Edição 20

Projeto Didático

A HISTÓRIA DO XADREZ

O xadrez é um jogo muito antigo; não existem relatos históricos sobre sua origem, apenas indiretamente podemos determinar a época e o local onde esse jogo surgiu. Existem evidências de que o xadrez foi primeiramente inventado na China, em 204–203 a.C., por Han Xin, um líder militar, para dar às suas tropas algo o que fazer durante um acampamento de inverno. Também o Rei Arthur é cogitado como um dos possíveis inventores do jogo. Até mesmo a teoria de que foram os gregos, no cerco a Tróia, que o inventaram, possui defensores. No entanto, a origem na Índia é a mais aceita, com o nome de chaturanga, sem data determinada, sabendo-se apenas que foi muito tempo antes de Cristo.

O nome chaturanga — do sânscrito chatur, que significa quatro; e anga, que significa partes — refere-se às quatro divisões dos exércitos da Antiguidade — infantaria, cavalaria, carruagens e elefantes. O xadrez era então, claramente, um jogo de guerra. O uso da expressão sânscrita quatro partes também pode significar que, em sua forma original, o xadrez era jogado por quatro jogadores.

O chaturanga era jogado por quatro adversários, cada um com oito peças: um rajá, um elefante, um cavalo, um navio e quatro infantes. Eles correspondem, atualmente, ao rei, ao bispo, ao cavalo, à torre e aos peões, respectivamente. A partida era jogada com dados, e as peças valiam pontos quando capturadas: 5, 4, 3, 2, 1, na ordem acima citada. Depois os dados foram tirados, diminuiu-se a quantidade de jogadores para dois — que se posicionaram um defronte ao outro — e as peças unificadas.

A palavra xadrez, em português, veio das variantes axadrez, enxadrez e acendreche, que se originaram do sânscrito chaturanga, no século XVI. As palavras ajedrez (espanhol), shatranj (árabe) e chatrang (persa antigo) também tiveram sua origem nesse mesmo termo sânscrito. A palavra italiana scacchi, a francesa échecs e a inglesa chess vêm da palavra árabe-persa shah (rei), que forma a expressão shah mat (o rei está morto ou, como conhecemos hoje, xeque-mate). Em alemão, é Schachspiel (jogo de xadrez), tendo Schach a mesma origem da palavra em italiano, francês e inglês.

O jogo expandiu-se para a China, a Coréia, o Japão e a Rússia, atingindo depois a Escandinávia, a Alemanha e a Escócia.

É mencionado na literatura chinesa escrita por volta do ano 800. Só que a forma moderna que conhecemos hoje do chaturanga (xadrez) veio por outro itinerário. Segundo o poeta persa Firdusi, o jogo teria penetrado na Pérsia (hoje Irã) por volta de 531 a 579 a.C.

Da Pérsia, expandiu-se para o mundo islâmico — provavelmente entre 650 e 750 —, tendo seu nome alterado para chatrang e, depois, para shatranj, pelos árabes, que o tomaram dos persas, aproximadamente no ano 950 da era Cristã. Espalhou-se rápido pela Ásia, chegando à Europa durante as Cruzadas, cerca do séc. X e XI (Espanha, Itália, França, Escandinávia, Inglaterra). Nos séculos XV e XVI, foram fixadas as regras atuais do jogo.

A forma atual do xadrez internacional — também conhecida como xadrez ocidental ou xadrez ortodoxo, para distingui-lo do xiangqi (xadrez chinês), shogi (xadrez japonês) e outros jogos relacionados — permaneceu completamente inalterada nos últimos 400 anos. Jogos semelhantes ao xadrez existem há milhares de anos e estão representados, inclusive, em antigas tumbas egípcias. Mas até hoje não foi possível estabelecer uma ligação entre essas semelhanças e o jogo como o conhecemos.

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CURIOSIDADE
No século XIX, a ascensão das rainhas Isabel II (Espanha) e Victória (Inglaterra) deu força à rainha no xadrez. Hoje, a peça é movimentada quantas casas se quiser e é a mais ofensiva do jogo. Mas não ameaça a supremacia do rei.

Outra peça que ganhou poder foi o peão. Quando chega à última linha do lado do adversário, pode ser trocado por qualquer peça, exceto o rei. A jogada reflete o pensamento liberal dos séculos XVIII e XIX, segundo o qual qualquer pessoa podia subir na vida, embora jamais pudesse se tornar rei.

ESCOLA PRIMEIRO PASSO
Educação Infantil e Ensino Fundamental

Professora enxadrista: Zodjane Félix
Alunos participantes: Turma da 2ª à 6ª série (tarde)
Objetivo: Desenvolver a consciência ambiental, despertando para o papel de cidadão ambiental na nossa sociedade.
Tempo previsto: Duração de três meses, exposição na feira de conhecimentos.

O xadrez é um formidável suporte pedagógico, pois se relaciona com outras disciplinas, como História, Geografia, Matemática e Artes.

Na História, pode-se dar lições sobre a região que deu origem ao xadrez, bem como sobre a cultura desses povos e a entrada do jogo na Europa através dos árabes (como se deu essa passagem do jogo e que relação teve com os acontecimentos de aspectos sociais e políticos). Na Geografia, pode-se localizar as regiões onde o xadrez passou.

Já na Matemática, pode-se estudar, num primeiro momento, o tabuleiro e a movimentação das peças, inter-relacionando-o com a Geometria e suas dimensões (retas e ângulos), além de estudar a anotação cartesiana, na qual há linhas (de A a H) e colunas (de 1 a 8). Isso é representado no xadrez como anotação algébrica.

xadrez-01Nas Artes, deve-se fazer uso da pintura, da argila e de materiais recicláveis, explorando as formas das peças. Em relação aos aspectos sociológicos, temos que trabalhar a ética dos discentes, relacionando as regras do jogo com o respeito que se deve dar ao seu parceiro de partida. Isso é importante em relação aos campeonatos de xadrez. O professor tem que ter a responsabilidade de estudar, junto com os alunos, a importância do valor humano que há no xadrez.

Essa interdisciplinaridade é de muita importância para a aprendizagem e a formação do cidadão. Hoje é necessário muito mais do que o conhecimento das disciplinas: é preciso que o aluno saiba enfrentar situações do seu cotidiano, mobilizando o conhecimento para resolvê-las. A proposta do xadrez nas escolas é preparar o aluno para tomar decisões em determinadas situações que exijam o raciocínio rápido, buscando a formação integral do cidadão através de uma atividade lúdica.

A prática do xadrez desenvolve habilidades, entre as quais destacam-se: memória, concentração, planejamento, autocontrole e tomadas de decisões.

A sociedade atual exige do sujeito contemporâneo a articulação de conhecimentos no seu cotidiano. Usar como complemento à educação escolar uma atividade de enorme valor pedagógico, que ensina a tomar decisões e é, ao mesmo tempo, agente socializador, é prazeroso para nós, educadores: instrutores de xadrez.

Os alunos da Escola Primeiro Passo vêm se articulando com o objetivo de cada um fazer a sua parte em favor do meio ambiente. O projeto surgiu com a idéia de elaborar um xadrez gigante (ou humano) para a Escola, tendo como matéria-prima uma preciosidade: o lixo reciclável. O objetivo é desenvolver a consciência ambiental da comunidade escolar.

Esse é um subprojeto que faz parte do projeto Convivendo num mundo melhor, desenvolvido na Escola.

A articulação, a princípio, vem dos alunos da 2ª à 6ª série, com intuito de mobilizar toda a comunidade escolar, levando todos os alunos a refletirem sobre a questão ambiental, a começar do cotidiano do meio social primário e secundário (família e escola) dos nossos alunos.

A princípio, é necessário que os alunos conheçam os objetos de estudos: o xadrez e o meio ambiente. Serão utilizados filmes, documentários e consultas à Internet, para melhor conhecimento das atitudes que degradam a natureza e suas conseqüências. Isso é um começo para que os alunos desenvolvam uma consciência ambiental crítica.

De início, os alunos irão separar o lixo reciclável em suas casas para, em seguida, trazê-lo para a escola, onde há os depósitos de coleta seletiva.

Assim, os próprios alunos mudarão os seus hábitos em relação ao lixo e despertarão para o papel de cidadão ambiental, que hoje está esquecido.

Com alunos das 5ª e 6ª séries (que conhecem melhor a sua escola), dar ênfase na importância do adequado consumo da água e da luz, identificando as maneiras para se cuidar desses recursos, contribuindo para o desenvolvimento sustentável.

Com esse projeto, estamos contribuindo para que o corpo discente da escola desperte a consciência de preservar a natureza, assim como de utilizar formas alternativas de preservação ambiental, formando cidadãos para um mundo melhor.

zodjane-xadrezDados da autora:
Nome: Zodjane Félix do Nascimento
Formação: Bacharelado e Licenciatura em Ciências Sociais
Instituição: Universidade Federal Rural de Pernambuco
Professora de xadrez da Escola Primeiro Passo
Rua Professor Aurélio C. Cavalcante, 511 – Setúbal – Recife/PE
CEP: 51130-280

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