Edição 132

Profissionalismo

Educação dos filhos na era digital: refletindo na escola e na vida

Nildo Lage

O tempo é mestre na arte de instruir, transformar e amadurecer. De tão admirável, reconduz pensamentos, decompõe propósitos, repele olhares e define a trajetória da vida com tamanha exatidão que abusa da autonomia para determinar, inclusive, o momento do fim! Porque o tempo, de tão imperceptível aos nossos olhos e sagaz no agir, converte-se numa passagem enigmática, pois passa sem um sinal e vai sem um adeus. E, por jamais interromper os passos, atravessa anos, gerações, séculos, milênios e, o mais emblemático: nunca envelhece nem perde a tenacidade, estabelecendo que o siga ou registre o momento cognominado hoje.

Como seus passos nunca se interrompem ou erram a cadência, não espera nem dá uma segunda oportunidade para corrigirmos desacertos, recuperarmos perdas. De tão radical, simplesmente passa sem dar satisfações ou sequer volver o olhar para contemplar os destroços dos próprios valores daqueles que vivem o tempo agora, sem se preocupar com o tempo amanhã, atiçando mais e mais o jogo pela vida, cujas oportunidades se tornam sinônimo de milagre.

Nessa concorrência para ostentar o existir, há os que se atrevem a escoltá-lo para se autoprojetarem num mundo de instabilidade. Falham! Não alcançam seus inaudíveis passos e, por não deixar pegadas, perdem-se, permitem-se ser derrotados, extinguindo as possibilidades de viverem o seu tempo, por desconhecerem que o tempo não é governado pelos que vivem a trajetória da passagem dele, mas por Aquele que é o Senhor do tempo, e Este tem o Seu próprio tempo para que todas as coisas aconteçam no instante que determina.

No confronto com essa realidade, muitos compreendem — tarde demais — que investiram as quotas de tempo correndo atrás do vento. Persistentes, obstinados, acreditaram na própria força para superarem os obstáculos e não retrocederam ante os desafios. Foram à luta e conseguiram tudo: a faculdade dos sonhos, um bom emprego, uma aposentadoria no teto máximo, uma casa na praia e um carrão na garagem.

Contudo, algo deu errado, devido ao mau gerenciamento do tempo, a principiar pelo tempo que deveria ter sido investido naqueles que dependem do seu tempo para serem — os filhos.

Fracassaram na formação das próprias crias. Pois não prepararam a terra, não regaram, não devastaram as ervas daninhas… Não esperaram o tempo da semente, da árvore e do fruto, que pecaram prematuramente. A falha? Descontinuaram no tempo da vida e, mesmo tentando viver no seu tempo, estacionaram na contramão e foram atropelados.

Como o planeta não interrompe a rotação — porque evoluir é o alvo —, os filhos da hibridez familiar acompanharam esse desenvolvimento e ficaram com o tempo: o tempo perdido com ilusões, fantasias, e o pior: sem tempo para recomeçar. Preocuparam-se tanto com o amanhã que se desviaram dos próprios objetivos e se esqueceram de viver o hoje.

Preocuparam-se tanto com o amanhã que se desviaram dos próprios objetivos e se esqueceram de viver o hoje.”

Como não viveram o hoje, o ontem se tornou, tão somente, uma página em branco, que poderia ter sido preenchida com momentos de paz, amor, felicidades, alegrias… Poderiam ter feito, de cada dia, um dia especial, para que cada momento se tornasse um instante único, com harmonia, respeito e obediência ao Senhor do tempo, que atravessou décadas, séculos e milênios permitindo que o humano se convertesse num predador dos valores da humanidade.

Só que a evolução do mundo transcendeu a do humano, e foi preciso cunhar ferramentas que atendessem aos avanços da geração que ambiciona se arremessar no próprio tempo para sobrepujar o amanhã e viver um futuro num presente que foi arredado do futuro.

Ante tamanha devastação de valores, que abalou as bases da família, é impossível ignorarmos a importância da educação dos filhos na era digital, refletindo na escola e na vida.

Mesmo diante da incerteza promovida pela instabilidade no ambiente familiar, há os que ainda creem que o tempo cicatriza tudo, mas como pais, como educadores, temos ciência de que está cada vez mais difícil educar sob as influências que as ferramentas digitais têm sobre os nossos pequenos.

Influências que transformam comportamentos e geram vícios, dependência, que, nos casos mais críticos, precisam de tratamento clínico. Pois os responsáveis em formar para a vida não têm o mínimo de estrutura para serem pais e, deficientes de conteúdos que fortalecem o eu, para ostentar uma personalidade forte, não são espelho para as crias nem granjeiam autonomia para formar o indivíduo com potenciais capazes de enfrentar uma concorrência desigual num mundo que se permitiu ser globalizado e compactado pela tecnologia para acatar as ambições humanas.

Ao serem inseridas na comunidade escolar, as crias dessa concordata familiar se confrontam com um universo retórico, cujos conteúdos oferecidos são disseminados por profissionais que, mesmo transitando entre as parafernálias digitais, agem analogicamente, porque a escola da era digital se conserva no casulo, atravancada por gestores que não visualizam uma escola educativa e, entre tremores, tropeços e fracassos, resistem às mudanças, com receio de enfrentar as provocações das evoluções tecnológicas.

Esse temor de inovar provoca o retraimento do sistema, que não consegue formar para a vida, alargando o caos, sem processos que promovam o desenvolvimento discente por meio da inserção de conteúdos ricos. A escola se torna monótona, prevalecendo o minoritarismo, que marginaliza um setor que não dilata os seus horizontes de ensinar, impedindo que uma escola educativa se torne fato para oferecer uma educação contemporânea.

Esse vácuo impreenchível é consequência da deformação no processo de gerenciamento de conteúdo que sacie a geração digital. O sistema, o governo e o próprio educador não estão preparados para assumir uma escola que apronte os seus alunos para a vida. Porque a escola que assegura ser do futuro não consegue se amoldar num espaço com o mínimo de estrutura. Não é tão somente estrutura física, é tudo, porque somos geridos por um sistema que esquiva, mente e omite para justificar a não projetação da educação, para que, pelo menos, as novas gerações tenham uma formação sem tantas carências.

Sejamos coerentes, o sistema não capacita seus profissionais para que possam iniciar o processo que agencia o desenvolvimento das soft skills dos alunos nem investe em atividades extracurriculares — mesmo com a ciência de que o passo que inicia a caminhada é impulsionado pela infraestrutura tecnológica — para empregar as plataformas de ensino futuristas como ambiente de ensino e aprendizagem.

Tecnologia? Futuro? O que fará a base da sociedade — a família — para acatar as ambições de uma geração que não admite retrocessos?

Um dos grandes reptos não são as influências externas, mas pais que foram desfigurados pelos próprios genitores. A bagagem de valores e responsabilidades é tão insignificante que, na trajetória de crescimento, foi vítima do raquitismo provocado pela deficiência de nutrientes familiares.

Não podemos nos esquivar! Educação familiar entremeada de valores e princípios é a plataforma que projeta
o indivíduo para uma educação escolar de sucesso. Discutirmos o futuro da educação escolar sem evoluir o processo de educação doméstica é semear à beira do caminho para alimentar e fortalecer as espécies predadoras.

A educação da era digital vai além de suprir a discrepância escolar com ferramentas e métodos do século anterior. É preciso inovação de conteúdo, metodologias, ferramentas, adaptação do próprio educador e envolvimento de responsáveis na formação do humano. A família tem que cumprir metas; entre elas, preparar os nativos digitais, cujo alicerce sirva de plataforma para projetá-los a atingirem propósitos pessoais, e, o mais extraordinário: acatar o individual, que tem demandas diferenciadas.

Não adianta esquivarmos o olhar como se não fosse conosco. Como pais, temos que encarar a realidade e assumirmos nossas responsabilidades. Se ambicionamos filhos vitoriosos numa sociedade que foi fragmentada pelas ferramentas digitais para se amoldar às tribos, temos que nos conectar a esse futuro agora.
E esse agora prenuncia que o emprego do futuro está reservado aos que dominam com maestria as ferramentas da tecnologia.

Não importa se professor e sistema desconhecem o que são plataforma EAD, programação, gamificação e chatbots, tampouco se têm temor de experimentar a realidade aumentada e virtual! A nossa parte condiz a essas parafernálias? Claro! Mas, se o sistema se esquiva das tecnologias, temos que formar os nossos filhos para se relacionarem com elas de forma que não deformem os valores familiares, religiosos, culturais e sociais.

Temos que admitir: a evolução progrediu com tamanha presteza que a realidade aumentada se confunde com a nossa realidade. O cenário em que vivemos não é dessemelhante ao dos jogos eletrônicos. São tantas parafernálias que estar conectado não é luxo, é necessidade! E quem deu o primeiro clique para virtualizar o ambiente familiar? Com a mais absoluta certeza, não fui eu! Então, a culpa é de quem? Das ferramentas digitais? Não! Elas evoluem para escoltar os avanços do planeta, para, assim, atender às ambições do humano, que não constituiu limites para criar.

Sendo assim, por que o humano que incita a evolução não prepara o humano em formação para viver uma realidade inevitável? Vamos esperar um novo temporal tecnológico para arremessar de vez o planeta no universo da robótica e digitalizar o humano, que será impelido por uma inteligência letal, com a qual será sobrepujado pelo exército de milhões, bilhões de nanobots, cuja tecnologia permite a criação de robôs com iniciativas além-humanas? Se esse humano, que é a geração da formação de hoje, permitir-se ser evacuado, crente de que está redefinindo o presente para se adaptar a essa realidade futurista, dará consistência ao caos do humano sem valores familiares, respeito pelo outro e princípios sociais, por consentir ser hibridado.

O sistema se esquiva das tecnologias,
temos que formar os nossos filhos para se relacionarem com elas de forma
que não deformem os valores familiares, religiosos, culturais e sociais.”

Se adormecermos à sombra desse vulcão tecnológico, despertaremos ciborgues. Fomos hibridados no ambiente familiar, que nos alimenta com produtos híbridos, vamos para o trabalho num veículo híbrido e, assim, passamos o dia num ambiente híbrido… Só que, nesse ininterrupto processo de decomposição do humano, ninguém é inocente! Ao apontar um dedo para você, pai, mãe, tenho ciência de que há, no mínimo, três voltados para mim!

Porque, além de pai, sou professor de formação. Se a minha responsabilidade é dupla, qual é o meu papel na educação das minhas crias? Um dos erros do professor é culpar a família por qualquer desacerto. Mas, como pai, como mãe, faço o meu dever de casa? Oriento e acompanho os meus filhos, que têm acesso às tecnologias, para que as usem adequadamente?

Não há mocinhos! Todos somos vilões! O professor, mesmo sem formação continuada, valorização profissional, aporte do sistema, tem ciência do seu papel para que o personagem principal — aluno — tenha um desfecho feliz. Pois as demarcações de mudanças na educação da era digital são profanadas pelo responsável de introduzir as ferramentas digitais — o sistema —, impedindo que a educação escolar redirecione o curso para transformar o cenário atual.

Como o sistema não evolui, a escola se conserva em off, estacionada no vácuo das evoluções, permitindo-se ser asfixiada entre as muralhas das tendências. Que tendências? O que dizem as tendências pedagógicas brasileiras para transformar essa realidade? Muito pouco! Tão insuficiente que não é o bastante para arrebatá-la do despenhadeiro que nos ostenta três décadas de retrocesso.

O vilão-mor — MEC — sabe como agir, fazer melhor, e não é falta de recursos financeiros para acoplar as nossas escolas ao mundo que o aluno ambiciona. Há tempos, o ensino híbrido grita para ser notado, salientando que a personalização do aprendizado é o caminho. Todavia, os autores responsáveis em reescrever a história da educação não fazem acontecer para redirecionar o curso e transformar uma crise que brada por soluções, e os entraves impedem realizações de sonhos, contemporizando, mais e mais, a mudança digital na educação.

Esse retrocesso é a resposta das súplicas procedentes da sala de aula, que são asfixiadas pela força política, salientando que muito pouco vai ser feito para acatar a Revolução Industrial 4.0 e proporcionar o mínimo de subsídios para digitalizar o sistema. Interconectividade, exponencialidade, inteligência artificial e big data são propriedades do planeta da mutação digital, que choca um sistema que recua e assenta a viseira, com receio de afrontar o futuro e responder: quando teremos um ensino personalizado na escola do futuro?

Só que as transformações têm que acontecer. Nossos alunos não suportam mais essa educação conteudista nem intermediários que só repassam conteúdo. Sua maior aliada — a Internet — é uma fonte que borbulha em tempo real e, o magnífico: na proporção e no padrão que quer — áudio, vídeo, texto —, quando e onde ambiciona.

Se esse sistema derrocado pelo tradicionalismo não atrair, para a sala de aula, as ferramentas tecnológicas para auxiliarem no processo de ensino e aprendizagem, é melhor silenciar os ecos da gamificação e da realidade aumentada para flexibilizar um estudo atraente. Se no tapete não há mais espaço para ocultar tanta velharia, enterra-se o velho que não permite a evolução! É mais honroso umedecer as falácias atopetadas de hipocrisias e camuflar com números maquinados, no intuito de enrustir uma educação que não acata as demandas do presente.

Se o alvo é exclusivamente acompanhar o tempo para cumprir ciclos, para que refletirmos na escola e na vida se as tendências da educação do futuro não são adotadas? O que o futuro de uma nação — o aluno — pode esperar de uma educação que agoniza num espaço abarrotado de ferramentas enferrujadas e não consegue se esquivar das garras do analógico? Se o sistema receia encarar o hoje, a educação que se anseia não preparará para a vida.

Reequipar a escola com ferramentas inovadoras vai além do aporte
ao educador, é integrar a educação do futuro ao presente.”

A educação da era digital estabelece mais que belas fachadas, salas de aulas iluminadas, merenda, ginásios de esportes. A luz que arrebata das trevas os diferentes de hoje cintila atrás das montanhas das ferramentas digitais que o sistema rejeita, colocando a viseira para não ser deslumbrado pelo seu brilho. Ferramentas estas que promovem a aprendizagem através de um processo que trabalha a realidade e agencia o alargamento do pensamento crítico.

Se tais desafios não forem encarados, a falta de acessibilidade nas instituições de ensino conservará milhões entre as barreiras dos sonhos e os despenhadeiros da falta de oportunidades. O roteador do sistema não se conecta a esse sinal para promover o acesso que não aborda os dispositivos tecnológicos de educadores e alunos.

Uma escola forte auxilia na superação dos entraves sociais e familiares, e o momento decreta mais que procedimentos de ensinar e aprender. É preciso arremessar o aluno para o universo da robótica para proporcionar o seu crescimento por meio do pensamento crítico, para que seja coerente, possa refletir e, assim, principiar o processo de desenvolvimento humano, que propicia a autonomia intelectual.

 

Reequipar a escola com ferramentas inovadoras vai além do aporte ao educador, é integrar a educação do futuro ao presente daqueles que estão nas carteiras impulsionados pelo sonho de crescer e se desenvolver por meio dos saberes adquiridos.

O interessante é que todos os envolvidos no processo têm ciência da importância das ferramentas tecnológicas na educação. E, mesmo não sendo tudo — por serem soluções complementares — no processo de ensino e aprendizagem, o sistema nega ao aluno essa ascensão, e o educador agradece!

Deixar tudo na mesma é cômodo para o sistema e o educador. Assim, ninguém se sente obrigado a utilizar os mecanismos tecnológicos para facilitar o processo de ensino e, de tal modo, promover aulas encantadoras através de metodologias eficazes. Não engajam ensino com aprendizagem, pois se recusam, de forma contundente, a facilitar a democratização da educação, impedindo que o aluno tenha acesso à informação, e, com tais anacronismos, esfacelam a formação, sem promover uma aprendizagem multidisciplinar.

Estamos derrotados? Não! O que fazer? Como pai, como educador, farei a minha parte! Vou desativar de vez o meu dispositivo analógico e me conectar ao mundo dos meus filhos. Tenho ciência de que formar na era digital é um desafio, mas educar filhos em meio às influências das tecnologias, que provocam os próprios criadores a progredir sem olhar para trás, é um repto maior.

Se o sistema se conservar desconectado do radar da vida, o radar de pais e responsáveis não pode se desligar para resguardar e até mesmo dilatar veredas que contornem as influências negativas das mídias digitais, e isso estabelece equilíbrio e tempo. Equilíbrio para impor limites, delinear metas para os filhos, sem afetar o seu desenvolvimento humano, e tempo para acompanhar o cotidiano dos filhos para que não se desviem, atraídos por conteúdos fúteis, da rota que conduz ao crescimento individual e pessoal.

Mesmo não sendo contentor da verdade, não me acompadrarei com os que buscam retornos, travando uma quebra de braço entre correto, incorreto e molde universal! Cometerei erros? Muitos! Mas quem não erra? Por isso, buscarei a prudência, porque sei que formar para a vida num mundo onde as influências invadem os lares por meio dos dispositivos digitais não é fácil!

Qual pai não entrega o celular para o filho viajar no mundo de ninguém sem ao menos conferir o que está vendo para ter aquele momento de trégua após um dia de trabalho exaustivo? A maioria entrega! Todavia, podemos ser presentes! Refrear é a ação mais segura para impedir tropeços, pois é surpreendente como bebês tomam posse de celulares, iPads e tablets dos pais, desbloqueiam e, como nativos que são, navegam.

Por onde? Para onde? Para a maior parte, é por cá, quando, de fato, é por lá… Na verdade, para muitos, tanto faz, é só para entretê-los! Assim, prosseguem avançando guiados pelos conteúdos que deseducam, jogos eletrônicos que incitam a violência, sem o mínimo de cautela, regras e limites, permitindo que as crias interajam com tais dispositivos como bem entendem e, por não terem noção das consequências, pelo excesso de uso das novas tecnologias, percam-se sem granjear consciência do que ambicionam do próprio futuro.

Os pais só percebem tais falhas ao notarem a ausência dos filhos à mesa do café da manhã, almoço ou jantar. Onde estão? No quarto ou num local onde possam navegar sem serem impedidos. Ao cientificarem-se de que as tecnologias absorveram a atenção e a própria capacidade de comunicação entre si, os pais despertam para uma realidade dramática: ao sucumbir, crentes de que estão agradando ou mesmo para encontrar uma saída imediata, arremessam os filhos para o universo de ninguém, sem refletir, dialogar e, o pior, acompanhá-los pelas trilhas que conduzem ao nada.

Grande parte desses aborígines digitais, ao serem inseridos no espaço escolar, não consegue se adaptar, obrigando os responsáveis a recorrer a especialistas em busca de socorro, porque a dependência tecnológica não permite desconectar, e, assim, as vítimas são dominadas pela angústia, tornam-se agressivas e até adquirem transtornos, como hiperatividade e déficit de atenção. Há casos tão graves que o descomedimento do uso provoca dependência tecnológica a ponto de desligar da realidade, e os usuários enfrentam graves problemas, devido à redução da capacidade de aprender.

O mais cruel é que não podemos desconectar as nossas crias. São nativos digitais, e, com a evolução da inteligência artificial, que vem convertendo jogos e equipamentos eletrônicos em parceiros, crianças e jovens apostam nessas realidades virtuais e permitem que as novas tecnologias absorvam não apenas a sua atenção, mas a sua própria essência. A advertência desponta no horizonte familiar e escolar como ameaça invisível, pois a tecnologia não consegue erguer barreiras de defesa para anteparar as vítimas das suas próprias ferramentas.

A regra é atenção e, acima de tudo, coerência. Evitar que os nossos filhos vivam na contramão dos avanços tecnológicos é tão desafiante quanto impedir que cresçam e voem na busca dos próprios sonhos. Se não temos forças para conter os avanços tecnológicos, podemos harmonizar uma formação à base de valores e auxiliá-los no processo de crescimento humano e pessoal.

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