Edição 48

Reunião de Pais e Mestres

Os pais como professores

adultos-2

Como pai, você é chamado a desempenhar vários papéis na vida de seu filho. Um dos mais importantes é o de criar um ambiente estimulante e cheio de amor para ele. Outro é encorajar seu filho a ter uma boa autoimagem, embora saibamos que nenhum fator isolado seja absolutamente essencial para o desenvolvimento.

As melhores atitudes para isso são: aceitação incondicional, preocupação, compaixão, respeito, manutenção de um relacionamento digno e partilhado, encorajamento da liberdade e da independência dentro de limites claramente definidos.

Hoje em dia, já sabemos que uma criança começa a absorver informações desde o momento em que nasce, e é dos pais que os filhos obtêm a maior parte dessas informações. Os pais, portanto, tornam-se totalmente responsáveis pela primeira fase do aprendizado dos filhos, e seu papel como educadores é de suma importância.

Estímulos para o aprendizado

Um pai é responsável por estimular a imaginação dos filhos, devendo ensinar-lhes a disciplina e a disponibilidade para ajudar o próximo, entre outras coisas. É, portanto, importante que os pais utilizem técnicas que os auxiliem nesse extenso trabalho.

• Estabeleça objetivos adequados.

Cuidado para não estabelecer objetivos mal definidos ou que constantemente ultrapassem as habilidades de seu filho. Nunca persiga a perfeição, pois isso produz frustração tanto em seu filho como em você. Os pais acabam às voltas com uma criança infeliz e desanimada, que simplesmente não consegue progredir e se desenvolver bem. Nunca entre na armadilha de esperar demais antes da hora, mas esteja consciente de pequenas realizações e sucessos que seu filho obtém a cada dia.

Tente não se deter nas deficiências; ao contrário, concentre-se em perceber e elogiar cada progresso ou ato positivo.

O excesso e a indulgência são igualmente prejudiciais à criança. As intenções são boas, mas mimar e superproteger seu filho pode torná-lo dependente, fazer com que ele se sinta impotente e, possivelmente, induzi-lo a assumir o papel de vítima — algo que tornará difícil a lida com a vida.

• Sempre participe.

Uma das atribuições de ser professor de seu filho é que você precisa fazer coisas. Na verdade, muito mais coisas do que gostaria. Seu filho aprende através do exemplo e da imitação até a idade de 8 anos, e uma das melhores maneiras de mostrar a ele um bom exemplo é levantar-se da cadeira e fazer algo em frente a ele ou com ele.

Isso significa que você não deve se limitar a dar ordens ou instruções para seu filho. Por exemplo, em vez de corrigir dizendo: “Não coma com a mão”, apanhe sua colher e mostre você mesmo os movimentos, enquanto diz: “Comemos com colher”. Em vez de dizer: “Vá arrumar seus brinquedos”, você precisa levar seu filho pela mão, ajoelhar-se e inventar uma brincadeira enquanto guarda os brinquedos com ele, dizendo, por exemplo: “Agora é hora de colocar os brinquedos para dormir”.

Se essas ações forem combinadas com um mínimo de fantasia e bom humor, piadas ou jogo, será um grande avanço no sentido de conseguir que a criança faça o que você deseja, como guardar os brinquedos.

Você pode entrar nos jogos de seu filho, em vez de interrompê- lo. Se a criança estiver brincando de trenzinho, sugira que o trem precisa parar na estação, em vez de começar a arrumar as cadeiras sem dizer nada. Não é difícil pedir ao “motorista do caminhão” (seu filho) que guarde o veículo na garagem ou ao “caubói” que leve o cavalo para o estábulo.

• Repita, repita, repita.

Com todas as crianças — mas especialmente com as mais jovens —, é cansativo, mas necessário repetir ou fazer a mesma coisa diversas vezes. Por exemplo: para uma criança que não se senta calmamente enquanto lancha, entender que não devemos balançar as pernas nem chutar a cadeira enquanto comemos poderá levar meses e meses, até que seu corpo, assim como sua mente, entenda a mensagem.

adultos-3

Dê exemplos positivos.

Lembre-se: sempre que possível, exprima as coisas de maneira positiva. Diga: “Olhe que cachorrinho bonito; vamos passar a mão na cabeça dele?” e mostre como se faz. Depois, tome a mão da criança e guie o movimento. Evite gritar: “Não mexa com o bichinho!”. Sentenças que começam com “não” comunicam desprazer desde que você começa a falar. Um cérebro infantil, entretanto, nem sempre processa cada palavra, e, portanto, sua mensagem pode ser entendida como “… mexa… bichinho!” — o oposto da intenção desejada.

Só em idade escolar é que seu filho aprende a responder a instruções expressas apenas por palavras, desacompanhadas de ações. Assim, sempre que possível, aja junto com as palavras e dê a seu filho uma imagem para as ações. Pode-se dramatizar e exagerar. No lugar de dizer: “Não bata a porta ao entrar!”, vá até a porta quando escutar seu filho, cumprimente-o e diga: “Vamos fechar a porta com cuidado”, enquanto escuta todos os movimentos da mão sobre a maçaneta.

• Faça seu filho lembrar-se das instruções.

Seu filho dificilmente se lembrará do comportamento correto — mesmo que você já o tenha demonstrado — até que a memória dele esteja madura. O aprendizado é adquirido através da maturação gradual e da repetição das ações, o que permite que os hábitos se formem na criança.

Antes que seu filho complete 5 anos, quando a memória dele estará suficientemente consolidada logo depois de poucas repetições, você não deve esperar que ele comece a lembrar-se do que deve ou não fazer.

• Não interrompa seu filho.

Muitas crianças têm dificuldades de manter a concentração por longos períodos, e é difícil compensar isso. Elas simplesmente não conseguem se concentrar tão bem quanto um adulto. Uma das melhores coisas a fazer para ajudar seu filho a manter a atenção é não interrompê-lo quando ele está absorto em alguma coisa; espere para intervir quando a atenção se desviar, sem se esquecer de elogiá-lo por fazer um bom trabalho.

• Dê atenção ao seu filho.

Dar atenção a uma criança pequena pode ser um conselho óbvio. Saiba que ela é sensível a isso e percebe se você está prestando atenção ou não. Uma criança só sente que está sendo ouvida se você fizer contato visual e parar o que estiver fazendo para ouvir, e isso você precisa fazer. Se proceder assim desde os primeiros estágios da infância, seu filho vai saber que tem voz e que é respeitado como indivíduo.

• Saiba quando proibir.

Embora você possa dar exemplo a seu filho e afirmar as coisas de modo positivo, em determinados momentos é preciso dizer “não”. Ele deverá entender que, quando você diz “não”, o que quer que ele esteja fazendo é proibido. Lembro-me de três situações em que é necessário dizer “não”:

Quando o filho estiver a ponto de fazer algo que pode machucá-lo; por exemplo, esticar a mão para pegar uma panela no fogão cheia de líquido quente.

Quando a ação do filho puder causar dano a outros; por exemplo, ficar fazendo barulho perto de um bebê adormecido.

Quando a ação do filho resultar em prejuízo real; por exemplo, passar os lápis de cera na parede da sala de estar.

É desnecessário tornar seu “não” um confronto direto ou um choque entre vontades. A melhor forma possível de fazer isso é distrair-lhe a atenção com alguma coisa que o interesse. Existem, porém, situações diferentes. Por exemplo: brincar fora num dia frio. Nesse caso, você simplesmente veste um agasalho na criança, sendo a única alternativa.

Sempre vale a pena fazer uma pausa antes de dizer “não”, para certificar-se de que você sabe exatamente quais são as intenções dele e que a sua resposta esteja correta. Manter uma disciplina simples e coerente é importante para que seu filho entenda o que você quer, perceba que você fala sério e que sua palavra será seguida da ação esperada.

Quanto a disciplinar uma criança, é impossível conseguir que ela faça tudo certo, porque ela não tem o poder intelectual de distinguir entre o certo e o errado. Igualmente, a vontade dela é muito forte. Compreenda que seu filho não faz coisas para você e não pode mudar de comportamento só porque você deseja, portanto não faz sentido insistir.

Até os 3 anos, a vontade muda de um instinto para uma necessidade, depois para um desejo e, finalmente, para um motivo. Por volta de 2 anos e meio, já entra um elemento emocional. Nessa idade, porém, não adianta explicar os motivos de certas ações, porque seu filho ainda não se conscientizou de que precisa de motivos para fazer algo.

A criança de 3 anos é incapaz de agir com reflexão. Se você pedir-lhe para tentar compreender os próprios motivos, a criança se mostrará incapaz disso, o que não deveria ser uma surpresa para o pai ou para a mãe. A racionalidade vem muito depois — em alguns casos, só na adolescência.

Educando filhos prestativos

Crianças de pouca idade, mesmo com menos de 2 anos, manifestam um comportamento prestativo, generoso e bondoso em relação à mamãe e às demais pessoas. É verdade que algumas mostram mais bondade e altruísmo do que outras. A maioria de nós gostaria que nossos filhos se comportassem assim, portanto aqui vão algumas dicas para encorajar esse tipo de criança.

• Crie um clima familiar amoroso.

Pais que acreditam em amar, incentivar e apoiar seus filhos têm crianças mais prestativas e compreensivas, que se preocupam mais com os outros. Isso provavelmente reflete o sentimento de segurança com os pais. Sem dúvida, também reflete o fato de que a criança modela seu comportamento pelo dos familiares. É mais fácil seu filho ajudar alguém se estiver de bom humor e descontraído; portanto, vale a pena mantê-lo assim.

• Estabeleça as regras e explique os motivos.

A educação sem nenhuma disciplina é ruim para as crianças. Sabe-se que elas progridem e se desenvolvem melhor com um tratamento levemente autoritário.

Em sua grande maioria, as crianças gostam de seguir uma linha de conduta bem definida em relação às regras, e isso favorece sua autoestima. Elas tendem a reagir com mais bondade e solicitude quando os pais se preocupam em explicar as consequências de uma ação (“Se você bater no nenê, vai machucá-lo”) e, além disso, afirmam as regras com clareza e emoção: “Não se deve bater nas pessoas!”.

Várias pesquisas demonstram que, se o motivo para ser generoso é explicado, sobretudo quando envolve os sentimentos dos outros, a conduta prestativa fica estimulada. Todos os pais passam um bocado de tempo dizendo aos filhos o que não fazer, e é importante explicar por que eles não devem fazer alguma coisa — especialmente evidenciando as consequências para os outros. Mas também é importante ter e repetir regras positivas, por exemplo: “É sempre bom ser prestativo para com os idosos” ou “Muitas roupas que ficaram pequenas vão servir para os pobres”.

• Proponha tarefas úteis.

Deixar as crianças realizarem tarefas úteis em casa ou na escola — tais como cozinhar, regar as plantas, fabricar brinquedos para dar aos pobres ou ensinar os irmãos mais novos a dominar algum jogo, e uma infinidade de outras pequenas coisas — incentiva a solicitude na maior parte delas.

Certamente, nem todas as crianças fazem essas coisas espontaneamente, e é preciso pedir, encorajá-las e, algumas vezes, até mesmo forçá-las, embora essa coação precise ser suave, ou terá efeito exatamente contrário ao desejado.

Quando existe conflito entre o que você diz e o que faz, as crianças certamente irão imitar o que você faz. Portanto, não é suficiente ditar regras ou linhas de conduta com clareza se o seu discurso não condiz com a sua conduta. A forma mais significativa de disciplinar seus filhos é demonstrando comportamento generoso, ponderado e solícito.

Usando a disciplina de forma positiva

A disciplina é muito mais do que corrigir um comportamento indesejável. Também significa ajudar seu filho a desenvolver- se de uma forma mais sadia nos aspectos físico, mental e emocional. Só em idade escolar é que a criança se torna permeável a palavras e conceitos desacompanhados de exemplos concretos. Não adianta corrigir o mau comportamento e esperar que seu filho repita o que você acha ser a ação certa. Recorde que as ações precisam ser corrigidas no momento em que acontecem e não tenha esperança de que a criança vá se lembrar na próxima vez. Isso vai ajudar você a não perder a calma, para poder repetir o comportamento adequado várias e várias vezes. O que você deve manter é a firmeza aliada ao amor.

Muitas crianças reagem bem a alguma disciplina e bastante ritmo na vida caseira. Por ritmo, entendo as rotinas matinais e noturnas — hora do lanche, hora de brincar, hora de dormir, hora do banho. As crianças evoluem num ambiente com padrão de vida regular. Um ritmo logo se torna um hábito, e extremamente agradável. Seu ritmo de vida será aceito como padrão, e isso ajuda a eliminar muitas dificuldades, discussões e brigas sobre comer, tomar banho e ir para a cama. A maioria dos especialistas que trabalha com crianças afirma que elas precisam de algum tipo de estrutura no mundo exterior para continuarem a crescer saudáveis e possuírem bem-estar emocional.

Esse ambiente também encoraja o aprendizado, pois reserva um tempo para todas as atividades. Você pode ressaltar esse conceito com o comentário: “Agora é hora de brincar”, “Agora é a hora de comer”, “Agora é a hora do banho”, etc.

Use essas afirmações, e muitas outras que a experiência diária enseja, como uma boa oportunidade de ensinar seu filho de maneira sistemática.

• Hora das refeições.

Comer juntos é a atividade principal da maioria das famílias e uma das melhores formas de manter a família unida, ensinando ao filho como interagir com o grupo. Você deve ter cuidado, entretanto, para que a hora das refeições não se transforme num campo de batalha ou se torne caótica.

Uma determinada quantidade de rituais precisa ser observada, para evitar que se agarre algo e se coma apressado.

Fazer as refeições em horários regulares é útil para criar um certo ritmo na vida familiar. À medida que meus fi lhos foram crescendo e passaram a frequentar escolas diferentes, meu marido e eu tínhamos horários diferentes de trabalho. Contudo, ainda assim nos mantínhamos “próximos” por causa do café da manhã. Era a hora em que começávamos o dia juntos; para isso, tínhamos de nos levantar a tempo de acompanhar o filho que acordasse mais cedo. Nem um dia se passou sem que fizéssemos juntos a primeira refeição, e partilhá-la nos dava força e segurança.

Acredito que um comportamento apropriado deve ser exigido à hora do desjejum, para que essa refeição possa ser uma experiência calma e harmoniosa para toda a família. Crianças mais novas, em especial, precisam comer em paz, num ambiente calmo, sem interrupções de rádio e televisão ou reclamações do filho mais velho berrando que quer ir logo brincar.

Se seu filho se torna birrento ou faz manha, retire-o imediatamente, não para o quarto, o qual ele aprenderia a odiar, mas para uma sala onde haja brinquedos e bastante distração.

Procure não conduzir conversas exclusivamente “adultas” à hora das refeições; as crianças precisam ser aceitas como participantes. É preciso escolher bem os assuntos e a maneira de se expressar, de forma que a hora das refeições não seja apenas um momento para comer, mas para escutar, partilhar, colocar em dia os assuntos, contribuir e aprender como adaptar aos outros.

Muitas coisas que fazemos na vida possuem uma finalidade formal, portanto é bom ressaltar essa formalidade. Não se deve permitir que as crianças levantem sem dizer que terminaram e pedir licença. Mas, naturalmente, não se pode exigir que uma criança faça isso antes dos 4 ou 5 anos de idade. Fazer com que seu filho peça licença não é um costume fora de moda, porque também permite que todos saibam quem já acabou de comer.

• Horário de ir para a cama.

O horário de dormir não tem de ser especialmente rígido, mas exige certos procedimentos regulares, uma espécie de ritual do qual a criança se lembra e pelo qual espera, para terminar o dia feliz. Ela deve perceber, assim que começa o primeiro ritual, que esse é um momento agradável ao lado de mamãe e papai. Só essa expectativa já traz calma e serenidade à criança, e até mesmo lhe dá sono, enquanto espera você se sentar na cama para ler uma história ou entoar uma canção de ninar e depois se deitar ao lado dela a fim de que durma sentindo o seu calor. Vale a pena tornar a hora de dormir um momento agradável, dedicando algum tempo a isso, como, por exemplo, fazer a criança esquecer algum assunto que possa dificultar o sono. Por volta dos 6 anos, vem a fase em que seu filho irá para a cama por vontade própria, quando ficar cansado, sem precisar receber ordens para isso e sem ficar adiando ou discutindo.

Sempre acreditei que a forma como uma criança vai dormir é importante para refrescar-lhe a mente e o espírito, assim como o corpo. Sempre cuidei para que meu filho dormisse sem ser perturbado e, certamente, sem chorar. Costumo deixar passar pequenos desentendimentos na hora de dormir, fazendo-lhes apenas uma referência, para preservar a tranquilidade do sono. Sempre acreditei que os desentendimentos poderiam ser corrigidos mais tarde, se acontecessem de novo, quando meu filho estivesse se sentindo alerta e sem sono.

Com seus filhos menores, quase todo o tempo depois do jantar é dedicado à preparação da hora de dormir. Dar banho na criança, lavar-lhe as mãos e o rosto, escovar os dentes e colocar o pijama são oportunidades para brincadeiras relaxantes e para um contato íntimo entre você e seu filho. Nesse momento do dia, falar baixo e devagar, além de cantar suavemente, pode ajudar a induzir um clima propício ao sono. Utilizando luz suave, como lâmpadas noturnas apropriadas, depois falando baixo com seu filho, já pronto para a cama, você ajuda a criar um ambiente de paz e amor.

adultos-4

• Tarefas diárias.

É uma boa ideia dar a seu filho uma pequena tarefa todos os dias, desde a infância. Ao fazer isso, estará incutindo nele bons hábitos, em termos de responsabilidade, e criando respeito pelas pessoas e pelas coisas existentes na casa. Pode pedir a seu filho que faça tarefas simples, como regar plantas ou alimentar o peixinho do aquário. À medida que seu filho cresce, você pode passar atividades que ocorram no mesmo dia da semana: passear no parque na segunda-feira, nadar na terça, fazer compras na quarta, brincar com amigos na quinta, e assim por diante. Depois, claro, existem as datas especiais ao longo do ano e as festas: aniversários, Páscoa, Natal… As férias de verão também marcam uma época, porém você pode comemorar qualquer coisa que deseje. Pode festejar o começo de cada estação, o que fornece todo tipo de ideia para atividades, como desenhar as mudanças ocorridas nas árvores e plantas (com folhas e sem elas) ou a variação de cores a cada estação.

A família inteira achará emocionante marcar o começo de cada estação, o que constitui uma fonte de segurança. Também ajuda nossos filhos a aprender sobre o ritmo da natureza, a forma como o mundo funciona, o modo como vivem os animais, e tudo isso desperta na criança uma consciência ambiental e ecológica.

Comunicando-se com seu filho

De um modo ou de outro, a comunicação nunca deixa de existir entre o filho pequeno e os pais ou quem quer que conviva com ele. Falo aqui de comunicação verbal, questionando se e quando essa comunicação é positiva.

Acredito sinceramente que as crianças sempre devem ser autorizadas a falar, e não apenas sobre assuntos aceitáveis e neutros, mas também devem levantar a controvérsia e o debate. No meu entender, esse é um ingrediente essencial para desenvolver uma boa autoimagem e o senso de segurança, no sentido de que tudo o que a criança diga ou faça é importante. Isso cria a noção dos direitos da criança e mostra o limite do que é socialmente permissível.

Sempre procurei fazer com que meus filhos se sentissem livres para abordar qualquer assunto, não importando o quão proibido parecesse, trazendo para dentro do lar, para ser discutido com os pais, em vez de buscarem ajuda em outro lugar. Quando meu filho de 4 anos de idade me perguntou pela primeira vez se eu queria ouvir uma piada suja, tive um momento de hesitação e percebi que chegara a hora da verdade. Sorri e disse com toda a calma que adoraria ouvir a piada suja, que revelou ser de infantilidade repulsiva. Entretanto, senti que havia quebrado o gelo e estabelecido o padrão para que meus filhos fossem capazes de falar sobre qualquer assunto em casa, sem vê-lo recusado e sem serem criticados por causa disso.

À medida que seu filho cresce, ele vai questionar suas decisões, desafiar sua lógica. Não vai temer o fato de apresentar um ponto de vista oposto e chegará à vida adulta sem perder a calma. É fundamental que seu filho aprenda a lidar com todas essas coisas na segurança de um lar com amor, antes de realizar suas averiguações fora de casa.

Antes de qualquer professor, você precisa mostrar a seu filho o valor da capacidade de pensar por si mesmo. Porém, não recompense respostas certas nem castigue respostas erradas. Bons pais não se apressam a corrigir os erros do filho assim que são cometidos. Se você fizer isso, as habilidades de autoverificação e autocorreção não vão se desenvolver o bastante, e ele também não desenvolverá uma base significativa de autoconfiança.

Os adultos apreciam as regras sobre divergir educadamente, e elas devem aplicar-se a qualquer interação pais-criança. Usando-as, você vai ajudar seu filho a formar opiniões, reforçar a própria lógica e aprender a questionar as coisas de uma forma autêntica e confiante. Você pode permitir que seu filho apresente o assunto e depois discordar das opiniões dele, numa atmosfera cordial. Um bom pai sente orgulho do crescimento mental e da confiança manifestada pelo filho, e nunca se sente ameaçado por discórdias.

E se…

É bom ajudar a desenvolver uma atitude do tipo “e se…” no seu filho, ensinando-o a examinar mais de uma alternativa ao mesmo tempo. Portanto, quando seu filho sugerir impulsivamente uma ação não adequada, pare e pergunte o que aconteceria se ele fizesse aquilo; deixe-o chegar às próprias conclusões sobre os motivos que tornam essa ação inadequada. Dessa forma, ele irá aprender a medir as consequências de seus atos quando você ou outra pessoa não estiverem por perto para ajudar.

Todos esses procedimentos estimulam seu filho a pensar antes de agir e encorajam que sua autogratificação seja adiada por um período cada vez mais longo, o que ajuda o poder de julgamento e a maturidade social. É a capacidade de inibir desejos espontâneos que sinaliza o crescimento emocional.

cubos