Edição 97

Profissionalismo

6 perguntas que farão você melhorar sua prática em sala de aula

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1 Como ensinar a turma a estudar?

É parte do trabalho de desenvolvimento da autonomia dos estudantes auxiliá-los a desenvolver suas próprias estratégias para aprender. Uma boa sugestão é elaborar roteiros de estudo detalhados que sirvam de baliza para os momentos em que o aluno está sozinho. Alguns elementos básicos devem fazer parte: o tempo de duração, uma lista de tarefas básicas (como retomar um texto lido em sala e selecionar os principais pontos, pesquisar sobre um determinado ponto da matéria ou revisar o que já foi visto) e algum procedimento que permita a autorregulação da aprendizagem (por exemplo, responder a questões que orientem o estudo para as próximas discussões em aula e anotar dúvidas). Esses tópicos ajudam a organizar o tempo e dar mais sentido ao ato de estudar. O ideal é que o roteiro seja produzido coletivamente, dando aos alunos a oportunidade de refletir sobre quanto e o que estudar.

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2 O que fazer quando colegas de classe fazem perguntas sobre um aluno com deficiência?

É comum que a curiosidade leve as crianças a esse tipo de questionamento. O essencial é que a deficiência seja abordada pelo educador com naturalidade, sem lançar mão de disfarces ou estereótipos. O estudante com deficiência jamais deve ser tratado como herói ou coitado. Não devem ser usados termos que conotem, ainda que involuntariamente, inferioridade ou diferenciação, como “pessoas com necessidades especiais”, “deficiente” ou “excepcional”. Ele deve ser chamado pelo que ele é: aluno. Se o contexto exigir um termo mais específico, o correto é usar somente “aluno com deficiência” ou “pessoa com deficiência”. As indagações das crianças revelam oportunidades para falar abertamente sobre o tema e para que o próprio aluno diga o que sente e o que funciona melhor para ele em uma situação específica. Por exemplo, se um menino cego estiver prestes a fazer uma atividade em grupo que exija locomoção pela sala e alguém questionar a participação dele ele mesmo pode contar se precisa ou não de algum auxílio para participar, que pode ser a ajuda de um colega que o guie pelo braço. Outra dúvida que pode surgir, inclusive entre pais, é a respeito dos cuidados específicos que, às vezes, exigem mais atenção do docente. A queixa deve ser acolhida com atenção, mas esclareça que o tratamento não é um privilégio, mas parte do trabalho pedagógico, e tranquilize as famílias, explicando que toda a turma está avançando junto.

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3 O que falar aos pais de um aluno que parece estar muito defasado em relação à turma?

Muitas vezes, a família está habituada a um modelo de Educação homogeneizador, no qual a expectativa é que todos aprendam da mesma forma e no mesmo tempo. Nesses casos, uma conversa individual pode acalmar os ânimos dos familiares. Vale explicar que cada estudante tem o próprio percurso de aprendizagem e que isso precisa ser respeitado. Também é importante mostrar que os pais podem contribuir, especialmente quando há, de fato, algum ponto de atenção. No entanto, não se deve apontar culpados ou exigir um auxílio que a família não pode dar — pais não são pedagogos e sentem dificuldades em saber como ensinar. No caso de um aluno que não apresenta o rendimento esperado até quando comparado a si mesmo, não espere o final do bimestre. Aconselhar a família sobre como ajudar o filho nos problemas — sem fazer a tarefa de casa pela criança —, reforçando a leitura dos dados mais importantes do enunciado, é um exemplo de orientação simples e que pode ser realizada pelos pais em casa, sem maiores problemas, geralmente.

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4 Como planejar aulas que contemplem os diferentes estágios de cada aluno?

Duas estratégias básicas podem ajudar, mesmo em salas numerosas. A primeira é prever, na hora de elaborar as atividades, os pontos que podem ser flexibilizados, sem que o objetivo principal da tarefa seja prejudicado. Em se tratando de resolução de problemas, por exemplo, com um mesmo enunciado, o professor pode calibrar o desafio para cada aluno alterando a grandeza dos números envolvidos — às vezes, esse pode ser um fator determinante para alunos que ainda precisam avançar terem êxito na tarefa e aprender. A segunda estratégia é o agrupamento produtivo. Com ele, os alunos podem trabalhar juntos e, ao mesmo tempo, de forma mais independente do professor. Ele, por sua vez, consegue explorar atividades específicas para a necessidade de cada grupo. Os critérios para formar grupos variam, mas, em geral, é melhor considerar níveis semelhantes. Em alguns casos, colocar alunos muito avançados em relação a outros pode causar um efeito ruim: em vez de ajudar, o mais avançado acaba fazendo a tarefa sozinho. Também funciona bem misturar habilidades distintas, valorizando as habilidades de cada um.

5 Como reagir à discriminação na escola?

Esse é um ponto sensível, muito frequente em turmas de adolecentes. E não é só o aluno com deficiência que sofre com a discriminação. Estudantes muito baixos, muito altos, magros demais, obesos, negros, homossexuais… Em resumo, todos, dependendo do ponto de vista de quem discrimina, podem ser alvo, pois as diferenças em relação a um padrão médio geram segregação. Seja qual for a situação, a criação de espaços de diálogo é essencial para reagir. Porém, se o caso envolver alunos com deficiência, atenção. Quando educadores fazem mediação de conflitos para resolver a discriminação contra um aluno obeso, por exemplo, geralmente abrem espaço para que ele se expresse e se defenda. No entanto, quando a parte ofendida é uma pessoa com deficiência, os docentes tendem a tomar as dores, não permitindo que ela fale por si. É um comportamento certamente bem–intencionado, mas parte do pressuposto equivocado de que o aluno não tem condições de responder por conta própria e de que é mais frágil que os colegas. Por isso, permitir que todos tenham voz fortalece a autonomia e reforça a noção de igualdade, fundamental para derrotar o preconceito.

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6 Como ajudar crianças e jovens com deficiência a se enturmar?

O primeiro passo tem de ser dado pelos educadores, que não devem segregar esses alunos, elaborando atividades separadas para eles. Além disso, é recomendável propiciar meios para que os estudantes com deficiência participem da rotina com toda a turma. Para isso, é fundamental considerar que todos os momentos da aula devem ser planejados de maneira que todos, com ou sem deficiência, possam usufruir de forma ativa, expondo o que pensam ou desenvolvendo as atividades. Uma vez removidas as barreiras que separam o estudante com deficiência e o conteúdo, a tendência é que os colegas se aproximem e acolham o colega com facilidade. Em alguns casos, a inserção pode exigir adaptações maiores, como no caso da Educação Física, em que a prática de alguns esportes ou atividades podem exigir mais adaptações de equipamentos e regras.

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