Edição 52

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Filhos Adotivos

O importante é fazer gol! O futebol veio para o Brasil no século XX. Logo os brasileiros se apaixonaram. Tornaram-se craques, professores e referência. E, com o passar dos anos, novas formas do jogo foram sendo inventadas. Para exercitar sua habilidade, o povo não poupou criatividade. Joga-se no asfalto, na praia, na grama sintética, em chão de terra… Fazer gol é necessário. Não importa onde nem como.

Algumas variações viraram coisa séria. O futebol de salão chegou nos anos 1940, mas o decreto de que seriam cinco jogadores por equipe foi oficializado em 1958. Joga-se futevôlei nas praias brasileiras. Ali, craques como Romário, Renato Gaúcho, Edmundo e Ronaldo mostram sua habilidade quando estão de férias ou de folga de seus clubes. Sem contar o beach soccer, no qual a seleção brasileira é poderosa e coleciona títulos. Há, ainda, o showbol, uma mistura de futebol de campo com futsal que começa a ganhar adeptos, principalmente quando se trata de ex-jogadores profissionais.

Futsal

O antigo futebol de salão pode ser chamado de futebol em miniatura. Duas equipes de quatro jogadores (mais o goleiro) disputam a partida em quadras lisas. A bola é menor e bem mais pesada do que a do futebol de campo. O futsal foi criado no Uruguai, nos anos 1930, como futebol indoor. O pai da criança, o uruguaio Juan Carlos Ceriani, misturou regras do basquete (cinco jogadores e o tempo original de jogo — dois tempos de 20 minutos), polo aquático, vôlei e hóquei em linha. O jogo chegou ao Brasil nos anos 1940.

Futebol society, ou futebol de sete

Seis na linha e um no gol sem impedimento. Assim começou o futebol society, chamado, no Sul, de futebol de sete. O jogo, irmão das tradicionais e informais peladas, progrediu e hoje tem livro de regras e até confederação no Brasil, fundada em 1996, com o nome de Confederação Brasileira de Futebol Sete Society e uma sigla: CBF7Society. Os campos devem ter no máximo 45 m por 25 m e no mínimo 35 m por 20 m. Os gols têm 5 m por 2 m.

Beach Soccer, ou futebol de areia

Nascido do futebol de praia nas areias do Rio de Janeiro, o beach soccer atual é um misto de show televisivo e esporte de competição. Cada time é composto de um goleiro e quatro jogadores. É necessário ter excelente controle de bola, uma vez que jogar com a bola fora do chão é fundamental.

Showbol

Mistura de futebol de campo com futsal, o showbol nasceu em Toronto, no Canadá, com o nome de indoor soccer (cinco na linha e um no gol). Sucesso principalmente entre ex-jogadores profissionais, a modalidade é encarada como final de Copa do Mundo quando a seleção brasileira disputa amistosos contra a Argentina, de Maradona. As dimensões variam entre 42 m e 44 m de comprimento e 22 m e 24 m de largura.

Futebol também se joga assim…

Quem é perna de pau tem opções menos físicas e mais voltadas ao talento manual. Numa mesa de futebol de botão, o cabeça de bagre das peladas pode se consagrar. Ou, numa escala menor, diante de um tabuleiro de preguinho ou num duelo de totó (pebolim). Definitivamente, o importante mesmo é fazer gol. Sempre.

Futebol de botão

Há coisas que ficam velhas e não perdem o encanto. É o caso do futebol de botão. Praticado desde os anos 1930, é, e sempre foi, levado muito a sério por seus praticantes. Tanto que há os jogadores amadores e os federados — há várias entidades espalhadas pelos estados do País. Hoje, são encontradas mesas modernas e muito bem preparadas para os duelos. Na década de 1970, o piso mais famoso era o Estrelão, um minicampo fabricado pela Estrela. Existem botões de todos os tipos: os mais antigos eram feitos com casca de coco ou tampas de relógio. Havia quem jogasse com botões grandes, tirados das roupas de pais, mães ou avós — e funcionava. Atualmente, os mais procurados são o de galalite, madrepérola e celuloide. As bolas, nos primórdios, podiam ser improvisadas com miolo de pão ou palha de aço. Hoje, usam-se as achatadas ou quadradas (há uma corrente contrária) e outras redondas, de feltro. E o jogador conduz seus jogadores sob o comando da indefectível palheta. Regras? Há as oficiais, mas, aonde você for, haverá variações. Faz
parte do espírito democrático do eterno futebol de botão, também chamado futebol de mesa.

Pelebol

No fim dos anos 1970, a garotada adorava jogar pelebol. O jogo, fabricado pela Estrela, com autorização da empresa Subbuteo, que o criara na Inglaterra, trazia uma foto do rei Pelé na caixa, grande e verde. Era disputado numa espécie de toalha que representava um campo de futebol e contava com bonecos de corpo inteiro sustentados por uma base em forma de abóbada. A bola, branca, era quase do tamanho dos jogadores. E o segredo era conduzir, peteleco a peteleco, os jogadores em busca do gol. Os times reproduziam clubes
e seleções da época.

Preguinho

Nada é mais simples do que o futebol de preguinho. É um minicampo, espécie de tabuleiro, onde são colocados pregos no papel de jogadores de futebol. Cada goleiro, claro, também é um prego. E a bola, uma moeda — se possível grande, para dificultar aos condutores a tentativa de marcar um gol. Os lances, como no futebol de botão, são desenvolvidos em função da habilidade manual de cada um dos dois adversários. E o chute a gol é disparado graças ao tradicional e eficiente peteleco. O futebol de preguinho é diversão para crianças, adolescentes e adultos. Normalmente, seu formato é artesanal, e boa parte de seus fabricantes são caseiros. Algumas indústrias de brinquedos chegaram a lançar produtos inspirados no jogo, mas com pregos trocados por pinos de plástico. Não deu muito certo. Os “boleiros” preferem o preguinho, literalmente, com prego. Muitos deles são vendidos por camelôs ou pelos ambulantes que circulam nos sinais de trânsito.

Totó, ou Pebolim

Foi um espanhol chamado Casternal quem trouxe o totó para o Brasil, nos anos 1950. Todo mundo um dia já jogou pebolim: individualmente ou em duplas, os jogadores manejam bonecos, por meio de “braços” ondutores. No Rio e nas regiões Norte e Nordeste, o jogo atende por totó. Em São Paulo, pebolim. Em Porto Alegre, fla-flu. No restante da Região Sul, pacau. Detalhe: na Argentina, a brincadeira é batizada de metegol. No Chile, taca. E na Itália, calcetto. Solta a bola!

POLI, Gustavo; CARMONA, Lédio. Almanaque do Futebol SporTV.
Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2009.

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