Edição 32

Matérias Especiais

E o sonho não findou…

sonho

Corre sangue cabano
Por entre as páginas da História
E conta da tua fé na pátria amada,
Liberada das garras estranhas.
Resististe em Belém, Cametá,
Alenquer, Óbidos e Gurupá;
Eucupiranga, Alter-de-chão e Santarém
Foram teus últimos redutos,
Os derradeiros,
Quando prostraste ferido
De morte
Pela incompreensão de irmãos
Que não reconheceram
O sonho cabano
De ser livre como as garças na várzea,
Como as plumas da samaumeira,
Soltas ao vento norte de verão;
Tão livre como o pólen
Semeando o verde da esperança
Na imensidão das matas do Pará;

Tão livre como o vento morno do Rio Amazonas,
Que adoça os lábios dos amantes;
Tão livre como o gentil guerreiro
Que preferiu morrer a ser escravo;
Livre como o sonho cabano
Que ainda não findou.
Corre sangue cabano
Por entre as páginas da História,
Sangue de Angelim,
Sangue derramado no Brigue
Palhaço,
Sangue de gente humilde,
Descalça, de peito nu,
Onde pulsava o coração caboclo
Que sonhava por liberdade de
Viver, amar e morrer
Como as aves dos céus,
Como os bichos do mato,
Como as águas dos grotões
Da sua amada Amazônia.

Fonte: Revista Amazon View – Edição 58 – p. 04.

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