Edição 15

Projeto Didático

Poesia é invenção, emoção, encantamento…

Aqui, dá-se ênfase ao objeto da poesia que transita dos sentimentos aos elementos mítico e transcendental.

Personagem:
— A poesia passeia pelo mágico, pelo mistério…

Música: Sapo Cururu (cantiga popular)

O cavalo do rio
Elias José

Há um Cavalo Encantado
que galopa, que cavalga
nas águas do Velho Chico.
Vem de longe,
vem de Minas
ou de volta da Bahia,
vem mais veloz do que raio.

De longe, de muito longe,
já ouvimos o seu relincho
e o ploct-ploct nas águas,
de longe, de muito longe,
já ouvimos suas patadas
nas barracas do Velho Chico.

Pescador, para acalmar
a fera em fúria, o cavalo
do rio muito encantado,
deve procurar um carranqueiro
e, de madeira, mandar fazer
a carranca do Encantado.

Com a carranca do Encantado
na proa da embarcação,
seguirá calma a viagem.
Será boa a pescaria,
será fácil ir e voltar
de Minas para a Bahia.

Quando se acalma, o Encantado
galopa livre, leve e solto,
galopa como o sussurro
das calmas águas do rio.

Saudade
Fernando Pessoa

Saudades, só portugueses
Conseguem senti-las bem.
Porque têm essa palavra
Para dizer que as têm.

Os sonhos do saci
Elias José

Saci-pererê
saracoteia na mata.
Saci-pererê
só assusta, na mata.

Saci sirigaita,
solitário e sabichão.
Saci agarra a gaita
e toca uma canção.

Saci, lá no sítio,
apronta um sururu.
Saci, em seu sonho,
dança o cururu.

Saci, em seu sonho,
é mais serelepe.
Saci, em sonho,
é bem risonho,
é bem mais moleque.

Saci, lá na selva,
salta e samba só.
Saci, lá na relva,
sonha que dá dó.

Com quem sonha o Saci?
Saci, com quem será?

— Eu sonho com duas pernas,
saltando de lá pra cá…

cubos