Edição 114

Projeto Didático

Etiquinha: toda criança tem?

Joceleni Sousa

Olá, gente boa!

Meu nome é Lucas, e minha melhor amiga se chama Etiquinha. Desde criança, quando ia para o colégio, mamãe sempre falava:

— Lucas, olha o comportamento! Não esqueça: bom-dia, por favor, obrigado, com licença, boa-tarde, etc.

Pois é, esse tal de comportamento todo dia está no meu pensamento. Graças à mamãe, é claro! Minha mãe fala daqui, fala de lá e sempre acaba em comportamento.

Vou contar para vocês como a conheci…

Era o meu primeiro dia de aula no 6º ano e lá estava eu escutando a mesma fala da mamãe:

— Meu filho, não se esqueça de dar bom-dia para o porteiro, agradecer à tia da cantina, obedecer aos inspetores, respeitar a todos, etc.

Afinal era o meu 6º ano…

Até que interrompi a mamãe e perguntei:

— Mãe, por que a senhora fala todo dia a mesma coisa esses anos todos? Obedeça, respeite, participe. Não acha que estou bem grandinho?

E ela sorriu, respondendo:

— Ah, meu filho amado! É porque… amo a Etiquinha!

— Mas quem é Etiquinha?

Pensei que mamãe me responderia de forma clara, mas o que fez foi me apressar para não perder o horário do colégio. Fui para o meu primeiro dia de aula pensando na tal Etiquinha.

Chegando ao colégio, logo na portaria, passei pelo tio Zé e, é claro, sem esquecer o bom-dia, perguntei a ele:

— Ô, tio! O senhor conhece a Etiquinha? Ou sabe como ela é?

E ele respondeu:

— Sei não.

Depois perguntei à tia que estava varrendo o pátio do colégio:

— Ô, tia! A senhora conhece a Etiquinha? Ou sabe como ela é?

E ela respondeu:

— Sei não.

Mesmo assim não desisti da pesquisa. Acho que, se minha mãe a ama muito, deve ser interessante.

Enfim, o sinal bateu, e fui para a sala de aula, onde encontrei a turma de amigos: Paulo, João, Bia, Duda e o Inácio, um superamigo.

— Oi, turma, beleza?

— Beleza, Lucas! Fala aí, está animado para estudar História no 6º ano? ― perguntou meu amigo Inácio.

Ele sabia que namoro pouco essa matéria, mas sempre procura me incentivar.

— Ah, pessoal, vocês conhecem a Etiquinha? Ou sabem como ela é?

— Ai, Lucas! Nunca ouvi falar ― respondeu o amigo João.

— Eu não conheço ― falou o amigo Paulo.

— Curiosidade logo no primeiro dia de aula, Lucas? ― falou Inácio.

— Nós também não ― falaram as meninas.

— Vamos, crianças. Chega de matar saudades; vou distribuir um texto para leitura e interpretação! ― exclamou a professora.

Na fila da cantina, quando chegou minha vez de comprar, depois de agradecer, perguntei rapidinho à tia da cantina:

— Ô, tia! A senhora conhece a Etiquinha? Ou sabe como ela é?

E ela respondeu:

— Sei não, Lucas. Vamos, o próximo!

Fui lanchar, porém muito triste sem ter alcançado a resposta para a minha pergunta.

Fiquei com os meetiquinha-3us amigos, e, por alguns minutos, o Inácio e o Paulo distraíram meu pensamento com suas curtas piadas, enquanto eu saboreava o lanche.

Em sala de aula, com a professora, após o recreio, levantei a mão para fazer a pergunta:

— Ô, professora! A senhora conhece a Etiquinha? Ou sabe como ela é?

E ela respondeu:

— Lucas, agora não é hora de conversar, na próxima aula falamos sobre sua curiosidade.

Vamos, turma, página 23 do livro de História.

O sinal toca, e já é hora de irmos para casa.

Adivinhem em quem eu pensava o tempo todo na condução do colégio?

Etiquinha… Etiquinha… Etiquinha…

No portão de casa, mamãe já me esperava com largo sorriso.

Fui logo dizendo:

— Mãe, ninguém conhece a Etiquinha.

— Conhecem, sim, Lucas.

E continuou:

— Filho, já para o almoço! Não se esqueça de lavar as mãos.

Coisa de mãe, não é, galera? Escovar os dentes, pentear cabelo, colocar perfume…etiquinha

Quando terminamos o almoço, mamãe, gentilmente, me chamou para sentar ao lado dela, assim, tipo bem pertinho, do jeito que muitas vezes a gente gosta de ficar, mas não admitimos, não é, pessoal?

E começou a perguntar:

— Lucas, hoje no colégio você falou “bom-dia” para o porteiro? Você disse “obrigado” quando foi necessário? Pediu “licença” para o funcionário que estava varrendo o pátio onde vocês circularam? Obedeceu à professora? Ficou comportado? Respeitou os funcionários? Quando foi à Secretaria, aguardou para ser atendido? Então, filho, dona Etiquinha, minha amiga querida, são as nossas atitudes, um enorme conjunto de valores que a vida, conforme você vai crescendo, vai ensinando a conhecer melhor. Estas palavras: bom-dia, boa-tarde, por favor, obrigado, com licença, posso ajudar fazem parte da nossa vida e completam a Etiquinha.

— Então tudo que faço é Etiquinha?

— Sim, muito bem! Mas o mais importante é você saber o que é certo e o que é errado. Ela nos torna pessoas melhores e educadas. É por isso que, durante todos esses anos, falo a mesma coisa para você, meu filho, pois o desejo de toda mãe é que seus filhos sejam pessoas responsáveis e felizes.

Dei um forte e demorado abraço em minha mãe, murmurando em seu ouvido:

— Valeu, mãe!

No dia seguinte, com a turma do colégio, estava eu lá contando a novidade de minha descoberta. Os amigos escutaram toda a história da Etiquinha, porém… a mãe do Inácio, a mãe do Paulo, a mãe do João, a mãe da Bia e a mãe da Duda acho que escutaram muito mais quando chegaram em casa. Rsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsr

— Então, gostaram?

— Gostamos!!!

— Lucas, o que você pretende fazer agora? — perguntou o amigo Inácio.

— Daqui pra frente só vou andar com minha melhor amiga, que se chama Etiquinha. É, amigos, vamos viver a Etiquinha diariamente.

É bacana reconhecer que somos seres humanos imperfeitos, porém capazes de superar qualquer obstáculo.

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Joceleni Sousa é licenciada em História pela Faculdade de Filosofia de Campo Grande e pós-graduada lato sensu em Administração e Supervisão Escolar pela Universidade Candido Mendes.
E-mail: jocelenisousa@gmail.com
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