Edição 69

Como mãe, como educadora, como cidadã

Os dois lados

Zeneide Silva

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A juventude é um período complicado, mas também maravilhoso.

Moro na terra do frevo, tudo aqui é festa. Em um dos sábados antes da festa do Carnaval, fui ao Parque da Jaqueira passear com meu pai, o “Sr. Reginaldo Francisco da Silva, de 81 anos”, como ele sempre fala. Chegando ao parque, dirigi-me para junto de um senhor, amigo de papai, que vende brinquedos plásticos para os frequentadores do local. Ele nos ofereceu cadeira, e ficamos conversando. De repente, fico parada observando três moças na faixa de 15 a 16 anos tomando vodca, já bem alegres. Elas bebiam com rapidez, na ânsia de ficar logo “prontas” para brincar. O senhor havia me informado que elas já estavam na segunda garrafa. Estavam esperando o início do Carnaval, que aconteceria nas ruas próximas ao parque. A poucos metros de onde estávamos, vi um grupo de 25 jovens cantando, batendo palmas, sorrindo e de bem com a vida, uma alegria que vinha do coração, e não aquela que era fruto de bebidas.

Fui me aproximando e, ao chegar, recebi um folheto com mensagem religiosa. Afastei-me um pouco e pude observar em uma mesma posição os dois grupos, cada um de um lado.

Estavam ali os dois lados da juventude, um apresentando uma vida de bebedeira, de drogas, de prostituição, que tem destruído muitos sonhos da juventude. O outro apresentava a verdadeira característica da juventude, que é a de transformar, de fazer revolução, de apresentar novas opiniões e, em especial, de se mobilizar em torno de uma causa. Esses jovens que estavam louvando ao Senhor com certeza têm sede de um país mais justo, querem o fim da corrupção, têm sede de um meio ambiente mais bem cuidado, anseiam a defesa da vida e buscam para encontrar um espaço para poder transformar o mundo, ainda que isso seja muito difícil.

Enquanto observava os dois grupos, refleti, como mãe, sobre o descaso de algumas famílias, que perderam o controle sobre seus filhos, deixando-os livres para viverem uma vida sem compromisso com sua saúde, seu corpo.

E, do outro lado, o grupo que, diante das coisas do mundo, estava em uma situação completamente diferente. Provavelmente existia uma família por trás, muitas vezes até confusa, mas que luta por seu filho.

Pedi, naquele momento, ao Senhor que libertasse os jovens das bebidas e das drogas e que eles tivessem uma família mais presente e principalmente que tivessem um encontro pessoal com Ele.

Como educadora, vejo a Educação como a bandeira central da juventude, mas infelizmente a Educação no nosso país ainda não corresponde às necessidades da juventude e muito menos às necessidades do Brasil. A juventude, nesse contexto, sofre bastante. Acredito que não tem como conquistar direitos se não for a partir do desenvolvimento do País.

E, como cidadã, reconheço a urgência da intervenção do Estado como fator fundamental, pois ele pode contribuir tanto para o extermínio da juventude como para fazer com que, de fato, ela tenha direitos e consiga canalizar bem todo esse potencial produtivo e criativo, que é próprio do jovem.

Educadores, aproveitem a Campanha da Fraternidade e criem momentos de reflexão em sua sala de aula. Façam a grande diferença na vida de nossa juventude.

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