Edição 60

Em discussão

A expressão oral em sala de aula

Ao fazer uso da linguagem oral, selecionando as palavras adequadas para cada tipo de discurso, as pessoas se comunicam, trocam opiniões, têm acesso às informações, protestam e fazem cultura. Mas, no dia a dia da escola, como acontece o exercício da comunicação oral?

O ato de falar é aprendido com as pessoas que nos cercam. E com elas também aprendemos os significados articulados pela linguagem. A criança, quando nasce, emite sons primeiramente sem sentido para depois aprender a significá-los para uma determinada comunidade linguística. Na aprendizagem da fala, ocorrida através da maturação biológica e da interação do ser humano com o outro, encontramos significados, valores, modos diferenciados de conhecer o mundo. Dessa forma, a fala mostra-se como uma construção humana e histórica, com objetivos comunicativos, geradora de significados compartilhados entre os membros de uma mesma sociedade.

O papel da comunicação oral

Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (1998), nº 67,

“Ensinar língua oral deve significar, para a escola, possibilitar acesso a usos da linguagem mais formalizados e convencionais, que exijam controle mais consciente e voluntário da enunciação, tendo em vista a importância que o domínio da palavra pública tem no exercício da cidadania”.

Partindo desse pressuposto, o professor, com o intuito de desenvolver a capacidade de expressão oral dos alunos, precisa estar consciente de que esse trabalho deve conter um processo de transformação crítico, criativo e reflexivo, de maneira a abandonar as noções equivocadas de que a língua é para ensinar a escrever certo, e, mais que tudo, descartar a postura opressora, alienada e alienante desse modelo de ensino.
Com a intenção de aprimorar a formação dos professores, nos últimos anos é possível perceber o aumento de pesquisas, congressos e encontros sobre a língua oral. Afinal, em uma sociedade em que a fala vem ganhando grande espaço, não é mais papel da escola apenas ensinar o aluno a ler e escrever. É necessário relacionar a língua às suas práticas sociais.

Dia a dia escolar

Na prática de sala de aula, é fácil perceber que muitos alunos têm dificuldade em se expressar quando estão na frente dos colegas em trabalhos que envolvem a exposição oral. Alguns não se concentram, outros demonstram nervosismo e esquecem o texto.

Sabendo que essas e outras dificuldades de expressão oral podem gerar consequências no processo de ensino e aprendizagem, os educadores precisam tomar uma nova atitude diante desse fato. Afinal, a exposição oral também será uma habilidade necessária não só durante os ensinos Fundamental e Médio, mas também no percurso da vida.

Propor atividades como seminários, debates, rodas de discussão, entrevistas e relatórios pode conduzir o aluno a um sentimento de conforto e tranquilidade em relação à exibição oral. Com a experiência constante, os alunos avançam em todas as etapas do trabalho: fazem pesquisas e descobrem o que pode ser usado nas apresentações orais, mostrando mais desenvoltura na hora de expor o assunto.

Nesse sentido, é necessário que se insiram, nos programas de Língua Portuguesa, informações relativas à linguagem oral, porque essa modalidade mantém muitos dos processos de constituição do idioma que não aparecem na língua escrita. Também uma reavaliação da língua falada em si pode contribuir para que o aluno compreenda o texto falado como resultado de um processo que implica reestruturações, revisões, hesitações e correções em diferentes níveis: lexical, ortográfico, sintático, morfológico, semântico e discursivo.

Edilson Alberto dos Santos é licenciado em Letras pela Faculdade de Ciências Educacionais (Face) e professor de Língua Portuguesa.
Endereço eletrônico:
edilsonalbert@hotmail.com.

Mundo Jovem – Um Jornal de Ideias. Ano 47, nº 398. Julho de 2009.

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