Edição 124
Projeto Didático
História, cultura, sustentabilidade e resistência do povo potiguara no Vale do Mamanguape – II EXPOIPM
Instituto Piaget de Mamanguape –
Mamanguape/PB
Ana Paula Bezerril Celestino e
Elaine Cristina Santos Pereira da Silva
Instituto Piaget de Mamanguape – Mamanguape/PB
Introdução
Nós só amamos aquilo que conhecemos. Embora a região do Vale do Mamanguape seja rica em cultura e história, muitos estudantes não conhecem suas raízes e não as valorizam. Concordamos com o mestre Paulo Freire (1978) quando diz que “O educador não parte do zero, mas das fontes culturais e históricas, de algo bem seu, da alma mesmo do seu povo…”, isto é, nós não partimos do nada, mas de um contexto social e histórico que é relevante para a nossa construção enquanto sujeito. Nessa perspectiva, elaboramos coletivamente um plano de ação para aprender e vivenciar um pouco da história da nossa região. Debruçamo-nos em livros e artigos e ouvimos e recebemos a visita de anciãos e lideranças indígenas potiguaras.
Justificativa
O projeto se justifica pela necessidade de promover aos estudantes o conhecimento da região na qual estão inseridos. Conhecer o seu território e a sua raiz histórica e cultural possibilita uma reflexão do nosso contexto social e contribui para a formação de sujeitos críticos, reflexivos e atuantes na sociedade.
Público-alvo
Alunos da instituição escolar.
Objetivo geral
Conhecer, a partir da prática pedagógica, a história, a cultura e a relação do povo potiguara com o meio ambiente e a sua luta em defesa dos seus direitos no Vale do Mamanguape.
Objetivos específicos
• Compreender a história do povo potiguara no Vale do Mamanguape.
• Identificar as práticas culturais indígenas.
• Investigar a relação entre indígenas e meio ambiente.
• Discutir os marcos legais e a luta dos potiguaras em defesa de direitos.
• Despertar o interesse dos estudantes pela realidade na qual estão inseridos.
Fundamentação teórica
Para a nossa prática pedagógica, buscamos leis e diretrizes que fundamentassem o nosso projeto. É preciso recordar que a inclusão da história e da cultura indígenas e afro-brasileiras nos currículos da Educação Básica e Superior brasileiras, através da promulgação das Leis nº 10.639/03 e nº 11.645/08, é um momento histórico singular, de crucial importância para o ensino da diversidade cultural no Brasil. Assim, o ensino básico passou a incluir a história e a cultura africanas, afro-brasileiras e indígenas, num esforço de lançar um olhar descolonizador sobre as origens do Brasil.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) estão estruturados sobre dois eixos principais: a interdisciplinaridade e a contextualização. A LDB nº 9.394/96 indica que o ensino deve levar em conta o cotidiano e a realidade de cada região, as experiências vividas pelos alunos, como eles podem atuar como cidadãos; enfim, ensinar levando em conta o contexto dos estudantes. Somente baseado nisso é que o conhecimento ganhará significado real para o aluno.
Por outro lado, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) define que o currículo das escolas tenha 40% do conteúdo composto pela parte diversificada, que serve para que os profissionais de educação adéquem seus currículos e suas práticas à realidade de sua instituição de ensino e do local onde está inserida, discutam temas de relevância social e cultural, contextualizados com a realidade dos seus alunos e da comunidade escolar.
A ideia da contextualização requer participação ativa do estudante em todo o processo de aprendizagem. Nesse sentido, o estudante será mais do que um espectador, ele passará a ter um papel central, será o protagonista; como um agente que pode resolver problemas e mudar a si mesmo e o mundo ao seu redor. Entretanto, não dá para pensar o aluno de forma isolada, sem pensar na relação com a sua comunidade. Uma educação, se se quer contextualizada e libertadora, pressupõe, pelo menos, três protagonistas interlocutores: o professor, o aluno e a comunidade.
Metodologia
Para alcançar os objetivos propostos, o projeto se desenvolveu ao longo de 3 meses, e as turmas foram organizadas em quatro grupos, sob a mediação de dois professores por grupo. Após a escolha dos temas, os professores mediaram o debate em sala de aula e a pesquisa que os estudantes fizeram.
Toda a produção de conhecimento ao longo desse período foi recolhida para a culminância do projeto.
Culminância
Diversas ações e materiais foram produzidos pelos estudantes: maquetes, peça teatral, confecções de cartazes e livros, bem como a degustação de comidas típicas e chás e a distribuição de ervas medicinais.
A exposição cultural finalizou o projeto desenvolvido. Ao longo do dia, a escola pôde contar com a presença de anciãos e lideranças indígenas potiguaras, que se sentiram prestigiados e, ao mesmo tempo, compartilharam as suas experiências de vida com os nossos estudantes e todos os demais participantes da comunidade escolar.
Considerações finais
A partir das discussões em sala de aula e da exposição cultural, tornou-se evidente que os alunos desenvolveram seus conhecimentos sobre a história e a cultura potiguaras e atingiram todos os objetivos propostos. Assim, podemos afirmar que a instituição cumpriu seu objetivo de apresentar e sensibilizar os alunos acerca da realidade em que estão inseridos, contribuindo para a formação de um sujeito crítico, reflexivo e consciente.
Ana Paula Bezerril Celestino é coordenadora pedagógica, graduada em Licenciatura Plena em Letras/Português pela UFPB e Especialista em Supervisão e Orientação Pedagógica.
E-mail: anapaulabezerril@gmail.com
Elaine Cristina Santos Pereira da Silva é gestora pedagógica, graduada em Licenciatura Plena em Geografia pela UEPB e Especialista em Gestão Educacional pela UFPB.
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