Edição 21

Pintando o 7

TEATRO DE FANTOCHES

Histórico

Remonta à mais longínqua antiguidade a origem do teatro de fantoches. Já o homem primitivo modelava máscaras rituais e totens. O teatro de bonecos, em Roma e na Grécia, tornou-se popular.

Na Idade Média, a maioria dos países europeus adotou-o como meio de expressão das lendas e farsas políticas.

Hoje, os nossos bonecos têm valor recreativo, educativo e social. Influem no comportamento e na formação da psicologia das massas, refletindo, em conseqüência, na atuação de cada povo. Conhecemos o Polichinelo, o Sancho Pança e, entre nós, Jeca Tatu, Saci-pererê, João Minhoca, Emília e outros.

Em nossos dias, os fantoches têm função ampliada e enriquecida. Não os encontramos somente nas ruas e nos teatros; vamos encontrá-los na escola, para alegria e divertimento da criançada. É papel relevante no processo educativo, constituindo, portanto, material didático apreciadíssimo.

O valor do teatro na sala de aula

A escola deve ser a continuação da vida do lar. E, no lar, não está a criança sempre representando, teatralizando? Ela imita a voz e a atitude da professora; a própria mãe, que prepara os pratos, lava e passa a roupa, põe o irmãozinho para dormir e outras situações reais.

A conversa com bonecas e animaizinhos e outras atitudes dramatizadoras da criança justificam a introdução do teatro na escola.

Confeccionando os bonecos para o teatrinho, as crianças, além de se desenvolverem nas atividades manuais, têm oportunidade para o cultivo das atitudes morais, ao mesmo tempo que se inteiram da proporção e forma da cabeça do homem ou do animal que modelam.

É um ótimo material didático para a língua pátria, proporcionando o desenvolvimento do vocabulário infantil e corrigindo defeitos de dicção porventura existentes.

Massa de papel para fantoches

Ingredientes:

· ½ rolo de papel higiênico
· 1 xícara de chá de farinha de trigo
· 2 xícaras de chá de água fria
· 1 colher de sobremesa de lisoforme ou outro desinfetante
* Prefere-se o papel higiênico, porque dissolve mais facilmente.
* Meio rolo de papel dá uma cabeça de fantoche.

Modo de preparar:

· Ralar ou repicar o papel; ferver bem em panela de pressão durante trinta minutos.
· Bater o papel no liquidificador ou colocar a pasta de papel sobre a tábua de carne e bater com um facão, como se bate espinafre.
· Preparar, à parte, um grude de farinha de trigo.
· Dissolver o trigo em água fria para evitar a formação de grumos. Levar ao fogo para cozinhar bem.
· Deixar esfriar.
· A seguir, juntar, aos poucos, o grude à massa, espremendo com as mãos.
· Juntar uma colher de sobremesa de desinfetante.
· Sovar a massa, como se fosse de pastel. A massa ideal não adere aos dedos, escorrega livremente pelas mãos.

Daremos instruções para modelar a cabeça do fantoche.

Somente depois de perfeitamente seca a cabeça do fantoche é que iremos pintá-la. Antes de pintar, lixa-se para melhor acabamento. Pode-se, também, dar-lhe um banho em calda fina de gesso estuque. Em caso de bruxas, duendes ou animais ferozes, pode-se deixar o fantoche ao natural, aplicando-lhe diretamente a decoração.

A pintura é feita com guache, tinta a óleo ou tinta esmalte.

Pintando-se com guache, aconselha-se passar sobre o mesmo, depois de perfeitamente seco, verniz cristal. Usa-se pincel ou vaporizador.

Cabelo – de acordo com o personagem, usa-se lã fina, sisal, estopa, palha de milho, barba de bode, ráfia ou mesmo cabelo natural, que se prende à cabeça por meio de cola forte.
Olhos – podem ser da própria massa e pintados: botões, sementes ou olhos de vidro.
Orelhas – são feitas de cartolina, feltro de couro, também presas por meio de cola.
Mãos e pés – feltro, couro ou papelão.

As vestimentas serão feitas de acordo com o personagem, caracterizando-o da melhor forma possível.

Material necessário para modelar a cabeça do fantoche:

· Molde para a cabeça: cortar duas peças iguais. É feita de pano comum, fino, cortado de acordo com o modelo. Costurar à máquina e virar para o lado direito. Quando for modelar cabeça de animais de focinho (porco, cachorro, etc.) usar o molde da figura nº 2.
· Uma garrafa de guaraná que servirá de suporte para modelar a cabeça.
· Um sarrafo de 30 cm de comprimento e da grossura do dedo indicador.
· Um pouco de pó-de-serra (para encher o molde).
· Linha forte.
· Pedaço de papel impermeável.
· Guache para colorir.
· Pincel para guache.
· Verniz cristal para o acabamento.

Modo de preparar:

· Encher o molde com pó-de-serra, deixando vazia a parte do pescoço.

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· Introduzir o sarrafo no pó-de-serra.

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· Com a linha forte, amarrar a boca do molde ao sarrafo

· Introduzir o sarrafo no gargalo da garrafa, devendo atingir o fundo da mesma. Se o sarrafo ficar balançando, recomenda-se colocar areia até o meio da garrafa.

· Recobrir o saquinho de pó-de-serra
(molde) com papel impermeável,
amarrando-o ao suporte, com linha comum.

artes-06· Modelar com massa própria.
· Recobrir todo o molde.
· Formar boca, olhos, queixo, nariz.
· Colocar as orelhas.
· Terminar o pescoço com uma saliência
cilíndrica em toda a volta, para segurar
a roupa.
· Depois de perfeitamente seca ao ar
livre, retirar a cabeça do sarrafo.
· Desamarrar o fio que prendeu
o saquinho de pó-de-serra (molde),
esvaziando-o. Se a cabeça estiver úmida por dentro, poderá ser colocada ao sol ou no forno para
a secagem perfeita.
· Proceder à pintura .

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O professor explicará aos alunos a proporção para a cabeça humana. Divide-se a cabeça em
quatro partes, como nos mostra a
gravura: a primeira parte, ao alto,
é a testa; na segunda parte,
colocam-se os olhos e as sobrancelhas.
Nariz e orelhas na terceira parte,
ficando a última para a boca.
Quando vamos modelar animal de orelhas longas ou aves de bico prolongado,
colocamos arame fino.
O arame, que será colocado
sobre o papel
impermeável, dará o
formato das orelhas ou do bico.
Recobrimos essa armação de
arame, com papel
impermeável, prendendo a
extremidade com fita adesiva.
Essa armação não sairá mais.

Mãos e punhos

artes-11Feitas de feltro, flanela ou outro tecido similar, as mãos são cortadas de acordo com o molde (duas peças para cada mão), costuradas à máquina e cheias de algodão. São presas às mangas por meio de um cilindro de cartolina de 6 x 10 cm.

Vestimenta

De acordo com o personagem que se caracteriza, a vestimenta terá o formato de uma túnica a fim de cobrir o braço do operador. A túnica será franzida no decote e presa à saliência do pescoço.
Fazendo-se calça comprida, esta será presa à blusa ou ao paletó, somente na parte da frente, deixando a traseira livre para o operador introduzir a mão. Imita-se calça, fazendo-se túnica com prega-macho, funda na parte da frente e atrás. Segura-se o fantoche com três dedos: indicador para a cabeça; polegar e médio para as mãos.

Nota: não há necessidade de se fazer os sapatos, pois o operador não mostra todo o fantoche. Quando o fizer, serão costuradas as barras da calça ou do vestido

Palco-cenário

O palco para teatro de fantoches pode ser feito de maneira simples, com sarrafos e panos. Os tipos de palco são os mais variados, porém o mais comum e mais usado é o de três peças, conforme mostra a figura:

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O pano de boca deve ser escuro e pesado, a fim de impedir que seja vista a mudança de cenários. Estes são pintados com tinta guache. O fundo deve ser preferivelmente cinza, de modo a evidenciar o colorido da indumentária dos fantoches. O jogo de luz não deve ser esquecido. Aconselha-se encarregar uma pessoa somente dessa parte.

Conclusão

Demos as instruções mais necessárias para a instalação de um teatro de fantoches.

O seu êxito, entretanto, depende do entusiasmo, da dedicação e da capacidade de improvisação dos atores.

Concitamos todos os professores a tentarem, em suas escolas, a instalação de um teatro de fantoches, orientando seus alunos na confecção dos bonecos, do palco e na realização das peças.

Fonte: Manual Pedagógico para a Escola Moderna – Editora Pedagógica Brasileira

Fonte: Manual Pedagógico para a Escola Moderna – Editora Pedagógica Brasileira

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