Edição 64

Entrevista

Como você vê a Educação no brasil?

Giane Bezerra

A Educação é um dos setores mais importantes para o desenvolvimento de uma nação. É através dela que se formam cidadãos críticos e conscientes de seu papel na sociedade. Quando pensamos em Educação, normalmente direcionamos a responsabilidade, os malfeitos, o descaso, a falta de…, apenas para o Governo e não paramos para refletir e analisar que nós também somos corresponsáveis para com a Educação, e, portanto, cabe a nós também reivindicar, cobrar, lutar, trabalhar e nos doar para a busca dessa melhoria.

E eu, enquanto educador, o que estou fazendo para que a Educação em meu bairro, em minha escola, com meus alunos aconteça como desejo, como sonho, como almejo? Acreditamos, sim, numa Cultura da Educação por meio dos livros, numa Cultura da Educação por meio da didática, numa Cultura da Educação na formação de profissionais extremamente qualificados, mas e a Cultura da Educação por meio de valores? Onde está?

Convidamos educadores para compartilhar conosco seus pensamentos e anseios para a Educação no Brasil. Convidamos você, educador, a fazer o mesmo e, juntos, num mesmo pensamento, trabalharmos mais pela Educação em nosso país.

A Educação sempre foi e sempre será um tema de muitas dúvidas e questionamentos, até porque é natural que isso ocorra, já que estamos falando de algo tão importante. A Educação muda a cada dia. A tecnologia, também responsável por tantas mudanças, pode ser a chave para chegarmos ao ponto. Nós, educadores, precisamos estar antenados a tudo e buscar modernizar-nos ao máximo para que nossos alunos possam sentir-se confiantes da autenticidade dos nossos conhecimentos. Afinal de contas, é a escola o ponto referencial da Educação. A escola deve saber tudo e entender tudo. E quem é a escola? Somos nós, os educadores. E como hoje podemos contar com tantos meios de comunicação e tecnologias avançadas, é imprescindível que a Educação seja vista como algo vivo, que se renova a cada dia.

Rosemeire Veras Resende Cunha – Diretora
Escola Pintando o Sete – Brasília/DF

A Educação, que antes era bem mais precária, teve grande avanço. Hoje, dispõe de várias estratégias e recursos tecnológicos que incentivam a aprendizagem, porém a diversidade dessas ferramentas e um programa curricular extenso trazem a preocupação em cumpri-lo, o que reduz o tempo dos educadores, que deixam muitas vezes de trabalhar os valores que são imprescindíveis na formação do cidadão.

Elizete Medeiros – Diretora
Instituto Sementes – Mossoró/RN

Apesar de reconhecermos as dificuldades e limitações existentes no sistema educacional atual, entendemos a Educação como ações que libertam e dão asas, deixando de lado a ideia de que ela está apenas relacionada aos conteúdos programáticos que precisam ser testados com mecanismos de provas e trabalhos. Infelizmente, a triste realidade inerente às nossas escolas limitam a ampla ação educacional de ensino-aprendizagem a um árduo e dificultoso processo. A despeito de todas as coisas ruins em torno do assunto, ainda encontramos verdadeiros educadores, que escolhem andar na contramão desses problemas, que priorizam o sujeito da Educação, destacando a formação de valores, e que, acima de tudo, amam e sentem prazer em educar para a vida.

Laíla Fernanda Aquino dos Santos – Diretora pedagógica
Centro Educacional Paraíso do Estudante – Belém/PA

entrevista_rosa_costa_fmtCom esperança, acredito que podemos mudar a Educação, que podemos fazer a diferença, que as instituições de ensino devem garantir o compromisso da informação formal, da educação continuada e da proposta interdisciplinar para a formação do cidadão enquanto docente ou discente. Acreditando que o professor do século XXI é um visionário que constrói o seu caminho, que vive o mundo da Educação com a paixão de formar, vivenciando sua sala de aula como um lugar de aprendizagem e afetividade, compartilhando do desempenho de cada discente a partir do desafio da prática docente, o desejo maior é que esse educador continue a disseminar a paixão de socializar conhecimentos.

O educador do século XXI ousa na sua prática pedagógica, ele acredita no seu potencial, ele busca novas metodologias, ele sabe ouvir e dar autonomia ao discente, ele é criativo, amoroso, afetivo, comprometido com o processo educacional e com a esperança de mudança. Mudança que se faz necessária na formação e atuação do educador que continua adormecido.

Rosa Costa – Educadora, mestranda, pós-graduada em Recursos Humanos, pedagoga com formação em Dinâmica de Grupo, Psicodrama e Contação de História.
Recife/PE

entrevista_Tereza Cris_fmtVivemos em um país que vem se desenvolvendo economicamente, mas que não investe em uma Educação de qualidade. A área educacional no Brasil não recebe o devido reconhecimento, apesar de ser a base para a formação de qualquer indivíduo. Mesmo diante dos fatos, como educadora continuo acreditando que o alcance de uma Educação digna para todos não é uma utopia.

Tereza Cristina Holanda de Araújo – Coordenadora pedagógica
Colégio José de Alencar – Fortaleza/CE

entrevista_Iraciara Ce_fmtFazendo uma leitura da Educação brasileira num passado não tão remoto, podemos afirmar que somos herdeiros de uma educação precária; contudo, ou apesar disso, que apresenta avanços significativos no tocante à infraestrutura, à formação continuada dos professores, ao acesso a materiais didáticos de boa qualidade, sobretudo com o avanço tecnológico, que alavancou o acesso rápido às informações.

Todo esse avanço tecnológico continua inacessível a uma fatia significativa da população, e uma parte das nossas escolas está fora desse processo e ainda permanecerá por algum tempo, utilizando metodologias pedagógicas ultrapassadas.

É preciso repensar as formas estratégicas de fazer aulas. Os educadores que perceberem essa necessidade colherão os melhores frutos. Há de se pensar o que deve ser feito para que todos tenham acesso a essa Educação de qualidade, que, como diz a lei, é um direito de todos.

Iraciara Cerqueira – Diretora
Educandário Professora Maria Rita – Salvador/BA

entrevista_01_fmtO País tem avançado no campo da Educação nas últimas décadas, mas há muito a ser construído. Nós, educadores, não podemos desistir. A escola é um espaço de vivência e formação. Vivemos num mundo com grande avanço tecnológico e ele deve ser um instrumento pedagógico. Devemos rever nossa postura diante das novas tecnologias e utilizá-las como processo educativo, sendo o educador o estimulador do conhecimento e incentivador de valores. Como diz o nosso diretor, Pe. Cesar, ofereçamos aos alunos não somente a “cultura dos livros, mas a cultura do ser”, formemos cidadãos éticos, críticos e cristãos, que sejam capazes de promover as mudanças necessárias. Entretanto, a responsabilidade em educar não pode ser apenas da escola, mas também da família, dos políticos, dos religiosos, dos meios de comunicação social; enfim, todos deveriam estar engajados para atingir nossas crianças e jovens de uma forma mais ampla.

Luciene Vale – Coordenadora pedagógica da Educação Infantil ao 5º ano do Ensino Fundamental
Colégio Agostiniano Nossa Senhora de Fátima – Goiânia/GO

entrevista__Fabia_Alag_fmtA Educação, nos dias atuais, tem sofrido o impacto da mídia e de uma sociedade totalmente cheia de disparidade e desigualdades sociais. O âmbito escolar é bombardeado por ameaças externas que se transformam em problemas enfrentados no dia a dia. Para que possamos ter uma Educação de qualidade, faz-se necessário desenvolver projetos que possam conscientizar os estudantes, transformando-os em cidadãos conscientes, agentes de mudanças.

Fábia Alécio – Diretora
Escola Carrossel – Santana do Ipanema/AL

entrevista_Carla Nunes_fmtAo longo do tempo, tem-se discutido a respeito da elevação da qualidade do ensino, da superação da fragmentação imposta pela disciplinaridade e da perspectiva reprodutora das relações sociais no cenário da Educação brasileira. As sucessivas mudanças que assinalam a sociedade contemporânea criam novas demandas, alterando as prioridades para a Educação como formação humana. O contexto social e profissional requisita a formação integral do homem, munido de uma instrução abrangente e flexível. Percebe-se que a Educação tem uma relação cada vez mais estreita com o desenvolvimento socioeconômico e cultural do País, respondendo progressivamente pela formação do cidadão e dos diferentes profissionais, bem como pela produção constante de conhecimento. Rejuntar o pensamento fragmentado causado pela superespecialização e evitar generalizações é um desafio para a Educação brasileira.

Carla Eugênia Nunes Brito – Gestora Educacional do Colégio de Orientação e Estudos Integrados (Coesi) – Sergipe.

entrevista_Marcia Sant_fmtA Educação é atualmente um fator essencial para a formação dos indivíduos, ofertando-lhes novas perspectivas e integralizando-os em um intenso processo social.

Aliás, processo que está se tornando cada vez mais complexo com o advento das novas tecnologias e que, até certo ponto, provocou mudanças nas estruturas sociais. Nesse sentido, as instituições escolares têm que se adaptarem a essas novas realidades, buscando ofertar ações que perpassem as antigas práticas.

Sendo assim, compreendo as políticas públicas como fatores necessários para desenvolver novas práticas escolares. A instituição escolar deve formar, em primeiro momento, cidadãos conscientes de seu papel social e prepará-los, dentro desse enfoque, para o mercado de trabalho. Para isso é necessário estarmos em sintonia com a família e com a comunidade local e a comunidade global, visando formar o cidadão que queremos. Acredito, assim, que devemos tornar a escola um espaço de prazer, equidade, respeito e socialização, para que ela possa ser instrumento de transformação.

Márcia Conceição dos Santos – Gestora e mantenedora
Colégio Almeida Santos – São Paulo/SP

entrevista_PARAIBA_fmtDe forma cada vez mais objetiva, a Educação vem se apresentando como imprescindível às transformações a curto, médio e longo prazos que o planeta vem necessitando, seja na ordem ambiental, social, política e até mesmo econômica. No entanto, todo educador já ouviu, em algum momento de sua vida profissional, que “a Educação por si só não muda o mundo, e sim, forma os agentes que poderão transformá-lo”. Comungando com esse enfoque teórico, atualmente esses agentes podem ser entendidos como educadores que precisam mais do que nunca rever sua própria identidade enquanto pessoa; como reagem ou vêm reagindo frente às diversas situações e acontecimentos do cotidiano, pois será justamente esse agir que, quando direcionado ao aluno e ao seu fazer profissional, estará possibilitando a disseminação de consciências e atitudes que farão a diferença na prática da humanidade diante do planeta ou simplesmente diante das relações interpessoais.

Neomisia Pires Souto – Diretora pedagógica
Colégio Zepires – Bayeux/PB

entrevista_DSC_6192_fmtVejo a Educação com alegria e pesar. A alegria é marcada pelo interesse de muitos educadores em buscar uma formação continuada que lhes garanta eficiência e eficácia no dia a dia do trabalho escolar. São aqueles professores que, mesmo recebendo um salário aquém do que merecem, ainda pensam que não ganham para errar. Alegro-me porque há professores que prezam pela ética, buscam criatividade em tudo o que fazem e demonstram ter compromisso com a Educação.

O pesar refere-se à falta de compromisso, tanto dos gestores quanto dos educadores, sobretudo quando ouço frases de profunda maldade: “Se todos eles aprenderem, quem trabalhará para nós?”. São situações que denotam uma mentalidade que não acredita nas transformações que uma Educação de qualidade possa trazer.

Professor Hamilton Werneck – Pedagogo, escritor e palestrante
Rio de Janeiro/RJ

entrevista_Luciane Luc_fmtO homem de hoje vive numa realidade bem diversa, multifacetada pela sua conexão com o mundo. Influenciado e influenciando, num sistema aberto de trocas e compartilhamentos, o sujeito em interação constante não se conforma em receber sentenças prontas, quer formulá-las através de sua própria compreensão e interpretação. E é nesse contexto que a Educação reconstrói seu caminho, precisando refletir criticamente e redirecionar as suas trajetórias. Busca-se valorizar, cada vez mais, os ambientes que possam favorecer o desenvolvimento de habilidades e competências do aluno.

Entretanto, não é fácil desapegar-se de ideias enraizadas ao longo dos tempos e que terminam por engessar o processo educativo escolar em moldes sempre preestabelecidos. É fundamental acompanhar as velozes transformações do mundo globalizado, sem perder de vista a essência da Educação comprometida com a liberdade. Como frisavam as ideias freirianas, o diálogo é condição essencial na Educação.

A Educação sinaliza movimento, liberdade, desenvolvimento, espontaneidade, curiosidade, respeitando limites e ousando superá-los quando necessário. A Educação é sinal aberto para o novo, para a transformação, que só ocorre através da formação de livres pensadores, capazes de ler o mundo, dialogar e participar em seu movimento contínuo de construção e reconstrução. Vejo, então, a Educação hoje como “esperança de um mundo cada vez melhor!”.

Luciane Carvalho de Lucena – Supervisora pedagógica
Colégio Integral – Jaboatão dos Guararapes/PE

entrevista_Ivanete Via_fmtConsidero a Educação um dos setores mais importantes para o desenvolvimento de uma nação. É através do desenvolvimento de conhecimentos que um país cresce, aumentando sua renda e a qualidade de vida das pessoas. A escola precisa ter projeto, precisa de dados, precisa fazer sua própria inovação, planejar-se a médio e a longo prazos, fazer sua própria reestruturação curricular, elaborar seus parâmetros curriculares, enfim, ser cidadã.

As mudanças que vêm de dentro das escolas são mais duradouras. Nesse contexto, o educador é um mediador do conhecimento diante do aluno, que é o sujeito da sua própria formação. Ele precisa construir conhecimento a partir do que faz e, para isso, também precisa ser curioso. Existem muitos outros desafios para a Educação. A reflexão crítica não basta, como também não basta a prática sem a reflexão sobre ela, é preciso entendê-la.

Ivanete S. Viana – Gestora
Centro Educacional Nossa Senhora de Fátima – Manaus/AM

entrevista_Katia_RJa 0_fmtA sociedade humana nunca viveu tantas transformações em tão pouco tempo. Nas últimas décadas, ocorreram inúmeras inovações tecnológicas e uma infinidade de mudanças de paradigma, consequências diretas e indiretas do processo de concentração de capital.

Em termos da realidade brasileira contemporânea, vislumbramos uma complexa dicotomia: se por um lado somos hoje uma das maiores economias do planeta e consolidamos nossa competitividade e reputação no cenário internacional, por outro ainda persistem, infelizmente, antigas mazelas, como a profunda desigualdade social, resultado de uma deficiente distribuição de renda, na qual imperam as soluções emergenciais, deixando em segundo plano questões estruturais, tais como Habitação, Saúde e Educação de qualidade.

Creio na escola como locus de transformação social, lugar onde, de forma individual e/ou coletiva, pessoas se tornam melhores, interpretando o mundo, formando opiniões com autonomia de pensamento.

Kátia Aparecida Sá Carvalho Ornellas – Professora e Mestre.
Colégio São Vicente de Paulo – Icaraí – Niterói/RJ.

entrevista_foto targeli_fmtA globalização de mercado vem impondo limites à constituição do sujeito humano, pois, ao superdimensionar os avanços científicos e tecnológicos, parece negligenciar a ética como condição de democracia emancipatória. É necessário pensarmos a Educação como um complexus e nos reconhecermos como sujeitos históricos nessa grande teia que interliga os mais diferentes campos e dimensões da vida. A Educação se insere num turbilhão de ameaças que podem destruir sua finalidade maior — a formação plena do ser humano. Recriar a Educação como direito social é o nosso compromisso. Defendemos uma educação que possibilite a construção de aprendizagens dialógicas de participação autônoma, desde os primeiros anos de vida, afirmando a indissocialidade entre ciência, tecnologia, ética, estética, criticidade, criatividade e espiritualidade. Uma educação que se faça no abrir das “asas” de cada ser humano à transcendência e à solidariedade.

Targélia Albuquerque – Professora, Doutora em Educação (UFPE)
Recife/PE

Amanda Leal_fmtJá há um entendimento global antigo da importância central da Educação para o desenvolvimento das nações. Países como os tigres asiáticos, por exemplo, investiram durante anos grande parte dos seus recursos em projetos educacionais consistentes que resultaram em aumentos significativos nos índices econômicos e na qualidade de vida das pessoas.

No Brasil, que vem avançando nesse campo nas últimas décadas, cada vez mais a escola e a universidade representam locais de ascensão social e busca de oportunidades. Sendo assim, as famílias procuram investir nesse setor e avaliar as instituições que escolhem para partilhar a missão de educar seus filhos.

As escolas que realizam um trabalho pedagógico de referência — que é o caso do Educandário Santa Maria Goretti, sediado no Estado do Piauí, que vem se destacando como polo educacional no Brasil — têm buscado constantemente reavaliar sua prática, incorporar novos saberes e estreitar as relações entre toda a comunidade escolar.

Amanda Leal – Diretora pedagógica
Educandário Santa Maria Goretti/PI

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