Edição 88

Como mãe, como educadora, como cidadã

A exemplo de Maria

Zeneide Silva

23_como_maeO mês de maio, como de costume, é dedicado às mães, às noivas e a Maria, mãe do Salvador.

Minha mãe sempre nos ensinou a amar Maria e a seguir o seu exemplo. Lembro-me de quando vestíamos uma roupa um pouco “escandalosa”, ela nos recriminava logo, dizendo: “Olhai como veste a mãe do Senhor”. Tenho isso gravado em meu coração. Maria, mãe, mulher, guerreira, que sentiu as dores do parto, dores de ver seu filho suspenso numa cruz, além de muitas outras dores.

A presença de Maria em nossa casa era muito especial: cantos marianos cantados por mamãe, orações, terços, tudo era muito apaixonante. Acho que tinha uns 8 anos quando, diante desse universo, pensei em ser a mãe de Jesus, meu Salvador. Inocência de criança! Acho graça quando lembro… Resolvi, então, passar um dia todo sentada, quietinha. Foi muito difícil, pois era moleca de rua, empinava pipa, jogava bola de gude, arrumava as grades de bebida com papai na mercearia, carregava água da cacimba para encher a jarra e o barril para tomar banho, andava de bicicleta, gostava de depenar as galinhas para vender.

Quando recordo minha infância, me coloco a rir. Esse sempre foi meu segredo de infância. Minhas irmãs Eliane e Rejane e mamãe nunca souberam.

Com o tempo, percebi que nunca poderia ser a mãe do Salvador e que Maria foi escolhida por ser especial aos olhos de Deus, mas entendi que poderia tê-la como exemplo.

Já adulta, conheci o texto Via crucis do corpo, de Clarice Lispector. No conto, marcado pela fantasia, uma mulher, Maria das Dores, casada e virgem, fica grávida e imagina que será mãe de um novo Messias. A criança nasce em um estábulo e recebe o nome de Emanuel. Essa Maria se sentia uma mãe do Salvador e seguia o exemplo de Maria. Não fui a única a sonhar.

Lembro-me da passagem bíblica que relata o dia em que Jesus se perdeu de seus pais e que Maria e José se uniram em busca do seu filho, sem culparem um ao outro; juntos, buscavam o seu menino.

E vi, ao longo de minha vida, que existem muitas Marias em nossa sociedade. Quantas Marias choram por perderem seus filhos para o mundo das drogas, os vícios, a prostituição? E muitas não têm José para apoiá-las na busca de seus filhos: pelo contrário, ainda são tratadas como sendo culpadas por tal situação.

Muitos casais de hoje jogam logo a culpa um no outro, de modo que uma simples reclamação da escola é motivo de agressão em casa, não há diálogo. Eles ainda não seguem o exemplo de Maria.

Em outra situação, quando Jesus já era homem, ele foi a uma festa de casamento e faltou vinho; então Maria pediu a ele que resolvesse o problema. Mesmo achando que não era a sua hora, Jesus obedeceu.

Vivemos em sociedade de filhos desobedientes e pais sem autoridade (não autoritarismo). Por falta dessa autoridade, famílias estão sendo destruídas, filhos marginalizados, escolas perdidas e professores reféns de seus alunos.

Não conhecemos o exemplo de Maria.

Enfim, teria muito o que falar de Maria, comparando com nossa sociedade, mas tenho que terminar aqui. Sou agradecida à minha mãe, Zélia, que me ajudou a ser o que sou hoje, mãe, mulher e guerreira, com um desejo enorme de seguir o exemplo de Maria.

Lembro ainda, quando criança, ela cantando esta canção em forma de oração, que nos deixava muito felizes e transmitia uma paz imensa.

Ensina teu povo a rezar, Maria, Mãe de Jesus
Que um dia teu povo desperta e na certa vai ver a luz
Que um dia teu povo se anima e caminha com teu Jesus
 
Maria de Jesus Cristo, Maria de Deus, Maria mulher
Ensina teu povo o teu jeito de ser o que Deus quiser
Ensina teu povo o teu jeito de ser o que Deus quiser
 
Maria Senhora nossa, Maria do povo, povo de Deus
Ensina teu jeito perfeito de sempre escutar teu Deus
Ensina teu jeito perfeito de sempre escutar teu Deus
Obrigada e sua bênção, minha mãe.

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