Edição 100 Anos de Paulo Freire
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Renascimento e imortalidade Paulo Freire presente
Targelia de Souza Albuerque
Este texto poético nasceu do diálogo com educadores e educadoras que compartilham conosco do Projeto Paulo Freire na Escola, através dos textos publicados na revista Construir Notícias ou em lives mensais, durante o ano de 2021, em celebração
ao centenário de Paulo Freire.
Fazemos festa, vibramos de alegria, fortalecemos o coletivo pedagógico de nossa escola, enquanto trabalhamos com paixão, amorosidade, lucidez e criticidade em defesa de uma educação substantivamente democrática, como parte do bom combate em prol
de um Brasil digno, fraterno e justo.
Gratidão a todas, todes e todos pela inspiração.
Natal, nascimento.
Paulo Freire presente.
Como presente, se ele já se foi?
A partida, o luto, a saudade.
Em maio de 1997,
muita gente chorou
a morte de Paulo Freire.
Tristeza imensa.
Despedida.
O cidadão do mundo,
andarilho da esperança,
partiu.
Seu pensamento, sua pedagogia,
seu legado pela emancipação social
ficaram.
Renasceram em vários corações,
desburocratizaram mentes,
fecundaram afetos,
amorosidade,
aprendizagens.
Paulo Freire renasceu e se
imortalizou.
“Eu gostaria de ser lembrado como um sujeito que amou profundamente o mundo e as pessoas, os bichos, as árvores, as águas, a vida.”
Paulo Freire musicalizou a vida
com ousadia e coragem.
Paulo Freire,
com a amorosidade da sua vida,
antes da despedida, tocou
muitos corações:
o batuque, a vibração lembrava
a canção da reinvenção.
Nada de mesmice ou de saudosismos:
me reinventem.
Nada de saudades vazias.
Meu desejo:
práxis transformadora,
emancipadora,
libertadora.
Não quero choros
nem tristeza paralisadora.
Quero alegria,
vigor,
energia,
bom combate.
Quero o coletivo
que sonha,
ousa,
arrisca,
vibra,
atua,
congrega.
Nenhum povo,
nação,
país, estado, cidade,
família,
ser humano,
pode ser feliz na opressão,
na escravidão,
na discriminação,
no ódio, na desqualificação.
Me reinventem,
mas sem transgredirem as minhas palavras,
os princípios, as aprendizagens
que todo nosso trabalho gerou.
Reafirmo:
“Todas, todos, todes” seres humanos
jamais terão paz enquanto
a fome persistir,
os direitos forem transgredidos,
a dignidade for agredida
e a ética for transgredida.”
Me reinventem,
mas jamais percam os princípios
que movem a luta,
que nos fazem esperançar.
Pela solidariedade, justiça e paz,
Paulo Freire presente.
Paulo Freire renascendo
em cada educador e educadora,
com os educandos e as educandas.
Paulo Freire presente,
renascimento coletivo,
substantividade democrática,
justiça e paz.
Paulo Freire Patrono da Educação Brasileira,
cidadão do Mundo,
andarilho da esperança.
Paulo Freire – 100 natais.
Imortalidade.
Paulo Freire,
PRESENÇA, PRESENTE.
Targelia de Souza Albuquerque (Centro Paulo Freire – UFPE, Cátedra Paulo Freire) é professora aposentada da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e da Faculdade de Ciências Humanas de Olinda (Facho).