Edição 50

Matérias Especiais

Gestão inteligente é uma gestão emocionante

Luiz Carlos Moreno

img27

Recentemente, trabalhando com professores e gestores, fui questionado: “Qual
é o interesse de um profissional da Educação em Filosofia?”. É evidente que a
resposta precisa ser elaborada. Mas, em linhas gerais, penso que no atual contexto
das organizações humanas — a organização educacional é uma delas —, a
verdadeira tarefa é pensar. E isso é um desafio numa sociedade que não valoriza
muito o intelectual. Entretanto, minha diretriz abrange o pensar, o decidir e o
agir, nessa ordem.

Assim, vou elencar algumas assertivas que contemplam e embasam esse modo
de vida e de trabalho.

Dez coisas que você deve fazer para gerenciar pessoas com sucesso

1. Conhece-te a ti mesmo

O autoconhecimento ajuda-o a tirar vantagens de suas forças
e a compensar as suas fraquezas. Seja a mesma pessoa
dentro e fora da organização. Deixe claro para todos quais
são os seus valores pessoais. Os valores de uma organização
refletem os valores dos seus líderes.

2. Estimular é preciso

Como a motivação é sempre um processo interno, para
obter o comprometimento emocional das pessoas e a realização
dos objetivos do negócio, o gestor precisa saber
estimulá-las. Faça tudo o que for possível para recompensar
as pessoas pelos resultados que elas alcançam. Valorize os
profissionais e mostre que confia em suas habilidades. É claro
que o reconhecimento funciona.

3. Não seja “fominha”

Saber delegar tarefas é uma das condições básicas para o sucesso
de um gestor. Para isso, é importante que você tenha
certeza de que está colocando as pessoas certas nos lugares
certos. Não se esqueça de acompanhar o andamento do
trabalho e de dar feedback às pessoas para que elas saibam
como estão se saindo em suas tarefas.

4. Aprenda com seus erros

Não espere ser um líder sem falhas. Isso não existe. Exercite a
humildade. Aprenda com seus próprios erros. Respeite os pontos
de vista de outras pessoas. Lembre-se: o comportamento
do líder passa a ser o comportamento da organização.

5. Dê retorno

Evite as críticas e os julgamentos. Faça perguntas diretas e
incentive a equipe a buscar respostas e a descobrir soluções
para os problemas. E não se esqueça de elogiar as pessoas
quando elas fizerem algo positivo. Assim, elas perceberão

que você não vê só os erros, mas valoriza o que fazem de
bom também.

6. Eduque

Faça reuniões periódicas para discutir temas ligados aos crescimentos
organizacional e pessoal. Contrate palestrantes,
indique livros. Faça dinâmicas de grupo para que as pessoas
também possam exercitar e ampliar o autoconhecimento.

7. Um por todos

Não caia na cilada de incentivar a competição a qualquer
preço. Mostre que a única comparação válida é aquela que
a pessoa faz em relação a si mesma. Adote, na sua organização,
a cultura de que ninguém é melhor ou pior do que
ninguém. Cada pessoa tem uma contribuição a dar para o
desenvolvimento do trabalho.

8. Comunique-se

A comunicação numa organização humana precisa ser clara.
Use palavras simples e peça ao interlocutor que diga o que
entendeu do que você disse. Isso diminui os riscos de os ruídos
de comunicação afetarem a transmissão da mensagem.

9. Não seja um carrasco

Explique o que tem de ser feito, sem tirania. Obtenha cooperação
por meio do entendimento e da participação da equipe. Fundamente
suas decisões e não tenha medo de admitir que mudou
de ideia. As pessoas o respeitarão pelo que você é no dia a dia.

10. Sem estrelismo

Se você tem a sorte de contar com um time em que existem
pessoas mais qualificadas que você, aproveite! Mas não supervalorize
as estrelas. Faça com que elas trabalhem pela
equipe, e não por elas mesmas.

Em mais alguns pontos, dissertamos sobre o que é e como é, na
prática, uma gestão inteligente e emocionante, isto é, aquela que
equilibra proporcionalmente a competência técnica (intelecto)
e a competência emocional (relacionamento interpessoal):

1. Os gestores participam do trabalho.
2. Os gestores compartilham a responsabilidade pelos objetivos
e métodos de trabalho escolhidos de comum acordo.
3. Os gestores trabalham em equipe, com reuniões frequentes,
onde todos podem manifestar seu ponto de vista, suas
ideias e suas sugestões.
4. Os gestores oferecem a todos uma descrição clara dos
cargos e das funções estabelecidas.
5. Os gestores reconhecem e elogiam, quando possível, e oferecem
oportunidades de crescimento e/ou aperfeiçoamento.
6. Os gestores criam um ambiente de aprendizado estimulando
debates sobre o progresso, os problemas e os planos
de trabalho.
7. Os gestores são realistas, assim como suas decisões e seus
planos, de acordo com as necessidades, as prioridades e os
recursos disponíveis.
8. Os gestores evidenciam que existe consciência de responsabilidade
e possíveis problemas pessoais.
9. Os gestores estão abertos a opiniões. Durante as reuniões
de trabalho, procuram, sempre que possível, chegar a um consenso ou então aceitar as diferenças de opinião.
10. Os gestores gerenciam conflitos. No caso de um, são ouvidas
ativamente todas as opiniões em separado antes de se
partir para a resolução do problema.
11. Os gestores são discretos e evitam críticas em público,
mesmo quando justificadas.
12. Os gestores pensam e agem em função de todos, evitam o
favorecimento de algumas pessoas em prejuízo de outras.
13. Os gestores praticam a distribuição justa das tarefas
combinadas de comum acordo segundo disponibilidade,
competência e interesse.
14. Os gestores esclarecem que os objetivos do trabalho são
cuidadosamente planejados em conjunto e são mensuráveis
e claramente avaliados.
15. Os gestores orientam e instruem, são claros, adequados,
viáveis e práticos.
16. Os gestores aproveitam as oportunidades para compartilhar
e aprender novos conhecimentos.
17. Os gestores dão oportunidades às pessoas para um encontro
regular, o que evita a sensação de isolamento, aumenta
a visibilidade e incentiva o aprendizado.
18. Os gestores viabilizam e disponibilizam recursos auxiliares
de ensino-aprendizagem (manuais, CDs, boletins, cursos,
seminários, palestras, oficinas, folhetos, normas, vídeos,
relatórios técnicos).
19. Os gestores reconhecem que também aprendem com as
pessoas que estão gerenciando.

Então, de volta à Filosofia… Existe uma sabedoria profunda
à disposição, já pensada e praticada. Podemos resgatá-la
sem que seja preciso reinventar a roda; adequá-la à nossa
realidade e aplicá-la às nossas organizações.

Luiz Carlos Moreno é pedagogo, especialista em Administração da
Educação, em Didática do Ensino Superior e em Gestão Estratégica
e Qualidade. Contato: lcmoreno@uol.com.br

Fonte: Revista Gestão Educacional. Ano 4. n. 35.
Curitiba: Humana Editorial, maio 2008.

cubos