Edição 13

Ambiente-se

A Terra fez uma carta…

Fabiana Barboza

A matéria da seção Ambiente-se! desta edição nos faz refletir bastante. Deveríamos falar mais sobre direitos envolvendo o ambiente.

Nas pesquisas, percebemos que as nossas leis ambientais são ainda muito precárias, e acontecem casos esdrúxulos por causa disso. Um exemplo é o caso de um senhor que está preso por “crime inafiançável contra a natureza” porque estava tirando uma “lasca” do tronco de uma árvore ameaçada de extinção e, portanto, protegida por lei, para fazer chá para a sua esposa que estava doente, pois acreditava que tal chá aliviaria a sua dor. Entretanto, temos tantos e tantos biopiratas soltos por aí, inúmeros exploradores de madeira, causando verdadeiros desastres ecológicos, que nem sonham em ser julgados, que dirá presos. Até parece meio estranho, mas é isso mesmo que acontece.

Há alguns anos, mais precisamente em 14 de março de 2000, foi apresentada na sede da Unesco, em Paris, após oito anos de discussão, a Carta da Terra. Mas o que ela vem a ser? A Carta da Terra é um documento elaborado por mais de cem mil pessoas no mundo todo, desde esquimós a grandes cientistas das mais renomadas universidades, “passando” por índios, crianças, enfim, sua elaboração envolveu todos os segmentos da sociedade civil. Ela foi apresentada à ONU, visando ter o mesmo valor legal que a Declaração dos Direitos Humanos.

O grande paradoxo desse fato é o de precisarmos elaborar um documento que oriente a nossa própria atuação sobre a natureza, para vivermos no mundo, que é nossa casa. Você destruiria ou usaria mal sua própria casa? Obviamente, não estamos acusando todas as pessoas do planeta, mas fazendo uma observação àquelas que terminam prejudicando a si e a todas as outras pessoas, em nome de uma ganância desenfreada.

Uma das teorias mais aceitas no mundo é a da Evolução das Espécies. Ela enuncia que os animais se adaptam ao meio em que vivem, e nós, pobres e reles mortais, fazemos o caminho inverso: na nossa evolução, o homem tenta adaptar o ambiente a ele, atuando, muitas vezes, de forma violenta. Será por isso que ainda não conseguimos ter uma relação harmoniosa com a natureza?

Bom, o mais importante é que ainda existem pessoas comprometidas, como Leonardo Boff, Mercedes Sosa, Mikhail Gorbachev, Maurice Strong, Steven Rockfeller, entre tantos outros, que participaram da elaboração do documento e têm se preocupado com a Terra, casa de todos.

Portanto, já que estamos falando de direitos, nada melhor que estudar com seus alunos a Carta da Terra. E, para ajudar você, seguem algumas orientações de como realizar esse estudo em sala de aula.

Bom trabalho!!!

1. A primeira coisa a fazer é conversar com seus alunos sobre a existência desse documento. Depois, procure fazer o levantamento de hipóteses sobre os pontos que foram abordados.

2. Na página da Internet www.earthcharter.org/files/charter/charter_po.pdf, você poderá obter o texto integral da Carta da Terra.

3. Procure fazer uma dinâmica de leitura, de maneira que o estudo fique interessante. Uma alternativa é colocar cada um dos parágrafos em uma tira de papel e pedir que eles tentem reconstruir o texto. Dessa forma, você estará fazendo com que eles reflitam sobre o texto de maneira lúdica.

4. Após a leitura completa e reconstrução do texto, procure listar os mais variados casos que ferem as normas estabelecidas pela Carta da Terra. É necessário que os alunos compreendam a idéia de que uma regra poderá servir para mais de uma situação.

5. Pesquise, junto com seus alunos, diversas notícias, reportagens, denúncias, enfim, tudo o que vocês conseguirem relativo a cada parágrafo do documento. Essa atividade é importante para que eles identifiquem a aplicabilidade real do documento.

6. Depois da identificação, procure estudar e elaborar estratégias, possibilidades e alternativas para solucionar os problemas. Será preciso que os alunos pesquisem em diversos meios, tais como: revistas, jornais, enciclopédias, Internet, etc.

7. Procure avaliar cada uma das alternativas propostas, se o que foi proposto realmente é viável. Se vocês não tiverem condições de avaliar sozinhos, procurem pessoas que poderão avaliar as soluções propostas pelos alunos, visitando, telefonando ou enviando e-mails para professores, pesquisadores e cientistas de universidades, além de instituições que trabalham em função da preservação ambiental.

8. Com a avaliação dos trabalhos, sugira aos alunos reescreverem as alternativas propostas para enviá-las ao órgão governamental competente. Nessa hora, você poderá trabalhar a “denúncia” da agressão ao ambiente e, ainda, apresentar uma alternativa. Essa atividade desenvolve a sensibilidade cidadã, porque não adianta apenas apontar o problema. A vivência da cidadania consiste, essencialmente, em propor uma solução.

9. Proponha tentar entrar em contato com a ONU para saber do andamento do processo de validade legal da Carta da Terra.

10. Procure listar com seus alunos o que eles podem fazer para preservar a natureza. Vocês poderão propor atitudes simples: evitar o desperdício de água, poupar energia, diminuir o uso do carro por causa da poluição do ar, entre tantas outras coisas.

O importante é que você e seus alunos estarão contribuindo para um planeta cada vez melhor!

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