Edição 112

Projeto Didático

Projetos e modelagens que dinamizam o ensino da Matemática

4 - Adriano Ferreira d_optINTRODUÇÃO

Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1999, p. 111), “O conhecimento matemático é necessário em uma grande variedade de situações, como apoio a outras áreas do conhecimento, sendo também instrumento para lidar com situações cotidianas, ou como forma de desenvolver habilidades de pensamento”.

A compreensão da Matemática deve ser como um fragmento do conhecimento humano, indispensável à formação de todos os jovens, propiciando a construção de uma visão de mundo para ler e interpretar a realidade e para desenvolver capacidades que deles serão exigidas ao longo da vida social e profissional. Aprender Matemática de uma forma contextualizada, integrada e relacionada a outros conhecimentos traz em si o desenvolvimento de competências e habilidades que são fundamentalmente formadoras, à medida que familiarizam o aluno, capacitando-o para compreender e interpretar situações, apropriar-se de linguagens específicas, argumentar, analisar e avaliar, tirar conclusões próprias, tomar decisões, generalizar, entre outras ações necessárias à sua formação
(MENEGHETTI, REDLING, 2012).

Um formato de trabalho contemporâneo na sala de aula é a modelagem matemática, visto que o processo de ensino deixa de ser centrado no professor ou nos livros didáticos. Nessa perspectiva, a modelagem se torna um recurso potencializador para o ensino e para a aprendizagem da Matemática, pois os estudantes têm a possibilidade de entrar em contato com os conteúdos a partir de fenômenos naturais, muitas vezes a partir de discussões ou temas de seu interesse, levantados por eles mesmos (COSTA, 2015).

Os projetos e as modelagens auxiliam práticas de aplicação de conceitos matemáticos facilitando a visualização e permitindo a interação dos discentes com o funcionamento de sistemas básicos. Os Parâmetros Curriculares Nacionais têm apontado a importância e as vantagens de se introduzir, no trabalho pedagógico do professor, um ensino voltado para o desenvolvimento e a implementação de projetos, que estão inseridos no contexto de estruturação do ensino de tecnologias em Ciências Exatas no Colégio Nova Visão na cidade de Sapeaçu (BA). Tal experiência foi desenvolvida junto a discentes do Ensino Fundamental, anos finais.

O objetivo do trabalho é demonstrar metodologias de ensino e construção de projetos e modelagens que facilitam o processo de ensino-aprendizagem das Ciências Exatas.

MATERIAIS E MÉTODOS

Foram realizadas discussões em sala de aula para a escolha dos temas a serem trabalhados. Sendo escolhidos: garra hidráulica, foguete de garrafa PET, ponte de palito de picolé, placa solar de LED, motor de 4 cilindros de palito de picolé e motor Stirling. Mediante isso, fizeram-se necessários estudos bibliográficos em conjunto com os conteúdos apresentados em sala. Para implementação de tais projetos, foram utilizados materiais de baixo custo, como: tubos de PVC, acessórios de tubulação, palitos de picolé, garrafas PET, cola branca, abraçadeiras, seringas, mangueiras de 10 mm de diâmetro, papelão, chapas de metal recicladas, latas de energético, decarbonizante de motores, desodorante em spray, raios de bicicleta, conectores de fio, 1 joelho de PVC, 5 luvas de PVC, balões de festa, CDs, lã de aço, arruelas e cola de silicone.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Para a construção dos protótipos, foram utilizadas as metodologias ativas: rotação por estações e sala invertida, sendo possível o maior envolvimento e protagonismo dos estudantes, proporcionando uma tempestade de ideias com propostas mais eficientes. Por meio da pedagogia de construção de projetos, percebeu-se que há a possibilidade de uma prática diferenciada, através de aulas práticas atraentes e prazerosas. As etapas para a execução dos trabalhos foram: iniciação, planejamento, execução, controle e monitoramento, permitindo o envolvimento dos discentes na busca de informações para resoluções com o uso das Ciências Exatas. Foram também discutidos e estudados temas como: geometria, álgebra, raciocínio lógico, análise descritiva e quantitativa, unidades de medidas de comprimento, área e volume, ângulos, trigonometria e áreas de figuras planas, conceitos de física, mecânica clássica, Leis de Newton e cálculo estrutural, Lei de Ohm e apresentação dos elementos de um circuito. Os discentes puderam conhecer os elementos de um circuito elétrico, como: resistores, indutores, fios, chaves de contato, LEDs e equipamentos para medir grandezas elétricas.

Ao final das produções, todos os protótipos funcionaram de forma adequada para a visualização e a interação dos discentes. A execução do projeto propiciou aplicações claras dos conteúdos abordados em sala e oportunizou a vivência prática em situações de modelagem e projetos de sistemas mecânicos e elétricos.

As imagens 1, 2, 3, 4, 5 e 6 mostram os protótipos desenvolvidos em sala.

 06_opt 07_opt 08_opt 8 - Adriano Ferreira d_opt 09_opt 11--Adriano-Ferreira-_opt

CONCLUSÕES

 

A partir da interação entre a tecnologia e a educação, ficou evidenciado, com a aplicação dos projetos, um ganho na capacidade de buscar soluções e resolver problemas, de forma lógica e racional, a partir de situações que exigem ajustes dimensionais finos e um avanço na criatividade e na proatividade dos discentes. As metodologias ativas de ensino permitem o protagonismo discente, possibilitando o entendimento da teoria em conjunto com a prática.

Foi possível propor e analisar atividades no ensino-aprendizagem da Matemática, permitindo elucidar a presença dessa ciência no cotidiano dos alunos. Dessa forma, foi perceptível a melhora significativa na concentração, o aumento da autoconfiança e o interesse em aprender mais. Foram identificados vários perfis de liderança na sala de aula. Os projetos também tiveram como resultado o amadurecimento profissional e pessoal e a melhora na capacidade de trabalhar em grupo, evoluindo a relação interpessoal. Todos os projetos foram apresentados às comunidades interna e externa na Feira de Ciências do colégio.

Adriano Ferreira é engenheiro mecânico, bacharel em Ciências Exatas e Tecnológicas, inspetor de qualidade e técnico em Tecnologia da Informação.

www.linkedin.com/in/adriano-ferreira-94b897139

(75) 98816-3615

Referências

AUSUBEL, D. P. Aquisição e retenção de conhecimentos: uma perspectiva cognitiva. Lisboa: Plátano, 2003.

BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Matemática. Brasília: MEC/SEF, 1998.

BORGNAKKE, C.; SONNTAG, R. E. Fundamentos da Termodinâmica.
7. ed. [SI] Edgard Blucher, 2009 (Série Van Wyllen).

COLL, C. Aprendizagem escolar e construção do conhecimento.

Porto Alegre: Artes Médicas, 1995. 3. v.

COSTA, F. A. Ensino da matemática por meio da modelagem matemática. São Paulo: PUC, 2015.

DARLINGTON, R. Stirlinghotairengines Singapore: NBS Publications, 2005.

DELVAL, J. Aprender na vida e aprender na escola. Porto Alegre: Artmed, 2001.

FARAGO, J. L. Do ensino da história da Matemática à sua contextualização para uma aprendizagem significativa. 2003. 67 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção).

MENEGHETTI, Renata Cristina Geromel; REDLING, Julyette Priscila. Tarefas alternativas para o ensino e a aprendizagem de funções: análise de uma intervenção no Ensino Médio. Bolema, Rio Claro, v. 26, n. 42a, p. 193-230, Abr. 2012. Available from. Acesso em: 20 Nov. 2019. http://dx.doi.org/10.1590/S0103-636X2012000100010.

SILVA, R. P. Projeto motor Stirling. Relatório. São Paulo:
Unicamp, 2009.

SILVA, J. A. S. Desenvolvimento de um motor Stirling. Monografia.Cruz das Almas: Cetec/UFRB, 2011.

Imagens: Sapunkele / Shutterstock.com

cubos