Edição 123

Livro da vez

Dinâmicas para reunião de pais

A relação entre a escola e a família é reconhecidamente assimétrica e complexa. Os professores relatam que, quando algo não vai bem na família, o problema se reflete no comportamento do aluno na escola. Os pais, por sua vez, não são especialistas em educação e vivenciam as dificuldades inerentes ao educar, buscando empiricamente as melhores intervenções junto às crianças.livro da vez

Como construir uma parceria baseada em cooperação entre as duas instituições de modo que o objetivo comum que as une, ou seja, a educação das crianças, seja atingido? Qual é o papel de cada uma nesse processo?

Para responder a tais questões, este livro se divide em dois momentos: o primeiro reflete sobre as transformações vivenciadas na atualidade pela escola e pela família; o segundo apresenta várias dinâmicas para reuniões de pais, quando, efetivamente, acontece o encontro entre professores e familiares. O principal objetivo da obra é propor a utilização adequada desse evento para a construção de uma relação de cooperação e reciprocidade, com vista ao sucesso da aprendizagem e da formação das crianças.

Dinâmica

A minha escola e a escola dos meus filhos

Sou ainda um daqueles que, como um Kant e um Piaget, pensam que o objeto máximo da educação é o aperfeiçoamento da humanidade; vejo as mazelas adultas como complicadores, não como obstáculos intransponíveis.
– Yves de La Taille

Justificativa

Há um discurso coletivo, uma tese de senso comum, de que a família não ensina mais valores, de que não há mais preocupação com a formação moral. Outra hipótese é a de que os pais que matriculam seus filhos em colégios particulares fazem sacrifícios imensuráveis porque ainda se preocupam com a formação escolar deles, enquanto os que mantêm as crianças em escolas públicas deixam as coisas acontecerem conforme o destino. Serão estas as ideias representativas de uma realidade?

As pesquisas que se destinam a compreender a relação entre escola e família, embora sejam de número reduzido, comprovam que os pais se preocupam com a vida escolar dos filhos e, mais que isso, na maioria das vezes, expressam o desejo de participar mais, porém não sabem como fazê-lo.

Os pais, ao refletirem sobre suas vivências escolares, sobre os sentimentos que permeiam sua relação com os próprios pais e com a escola, tomam consciência das suas palavras e atitudes, bem como da atitude de seus pais e professores à época, e podem, então, melhorar quanto à colaboração com seus filhos e, consequentemente, com a escola.

“Sou ainda um daqueles que, como um Kant e um Piaget, pensam que o objeto máximo da educação é o aperfeiçoamento da humanidade; vejo as mazelas adultas como complicadores, não como obstáculos intransponíveis.”

Yves de La Taille

Descrição da proposta

• Providenciar uma caixa contendo várias questões a serem completadas pelos participantes:

1. Quando eu era criança, meu pai/minha mãe me ajudava na escola, ele/ela…

2. Quando eu era criança, meu pai/minha mãe não me ajudava na escola, ele/ela…

3. A lembrança mais triste que eu tenho dos tempos de escola em relação aos meus pais é…

4. A lembrança mais alegre que eu tenho dos tempos de escola em relação aos meus pais é…

5. Quando a professora chamava para a reunião, meus pais iam, porque…

6. Quando a professora chamava para a reunião, meus pais não iam, porque…

7. Quando eu chegava em casa com notas baixas, meus pais…

8. Quando eu chegava em casa com notas altas, meus pais…

9. Da minha época da escola, eu tenho saudade de…

• Os pais se sentam em roda ou o trabalho pode ser realizado em pequenos grupos de cinco ou seis pessoas.

• Os pais retiram uma das frases da caixa e a completam, relatando uma experiência da sua infância.

• Ao final dos relatos, o educador pode sugerir ao(s) grupo(s) que procure(m) definir os objetivos dessa dinâmica, salientando a compreensão da importância dos pais na vida escolar dos filhos.livro-da-vez

Objetivos

Propiciar à família oportunidade para:

• Recordar experiências da sua vida escolar.

• Compreender a importância dos pais na vida escolar dos filhos.

• Manifestar suas emoções e opiniões diante da frase sorteada.

• Reconhecer os tipos de intervenção dos pais que são pertinentes à vida escolar dos filhos.

• Reconhecer os tipos de intervenção da escola que não são pertinentes à vida escolar dos filhos.

• Construir um contato agradável com os demais pais e com a escola, baseado na legitimação dos sentimentos de cada um.

livro-da-vezObservações

Quando os pais têm a oportunidade de se lembrar de situações da própria infância, vivenciam nessas memórias os sentimentos que lhes acometeram à época. A ideia é que eles tomem consciência da importância da sua participação na vida escolar dos filhos.

O professor deve ficar atento e permitir aos participantes a possibilidade de não responderem a determinada questão, caso não queiram fazer, orientando-os a escolher outra.

No final da dinâmica, o(s) grupo(s) pode(m) realizar um levantamento daquilo que constatou(aram) a partir da experiência da dinâmica.

Luciana Maria Caetano é graduada em Pedagogia, pós-graduada em Psicopedagogia, Mestre em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano pelo Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP) e doutoranda pelo mesmo instituto. Autora do livro O conceito da obediência na relação pais e filhos, pela Paulinas Editora, realiza pesquisas sobre os temas: relação pais e filhos, relação escola e família e desenvolvimento psicológico moral das crianças e dos adolescentes. Atua como professora ministrando cursos, palestras e oficinas de formação de pais e professores.

CAETANO, Luciana Maria. Dinâmicas para reunião de pais: construindo a parceria na relação escola e família. São Paulo: Paulinas, 2009. p. 75–78.

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