ao Cotidiano da sala de aula. 5. ed. São Paulo: Libertad, 2004.

VIEIRA, S.L. (org.) Gestão da Escola: Desafios a Enfrentar. Rio de Janeiro: DD&A, 2002.

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. — Brasília: MEC/SEF. 3v.: il., 1998.

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