Edição 14

Projeto Didático

Projeto Pedagógico Coopeimb — uso racional da água

A busca de propostas individuais e coletivas que levem ao estabelecimento de relações econômicas, sociais e culturais cada vez mais adequadas à promoção de uma boa qualidade de vida para todos exige profundas mudanças na visão que ainda prevalece sobre as relações estabelecidas entre a sociedade humana e seu ambiente de vida (Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN ).

A compreensão das questões ambientais pode ser favorecida pela organização de um trabalho interdisciplinar no qual vários componentes curriculares estejam inseridos.

Para tanto, o estudo detalhado das questões do meio ambiente, como poluição, limites para o uso dos recursos naturais, sustentabilidade e desperdício, pressupõe que o aluno tenha construído determinados conceitos (área, volumes, proporcionalidade) e procedimentos (coletas, organização, interpretação de dados estatísticos, formulação de hipóteses, realização de cálculos e prática de argumentação).

Ao relacionar os conceitos entre si, estabelecer relações com as demais áreas de conhecimento e as situações do cotidiano, espera-se estar garantindo a construção do conhecimento, contribuindo para que o aluno questione a realidade, formule problemas tratando de resolvê-los, utilizando, para isso, o pensamento lógico, a criatividade, a intuição, a capacidade de análise crítica, selecionando procedimentos e verificando sua adequação na busca do exercício da cidadania.

Com base nesses pressupostos, os professores do Colégio Coopeimb (Cooperativa Educacional de Imbituba), juntamente com a Coordenação Pedagógica e a Direção, desenvolveram, durante o ano letivo de 2002, um projeto pedagógico que teve como título: Uso racional da água, cujo tema referente ao meio ambiente tratou do uso racional dos recursos hídricos no Planeta Terra.

O Projeto se propõe a realizar discussões sobre a presença dos conceitos aprendidos na escola e no nosso cotidiano, oferecendo aos alunos oportunidade de exemplificar diversas situações em que a Matemática, a Física, a Química, a Geografia, a História, a Língua Portuguesa se fazem presentes, como, por exemplo, na leitura e no cálculo de contas de água e de luz, de taxímetro e outros.

O referido Projeto desencadeou uma série de recortes temáticos desenvolvidos pelos componentes curriculares de Geografia, Matemática, Biologia, História, Língua Portuguesa, Física, Química, Artes e Educação Física, tais como: A leitura do globo terrestre, Águas subterrâneas, Tipos de água, História da captação da água que abastece o município de Imbituba, Uso racional da água para garantia da vida nas gerações futuras e A água na irrigação, A água como esporte e lazer. Durante as aulas, procurou-se propiciar aos alunos a oportunidade de refletir sobre o problema da quantidade de água disponível e o modo irracional como a humanidade vem tratando esse recurso natural.

A problemática das limitações dos recursos hídricos à disposição da humanidade, agravada pelo modo irresponsável como o ser humano vem tratando, ao longo de sua existência, essas fontes de água, torna necessário ampliar as discussões que se iniciaram pela observação do mapa-múndi, verificando as manchas azuis que representam oceanos, rios e lagos, predominando sobre as cores que dão contorno aos continentes. Para ser mais preciso, o que aprendemos, segundo o texto Pote Vazio, extraído da revista Família Cristã de 1999, é que 70,8% do Planeta Terra tem água. Talvez por isso esse recurso natural tenha sido considerado, durante muito tempo, um bem inesgotável. Observando com mais atenção, percebe-se que 97,2% da água existente no mundo é salgada, imprópria para o consumo.

Dos 2,8% de água doce restantes, 77,2% concentram-se nas geleiras e calotas polares. As águas subterrâneas, os lençóis freáticos e aqüíferos e a umidade dos solos representam 22,4%, sendo que dois terços delas são de difícil exploração, pois se encontram a mais de 750 metros de profundidade. Na atmosfera, estão 0,04% de água doce, sob forma de vapor, enquanto lagos e pântanos totalizam 0,35%. Apenas 1% é de água doce, formando rios e córregos, que constituem, ainda hoje, as principais fontes para o abastecimento humano, pela facilidade e pelo baixo custo de captação. A poluição, aliada ao consumo irracional e ao crescimento populacional desordenado, provoca uma preocupante escassez de recursos hídricos em várias regiões do globo.

Para pôr em prática essa temática, propõem-se estudos que envolvam alunos e familiares, com o propósito de modificar sua postura, através do uso mais consciente e participativo, já que a economia familiar contribui para o uso racional da água como bem esgotável.

O projeto foi desenvolvido no período de agosto a outubro, com alunos de quinta a oitava série do Ensino Fundamental e do primeiro ao terceiro ano do Ensino Médio, e teve como objetivo principal sensibilizar a comunidade escolar a adquirir novos hábitos em relação aos cuidados que devemos ter com o meio ambiente e, mais especificamente, com o uso racional da água.

Muitas atividades significativas foram desenvolvidas, favorecendo uma visão holística do problema, dando oportunidade para que os alunos buscassem alternativas de soluções.

A saída a campo às grutas de Botuverá, em Santa Catarina, foi apresentada através de um mural com relatório fotográfico, onde podiam ser observadas as águas subterrâneas.

Por ocasião do oitavo aniversário do Colégio, que aconteceu no dia 25 de outubro, organizou-se a VI Feira Escolar Coopeimb, proporcionando a socialização com alunos de outras escolas, pais e comunidade em geral e o compartilhamento de todos os conhecimentos adquiridos durante o desenvolvimento do projeto Uso racional da água.

Os alunos da oitava série realizaram uma saída ao campo da Companhia de Água e Saneamento – Casan, onde aprenderam como se processa o tratamento da água. Na Feira Escolar Coopeimb, foi apresentada uma maquete para demonstrar os passos desse tratamento. Foram trabalhados aprendizados com relação à qualidade da água que bebemos, através do procedimento de higienização da caixa-d’água.

Em História, os alunos pesquisaram sobre o abastecimento de água no município de Imbituba, desde a construção da caixa-d’água, por Henrique Lage, até os dias de hoje, através da Casan.

Uma das alternativas apresentadas pelos alunos para preservar o lençol freático foi a construção de uma fossa séptica, obedecendo a uma seqüência de filtros de pedras, areias e juncos, devolvendo para a natureza, 80% limpa, a água utilizada no banheiro.

Em Química, os alunos ensinaram a confeccionar sabões e sabonetes, distribuindo receitas com o modo de fazer, e algumas amostras foram entregues como lembrancinhas.

Ainda abordando a preocupação com a preservação ambiental, os alunos apresentaram como fazer a reciclagem de papel e a compostagem, mostrando qual deve ser o destino das pilhas que não servem mais.

Os alunos também salientaram a importância da água para o esporte e o lazer, ressaltando a prática de surfe no município de Imbituba, lugar muito procurado para esse tipo de esporte.

Uma visita ao plantio de arroz, no município de Imbituba, foi demonstrada através de relato fotográfico, sendo possível constatar a grande quantidade de água utilizada na agricultura, principalmente no que diz respeito às questões ambientais, pois o uso dos agrotóxicos comprometem o meio ambiente, e a água é usada como veículo de poluição.

Algumas ações do cotidiano que podem contribuir para a qualidade de vida, através do aproveitamento de cascas e sementes, foram apresentadas em livrinhos de receitas organizados em Língua Portuguesa.

Como produto final, o Colégio confeccionou um calendário de mesa, contendo dicas de economia de água e ilustrado com fotos das atividades desenvolvidas pelos alunos, principalmente as saídas a campo.

Colégio Coopeimb (Cooperativa Educacional de Imbituba) coopeimb@terra.com.br
Maria de Lourdes Jeremias de Souza – Diretora
Enadir da Silva Cabral – Coordenadora Pedagógica
Maria Rosa Cardoso de Souza – Coordenadora Pedagógica

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