Edição 22

Livro da vez

Trabalhando a Consciência Ecológica

Riederer, na obra Animais da nossa terra, reúne informações da fauna e flora brasileira, relacionando as características da diversidade ambiental brasileira com a vida dos animais mais conhecidos, seus comportamentos e suas peculiaridades. O livro é uma ferramenta valiosíssima para a prática em sala de aula, no estudo do meio ambiente, para o conhecimento dos ecossistemas brasileiros, como estratégia de sensibilização para a formação de consciência ecológica a partir das crianças e como desenvolvimento de projetos e ações que visem à preservação das riquezas de nossa terra.

Do Manguezal ao Pantanal, ilustrada por Carlos Meira com precisão e beleza, se estrutura de forma que estimula a leitura tanto do leitor iniciante quanto do pesquisador. Para cada ecossistema, a autora teve o cuidado de caracterizar seu ambiente, seguido de informações sobre sua dinâmica ambiental, relacionando-os com os animais, seus comportamentos, suas curiosidades e peculiaridades. Como demonstração, ilustramos com o exemplo sobre o manguezal, abaixo descrito:

O Manguezal – é um ambiente muito diferente de todos os outros, pois é formado pelo encontro da terra, do mar e de rios vagarosos, sempre em terrenos planos. As árvores são retorcidas e têm raízes que saem do tronco para fora da terra e vão até o chão: são as chamadas raízes-escoras ou aéreas. O solo é de argila e está sempre úmido, parecendo um lodo.

Como particularidade, o manguezal apresenta, em sua dinâmica ambiental, o fenômeno da mistura da água salgada do mar com a água doce do rio, formando uma lama cinzenta. Isso ocorre na maré cheia, quando o mar invade o manguezal, deixando, quando a maré está baixa, um odor parecido com o cheiro de ovo podre, causando a falsa impressão de que o ambiente é sujo. No Brasil, podemos localizar os manguezais no Norte, no Amapá, até a Região Sul, Santa Catarina. Fazem parte desse hábitat:

Caranguejo-do-mangue – considerado o maior caranguejo que habita o mangue; a fêmea carrega os ovos presos na barriga por mais ou menos 30 dias. Fica escondida em sua toca para proteger seus bebês até eles nascerem (aproximadamente 400 mil larvas minúsculas). Alimentam-se de fungos, cultivados por eles nas folhas do mangue. Têm vida isolada, mas, quando em noites de lua cheia, deixam a toca para namorar.

Garça-branca-grande – coberta por penas brancas, de bico amarelo, suas características marcantes são as pernas longas e o pescoço em forma de “S”. Quando adulta, chega a medir 1,10 m de altura. As mamães garças fazem seus ninhais nas árvores à beira d’água, colocando de 2 a 3 ovos, chocados por 25 dias. Para se alimentar, ficam paradas dentro d’água, pescando peixes pequenos. Pode viver isolada ou em grandes grupos.

Sacaruna – é uma ave típica das regiões alagadas (como o mangue e o banhado). Sua característica mais forte é seu andar engraçado, e chega a medir 40 cm de altura. A fêmea usa, como estratégia, a construção de seu ninho em vegetação fechada, na margem do rio, para proteger melhor seus futuros bebês. Sua alimentação é diversificada, à base de capim, sementes, peixinhos, crustáceos, insetos e larvas de insetos. Vive em grupos pequenos e passa o dia escondida, silenciosamente. Quando do alvorecer e no final da tarde, revela-se com seu canto, que indica chuva.

Jacaré-de-papo-amarelo – classificado como réptil, tem um couro grosso que cobre todo o seu corpo. Suas principais características são: ficar exposto ao sol para se aquecer e andar se arrastando. Seu ninho é construído próximo à água, no meio das plantas. A mamãe jacaré protege seus ovos (20 a 40) cobrindo-os com folhas secas e areia. Ela não choca, mas vigia de perto seus filhotes, que, ao nascerem, partem direto para a água. Alimenta-se de peixe, mas também ataca animais mais velhos e fracos. Suas fezes servem de alimento para os peixes e outros seres aquáticos. Esse tipo de jacaré é muito encontrado nas bacias dos rios São Francisco, Doce, Paraíba e Paraná. Também habita os manguezais do Rio Grande do Norte, de Santa Catarina e o Pantanal Mato-grossense.

Lontra – apresenta como característica marcante, além de passar grande parte da vida dentro da água, sua habilidosa forma de alimentação: ela deixa o alimento sobre a barriga e vai comendo enquanto bóia na água. De corpo alongado, mede até 1 m de comprimento e chega a pesar de 5 a 14 kg. Tem pêlo amarronzado, curto, e fica com brilho especial quando molhado. Procria através de gestação de nove semanas; reservada na toca, dá cria a até três filhotes, que mamam até os quatro meses e, com um ano de idade, vão viver distante da mamãe lontra. Alimenta-se de peixe, que pesca com a ajuda de seus bigodes e focinho, caranguejos, camarões, rãs e pequenas aves. Seu hábitat é identificado na Amazônia, no Cerrado, na Mata Atlântica, no Pantanal e nos Campos do Sul.
is também habitam o manguezal, como mão-pelada, martim-pescador, talha-mar, camarões, caranguejos, garças, ostras e peixes.
A obra segue a mesma estrutura, respeitando a diversidade, acima apresentada, nos demais ecossistemas brasileiros estudados, como:

Restinga, praia e costão – baratinha-da-praia, maria-farinha, cuíca, gaivota, coruja-buraqueira e outros animais.

Ambiente marinho – estrela-do-mar, atum, lagosta, anêmona, baleia-franca e outros.

Mata de araucária – gambá-de-orelha-preta, cutia, gralha-azul, papagaio-charão, rã-de-vidro e outros.

Campos – raposa-do-campo, quero-quero, perereca, tatu-peba, suçuarana e outros.

Mata Atlântica – mico-leão-dourado, inhambu-guaçu, tangará, onça-pintada, tucano-do-bico-verde e outros.

Caatinga – teiú, jabuti-pitanga, maracanã, preá, veado-catingueiro e outros.

Floresta Amazônica – surucucu, macaco-de-cheiro, gavião-real, boto-cor-de-rosa, tartaruga-gigante e outros.

Cerrado – tamanduá-bandeira, arara-canindé, urutu-cruzeiro, lobo-guará, ema e outros.

Pantanal – cervo-do-pantanal, tuiuiú, sucuri, arara-azul-grande, capivara e outros.

Avaliada pelo Ibama, pela Bióloga Marlise Becher, e pela UFSC, pela Doutora Andréa Santarosa Freire, a obra recebeu elogios e foi indicada para realização de trabalhos na educação infantil e outros segmentos, para leitura e desenvolvimento de projetos que favoreçam a formação de uma consciência de amor pela natureza. Nessa perspectiva, tomamos a liberdade de sugerir algumas atividades, que poderão ser aprofundadas e ajustadas à realidade de cada segmento e comunidade escolar.

RIEDERER, Marcia. Animais da nossa terra. Florianópolis: Cuca Fresca, 2003.
Cuca Fresca: Rua Haroldo Soares Glavan, 5913 – Florianópolis – SC – 88050-000. Fone (48) 222 9966.
www.editoracucafresca.com.br

cubos