Edição 106

Como mãe, como educadora, como cidadã

O QUE MAIS IMPORTA? CTI – UMA EXPERIÊNCIA…

“Que a estrada suba ao seu encontro. Que o vento sempre sopre em suas costas. Que o sol brilhe quente em seu rosto, que as chuvas caiam sobre seus campos e, até nos encontrarmos de novo… que Deus o tenha, suave, na palma de sua mão.”

Antiga bênção irlandesa

Em dezembro de 2018, passei por um quadro de sepse (é um conjunto de manifestações graves em todo o organismo, produzido por uma infecção). A sepse era conhecida antigamente como septicemia, ou infecção no sangue. Hoje é mais conhecida como infecção generalizada.

Assim que cheguei ao hospital, fui encaminhada logo para o CTI.

Quando cheguei ao CTI, estava consciente e senti a presença bem forte de minha mãe, o que me alegrou bastante.

Mesmo estando consciente, lembro-me muito pouco do período que passei lá.

Quando acordei no dia seguinte, depois de minhas orações, senti que precisava começar uma mudança para mandar embora o que não estava me fazendo bem e iniciar um ciclo mais leve.

Abandonar velhos hábitos, livrar-me da culpa, esquecer o passado, as mágoas, limpar as gavetas do coração e encontrar uma nova forma de viver.

Vivia me orgulhando do meu ritmo de vida, acordava às 5 horas da manhã, de domingo a domingo, e não parava. Dormia de 4 a 6 horas por noite, sem horário de alimentação, comia pouco e ainda, orgulhosamente, dizia que durante o ano tirava apenas um dia, a Sexta-feira Santa, para não trabalhar.

Tinha que trabalhar todos os dias, mesmo que fosse por poucas horas.

No CTI, vi o quanto precisava desapegar, coisa que antes parecia impossível, pois estava acostumada com a minha vida, numa zona de conforto, sem me dar conta do quanto estava parada no tempo, exigindo demais de mim e acumulando peças que já não se encaixam mais em minha história.

Precisei desapegar, sabendo que desapegar é um ato de amor consigo mesmo, é se dar uma nova chance, é abandonar o círculo vicioso que atrasa descobertas incríveis. Abrir-se para o novo.

Olhando para as minhas próprias necessidades e avaliando o momento atual, pude perceber que preciso praticar o desapego e considerar uma outra forma de viver. Abrindo mão de planos e expectativas, superando fracassos e deixando a culpa ir embora. Foram passos gigantes em direção a uma tentativa de viver diferente.

“As vezes, Deus nos faz adoecer para nos obrigar a olhar para cima. ‘Ele me faz repousar…’ como no Salmo 23. E muitas vezes somos forçados, não por Deus, mas pelas circunstâncias, a ficarmos presos ao leito. Isto pode acabar se tornando uma experiência abençoada. Até mesmo o leito de um inválido pode ser um lugar de bênção, se a pessoa souber transformar em benefício o seu infortúnio.”

Charles L. Allen

A partir de agora, minha proposta é de fazer sempre um exercício de autoconhecimento, não deixando que esse exercício seja feito num CTI; não vale a pena isso, eu garanto.

Resolvi praticar a atenção plena, que é um novo jeito de ser, de viver e de melhorar o equilíbrio entre o trabalho e a vida pessoal.

Os benefícios da prática da atenção plena

A prática frequente da atenção plena traz diversos benefícios físicos e psicológicos, entre eles:

• Aumenta a sensação de calma e relaxamento.
• Melhora os níveis de energia e de entusiasmo pela vida.
• Reduz o nível de estresse, depressão, ansiedade, dor crônica, dependência química e baixa imunidade.
• Ajuda a aumentar a compaixão por nós mesmos, pelos outros e pelo planeta.

Grande abraço,
Zeneide Silva

cubos