Edição 51
Lendo e aprendendo
Tópicos importantes
dos Parâmetros Curriculares Nacionais do 6º ao 9º ano
Língua Portuguesa
O domínio da linguagem
Não basta falar e escrever bem; é preciso dominar a linguagem para participar da vida do bairro, da cidade e do país. Pelo uso da linguagem, escolhendo as palavras certas para cada tipo de discurso, as pessoas se comunicam, trocam opiniões, têm acesso às informações, fazem cultura e protestam. Em outras palavras, tornam-se cidadãs. Essas preocupações em formar “cabeças pensantes”, que saibam entender e se expressar em diferentes situações, atravessarão todos os ciclos do Ensino Fundamental.
É uma nova postura de ensino que procura levar em conta a realidade e os interesses dos próprios alunos, além de:
• Fugir dos exercícios mecânicos, quase sempre fragmentos de textos, preferindo o trabalho a partir do texto, e não de frases soltas.
• Valorizar menos a gramática normativa, que termina por dar mais destaque às exceções do que às regras.
• Utilizar o texto literário como um aprendizado em si, e não como expediente para ensinar valores morais e gramática, inibindo a descoberta, pelo aluno, do prazer da leitura.
O que veio da Linguística
Em vez do ensino tradicional, que muitas vezes alimenta a falsa ideia de que o português é uma língua difícil, o que todo professor deve ter bem claro é que seus alunos refletem variações linguísticas que representam sua origem regional, de gênero (variações segundo o sexo), de faixa etária (variações de acordo com a idade) e socioeconômica. Essa proposta, que surgiu da Linguística, traz um respeito maior à diversidade social e regional dos estudantes, tentando, assim, encontrar um caminho para democratizar o ensino.
Dica
Uma forma de treinar textos orais é organizar a leitura dramática de um trecho de peça teatral. O aluno precisa treinar sua fala para encontrar as pausas corretas e a intensidade da fala (se o personagem está calmo, ansioso, com medo ou raiva; falar de diferentes modos uma mesma frase). Dispensando a cenografia e a memorização do texto, o professor concentra o foco de seus alunos na preparação da fala.
No lugar da atitude corretiva, o professor usa a linguagem do aluno como exemplo para mostrar a diferença — e não o erro. Não existe mais um único jeito de falar o português (o mais próximo da norma gramatical), mas um respeito pelos diversos falares que nossa língua ganhou em cada região do País e em cada grupo socioeconômico.
Trabalhando com a língua falada
Quando entra na escola, a criança já possui certa habilidade para a linguagem oral. Durante o ciclo fundamental, cabe ao ensino de língua portuguesa ampliar sua capacidade de usar a fala de forma competente, escolhendo as palavras certas para cada tipo de discurso. A maneira como se conversa em uma entrevista de emprego não é a mesma que se utiliza ao reclamar direitos, defender pontos de vista ou apresentar o resumo de um livro.
Nos últimos ciclos, o aluno deve trabalhar com o domínio das pausas, com a construção de frases claras e concisas, além de perceber a importância dos elementos não verbais, como gestos, expressão facial ou postura corporal.
Dica
Você pode usar uma câmera de vídeo para gravar trechos de um debate político ou de seminários de seus alunos e exibi-los para a classe, exemplificando a importância dos gestos, da entonação e do encadeamento correto das frases na linguagem oral. O próprio aluno, ao se observar filmado, perceberá suas deficiências, sem que para isso seja necessária a interferência do professor, que poderia ser inibidora.
Usando a escrita durante a fala
Outro ponto básico no trabalho de expressão oral é ensinar aos estudantes como utilizar a linguagem escrita como elemento de apoio para registro ou reforço da fala. É o velho truque, muito usado pelos professores, de escrever na lousa as palavras fundamentais de um tema. Para seus alunos, você pode sugerir a confecção de cartazes ou transparências em que os aspectos mais importantes da fala estarão presentes.
A fala deve ser preparada antes
Ao contrário da escrita, a fala, uma vez pronunciada, não pode ser reconstruída. Por isso, é imprescindível que se prepare muito bem a exposição. Elaborar esquemas que ajudem a fazer uma aula prévia para outros participantes do grupo, ou mesmo individualmente, são etapas necessárias para o domínio da língua oral. Ao ouvir a própria voz, gravada ao vivo, o aluno encontra o tom correto, a pausa mais adequada e exercita palavras com as quais não está familiarizado — muitas vezes trocando-as por sinônimos mais adequados e enriquecendo, dessa forma, o vocabulário.
Escolhendo textos de expressão oral
Exemplos de textos literários: cordel (em que se estudará um tipo de literatura coloquial, em versos), causos populares (a versão escrita dos contadores de histórias, em forma de prosa), textos teatrais, além de canções (a música popular é uma modalidade de expressão oral, aliás muito próxima do cotidiano dos alunos).
Exemplos de textos jornalísticos: trechos de programas de rádio (nos quais se usam frases curtas e variações sugestivas de entonação), entrevistas (que permitem analisar o encadeamento das ideias, a argumentação, além de alguns cacoetes de linguagem), debate televisionado (nele, verifica- se como as ideias e os argumentos são encadeados por cada falante) e depoimento em primeira pessoa (exemplo de fala, em geral mais emotiva, intimista).
Exemplos de textos de publicidade: anúncios de rádio e televisão (com sua linguagem direta, técnica de repetição e fixação de nomes).
Exemplos de textos de divulgação científica: exposição (quando a escola convida um especialista para explanar algum tema de interesse dos alunos) e trechos de documentários.
A leitura de textos escritos
É aqui, no terceiro e quarto ciclos, que se formam os leitores. Não é uma tarefa fácil nem se faz da noite para o dia. Portanto, toda atenção dispensada à leitura é da maior importância, e ela deve ser tratada como um fim em si. Caiu em desuso a prática de aproveitar textos literários como forma de ensinar um ponto de gramática ou alguma lição moral. O objetivo do trabalho com os textos nesses ciclos é criar o gosto pela leitura.
Desenvolvendo o hábito da leitura
• A escola deve dispor de uma biblioteca da qual os alunos possam emprestar livros para leitura em casa (sem objetivo de avaliação pelo professor). Caso sua escola não possua uma, tente articular uma saída com empresas vizinhas. O diretor ou a Associação de Pais e Mestres pode viabilizar a criação ou a melhoria do acervo da escola. Melhor ainda são minibibliotecas em cada sala de aula, que permitem o acesso aos livros mais próximo de suas atividades.
• Organize sessões de leitura livre, em que o aluno escolhe seu livro. Depois, cada um fala sobre o que leu para o resto da classe (lembre-se de que essa atividade não deve ser imposta). Dessa forma, aprende-se com a experiência do outro e, muitas vezes, o aluno se sente motivado a ler um livro a partir da descrição do colega.
• Dê um status próprio à atividade de leitura em seu planejamento escolar. Se possível, reserve uma aula por semana para a prática de leitura, sem nota. Ela, por si só, é um trabalho.
Dica
Permita que o aluno também selecione sua leitura. É uma forma de incentivar o gosto pessoal na escolha de uma obra, um gesto que ele repetirá em anos futuros, quando se tornar um consumidor de livros.
• Valorize a leitura de revistas e jornais. Por meio dela, seus alunos estarão em contato com diversos registros de escrita aceitos socialmente, além de acumular informações sobre o bairro, a cidade, o país e o mundo. Mas é importante que a leitura de jornais tenha periodicidade. Não adianta dedicar-se a essa atividade uma vez por mês, pois os estudantes não compreenderão o contexto dos dias anteriores.
• Envolva seus colegas de outras disciplinas e a própria escola no trabalho de aquisição de livros para a biblioteca e na atividade de leitura. A tarefa de formar leitores é de toda a escola, já que, para o aluno se desenvolver em qualquer área, precisa produzir textos.
Refazer textos é outra etapa da aprendizagem
O papel de corrigir o texto costuma ficar com o professor, que anota os erros com caneta vermelha nos cantos das páginas. Alguns gostam de fazer comentários, nem sempre compreendidos pelos alunos. O erro mais comum é imaginar que o trabalho de redação se encerra na correção. Quem faz isso não avalia o potencial de aprendizagem que o trabalho de refazer um texto dá ao aluno.
Dica
Procure um manuscrito original de escritor conhecido de seus alunos e compare-o, junto à classe, com o texto publicado. Será uma boa forma de exemplificar o trabalho de releitura e lapidação que sofre o texto.
Ensine-lhes que um texto, qualquer um, nunca surge em estado pronto e acabado. Ele é fruto de muito trabalho e várias releituras. Experimente indicar as passagens que ficaram obscuras, as que contêm erros de concordância ou de encadeamento de ideias e deixe que o estudante refaça o próprio texto. Isso permitirá que ele se distancie da redação que produziu, atuando, assim, de maneira mais crítica. Mais do que a correção de erros, o que interessa, nesse tipo de trabalho, é a postura de escritor: apagando, acrescentando, excluindo, redigindo de novo uma ou outra passagem. Aprendendo a reestruturar seu texto, primeiramente com a ajuda do professor, o aluno estará ganhando instrumentos e noções práticas de revisão que tendem a levá-lo, aos poucos, à autocorreção.
Ou seja, reescrevendo o próprio texto a pedido do professor, chegará um momento em que o aluno estará fazendo esse trabalho de aprimoramento espontaneamente.
Dica
O aluno que desejar ver sua redação corrigida pela classe deverá transcrevê-la no quadro-negro, e seus colegas, junto com o professor, devem sugerir mudanças ortográficas, de pontuação e também de estilo.
Os caminhos da cidadania
Os conteúdos de pluralidade cultural podem ser resumidos na busca pela cidadania dentro de uma sociedade multiétnica e pluricultural, características do Brasil. Veja quais são os principais objetivos propostos pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) para desenvolver o tema:
• Conhecer a diversidade do patrimônio etnocultural brasileiro, cultivando atitudes de respeito e reconhecendo a variedade cultural.
• Valorizar as diversas culturas presentes no País, reconhecendo sua contribuição no processo de constituição da identidade brasileira.
• Reconhecer as qualidades da própria cultura, valorizando- a criticamente e enriquecendo, dessa forma, a vivência da cidadania.
• Desenvolver atitude de solidariedade em relação às pessoas vítimas de discriminação.
• Repudiar toda e qualquer forma de discriminação baseada em diferenças de raça, etnia, classe social, crença religiosa, sexo e outras características individuais ou sociais.
• Exigir respeito para si e para o outro, denunciando atitudes de discriminação ou qualquer violação dos direitos da criança e do cidadão.
• Valorizar o convívio pacífico e criativo entre os diferentes componentes da diversidade cultural.
• Compreender a desigualdade social como um problema de todos e como uma realidade que pode ser transformada.
• Analisar atitudes e situações que podem resultar em discriminação e injustiça social.
A aula imita a arte
Fazer uso das artes é uma boa forma de caracterizar identidades étnicas. Confira.
• Com música: explore a origem dos ritmos, as características melódicas e os instrumentos.
Dica
Mostre a seus alunos as diferentes formas e a marcação do tempo usadas por diversos grupos etnoculturais, tais como índios, judeus, muçulmanos, asiáticos e outros. Saber como é o calendário desses grupos, descobrindo fatos, festas e tradições, faz com que se perceba a noção de tempo social, que difere do calendário civil.
• Com artes plásticas: tente encontrar elementos para o trabalho escolar na seleção de material conforme a tradição — pedra, barro, ferro, cobre, metal — e a criação artística que mostra a relação do homem com a natureza.
• Com teatro: desenvolva atividades que envolvam o espaço teatral, como arenas e olimpos.
• Com literatura: aponte movimentos literários, a visão dos valores de diferentes épocas e as reivindicações de diversos grupos sociais.
Geografia
A hora da independência
Chegou o momento de o jovem vivenciar novas experiências, ancoradas em sua visão de mundo ampliada. No quarto ciclo, os conhecimentos de rua combinam-se com os da família, da escola, da mídia, das influências culturais e do grupo social a que o adolescente pertence. A passividade dá lugar à busca de identidade. É a fase do questionamento, da contestação, do interesse pelas questões do mundo, da politização dos assuntos. Em classe, é o momento no qual o saber do professor é posto à prova. Com a gama de interesses que se abre, é possível discutir diversos temas, como mercado de trabalho, questões ambientais, poder da mídia e modo de vida na sociedade moderna. Evite o discurso puramente descritivo e pouco argumentativo, que apenas contribui para afastar os alunos da Geografia.
Dica
Sempre estimule seus alunos a trazer informações novas para o tema a ser analisado em classe. Eles podem pesquisar dados na região onde moram, buscar referências em material impresso (livros, revistas e jornais) e em meios eletrônicos (rádio, TV e Internet). O material deve ser avaliado pelo professor antes de ser aproveitado.
A força das imagens
Dispor de recursos visuais é indispensável para o ensino da Geografia: desenhos, fotos, maquetes, jogos, mapas e imagens de satélite são ferramentas básicas para o professor em sala de aula. Se antes a cartografia era vista como simples técnica de representação, agora a história é outra. Hoje, o aluno é instigado a ser um mapeador crítico, consciente do trabalho que está realizando. O objetivo da alfabetização cartográfica é desenvolver a capacidade de leitura, para que, a partir dela, o aluno seja capaz de extrair dados relevantes daquilo que procura e formule hipóteses reais com as informações de que dispõe no mapa. Conheça, a seguir, os principais itens para trabalhar esse tema:
• Conceitos de escala e suas diferenciações para análises espaciais.
• Pontos cardeais, coordenadas geográficas, orientação e mediação cartográfica.
• Uso de mapas nos trajetos cotidianos.
• Localização e representação em mapas, maquetes e croquis;
em outro nível, as posições na sala de aula, em casa, no bairro e na cidade.
• Leitura, criação e organização de legendas.
• Análise de mapas da cidade, dos estados, do Brasil e do Mundo
• Confecção de croquis cartográficos para analisar informações e fazer correlação entre fatos.
Avanços premiados
O professor deve ter em mente que os critérios de avaliação precisam respeitar e contemplar as conquistas do aluno nesses dois anos. Seguem-se, de modo amplo, os parâmetros para elaborar uma avaliação:
• Reconhecer conceitos e categorias tais como espaço geográfico, território, paisagem e lugar e saber identificá-los com a área.
• Caracterizar paisagens urbanas e rurais.
• Conhecer a importância dos mapas como leitura de paisagens e suas várias escalas.
• Saber diferenciar seu lugar dos diversos locais que constituem o mundo.
Dica
Não se restrinja a mapas convencionais, como aqueles que mostram a divisão político-administrativa do Brasil. Procure usar diversos tipos de representação cartográfica, como mapas turísticos, climáticos, de relevo, de vegetação ou os guias da cidade para que seus alunos se acostumem com a leitura dessas cartas no cotidiano.
• Perceber como a comunidade se identifica com os lugares e se apropria deles.
• Desenvolver postura crítica em relação ao comportamento da sociedade, à apropriação e à interação das pessoas com os lugares.
O que os alunos precisam saber
Confira quais são os principais objetivos do estudo da Geografia para o quarto ciclo, de acordo com os parâmetros definidos pelo MEC:
• Compreender as múltiplas interações entre sociedade e natureza.
• Avaliar a ação dos homens e suas consequências em diferentes espaços e tempos.
• Saber que melhorias das condições de vida geralmente são decorrentes de conflitos e acordos que seguem ritmo desigual entre os diversos povos do mundo.
• Fazer a leitura de imagens, dados e documentos de diferentes fontes de informação para interpretar, analisar e relacionar fatos sobre o território, os lugares e as diversas paisagens.
• Utilizar a imagem gráfica (mapas, tabelas e outros) para obter informações.
• Perceber que a sociedade e a natureza possuem leis e princípios próprios e que o espaço resulta das interações entre elas.
• Valorizar o patrimônio cultural e respeitar as diferenças de povos e de valores individuais.
• Desenvolver o espírito de pesquisa para compreender a natureza e suas paisagens.
• Criar condições para que o aluno construa sua ideia de mundo a partir de sua localidade.
Admirável mundo tecno
O mundo mudou bastante nos últimos anos. Quer ver? Experimente lembrar como era a sua vida na idade em que estão seus alunos hoje. Computador era uma palavra que não existia em seu vocabulário. Em seu lugar, lá estava a máquina de escrever. A TV em cores era um luxo para poucos. E o tempo de completar uma ligação interurbana era suficiente para tirar um cochilo. Daqui a vinte, trinta anos, quando os estudantes estiverem no mercado de trabalho, as tecnologias usadas na virada do milênio serão, literalmente, coisa do passado. É nesse ritmo que o mundo vem mudando atualmente. Estar atento a tudo isso é importante para o professor.
Como a área de estudo é relativamente nova nos conteúdos escolares, os PCN prepararam o eixo temático Tecnologia e Sociedade dentro da proposta de Ciências. São dois os objetivos principais: formar alunos capazes de utilizar diferentes recursos tecnológicos e discutir as implicações éticas e ambientais da produção e utilização de tecnologias.
Para o bem e para o mal
A partir do terceiro ciclo, é possível familiarizar os alunos com os equipamentos, aparelhos e outros produtos tecnológicos presentes na vida doméstica e social de modo mais amplo e elaborado do que se fazia nos períodos anteriores de estudo. A turma poderá verificar como diferentes tecnologias, novas ou antigas, permitem transformar materiais e energia para realizar atividades essenciais, como a obtenção de alimentos, a manufatura (cerâmica, vestuário, construção), o transporte, a comunicação e a saúde. No quarto ciclo, o professor discutirá como a sociedade, por meio do desenvolvimento tecnológico, explora recursos da natureza e interfere em ciclos naturais, produzindo alterações profundas na biosfera. Ao mesmo tempo, peça à turma para investigar como as ações humanas podem recuperar ambientes degradados e criar programas de reciclagem de material.
Nesse tópico, entram diversos assuntos que despertam grande interesse nos alunos, como destruição ambiental, industrialização, desmatamento e qualidade de vida.
Ética
Para falar de ética, é preciso lembrar conceitos como respeito mútuo, justiça, solidariedade e diálogo.
Vida em sociedade
Fazer parte de um grupo ou de uma comunidade exige, do cidadão, conhecer as normas que regem a conduta aceita nos mais variados âmbitos, como o social, o cultural e o político. Os PCN definem quatro blocos de conteúdo para o ensino da Ética. Eles foram organizados para que os alunos tenham informações sobre como atuar autônoma e criticamente em uma sociedade democrática.
• Respeito mútuo – É a valorização de cada pessoa, independentemente de origem social, etnia, religião, sexo, opinião.
Revelar seus conhecimentos, expressar sentimentos e emoções, admitir dúvidas sem ter medo de ser ridicularizado e exigir seus direitos são atitudes que compreendem respeito mútuo.
• Justiça – Num primeiro momento, pode remeter à obediência às leis. Mas o conceito de Justiça vai muito além disso. É a busca da igualdade de direitos e de oportunidades, o que pressupõe o julgamento do que é justo ou injusto.
• Solidariedade – É a expressão de respeito dos indivíduos uns pelos outros. Ser solidário é partilhar um sentimento de interdependência e tomar para si questões comuns. Solidariedade inclui desde a ajuda a um amigo até a luta por um ideal coletivo da sociedade.
• Diálogo – A comunicação entre as pessoas pode ser fonte de riquezas e alegrias. É uma arte a ser ensinada e cultivada. Mas atenção: o diálogo só acontece quando os interlocutores têm voz ativa. Limitar-se a impor visões de mundo sem considerar o que o outro tem a dizer não constitui um diálogo.
Artes
Artes Visuais
Nunca as pessoas foram tão bombardeadas por imagens como nestas últimas décadas. É uma explosão de cores, formas e luzes inédita na História. Saber ver e perceber as manifestações visuais, distinguindo sentimentos, ideias e qualidade, faz parte das aulas de Artes Visuais. Além do cultivo das formas tradicionais, como pintura, escultura, desenho, gravura, arquitetura, objetos e cerâmica, o século XX acompanhou o nascimento de outras modalidades de expressão visual. Incluem-se, nesse rol, as artes gráficas, o cinema, a televisão, a computação, o vídeo e a holografia. Elas podem ser combinadas de diferentes modos.
Principais objetivos:
• Construir, expressar-se e comunicar-se em artes plásticas e visuais, articulando percepção, imaginação, memória, sensibilidade e reflexão.
• Interagir com diferentes materiais e meios (computador, vídeo, cinema, fotografia).
• Reconhecer e usar diversas técnicas.
• Desenvolver relação de autoconfiança com a própria produção artística.
• Valorizar a diversidade estética e artística.
• Analisar criticamente elementos da linguagem visual cotidiana (vitrines, roupas, objetos domésticos, meios de comunicação).
Dança
Por meio da dança, o aluno experimenta um meio de expressão diferente da palavra. Ao falar com o corpo, ele abre a possibilidade de conhecer a si mesmo de outra maneira e de melhorar a autoestima. O simples prazer de movimentar
o corpo alivia o estresse diário e as tensões escolares. Para isso, é importante que o corpo não seja tratado como instrumento, mas como forma de comunicação. Pouco adianta, por exemplo, ensaiar exaustivamente uma coreografia se a atividade for apenas mecânica e tratada como alienante.
Principais objetivos:
• Valorizar diversas escolhas de interpretação e de criação em sala de aula e na sociedade.
• Situar e compreender as relações entre corpo, dança e sociedade.
• Buscar informações sobre dança em livros e revistas ou em conversas com profissionais.
Como incluir os temas transversais
Os temas transversais estão bem presentes nas aulas de Educação Física. Eles devem ser explorados para estimular a reflexão e, dessa maneira, contribuir para a construção de uma visão crítica em relação à prática e aos valores inseridos na disciplina e no meio social.
Ética
Respeito, justiça e solidariedade fazem parte das práticas físicas. O respeito deve ser exercido na interação com adversários. A solidariedade é vivenciada quando se trabalha em equipe. A presença de um juiz, as regras e os acordos firmados entre os participantes são formas de aprender a valorizar o sentido de justiça.
Saúde
Estresse, má alimentação e sedentarismo são subprodutos da crescente urbanização. Daí a necessidade de vincular a Educação Física ao cultivo da saúde e do bem-estar das pessoas, superando, em muitos casos, a falta de infraestrutura pública voltada para esporte e lazer.
Meio Ambiente
O contato da escola com áreas próximas, como parques e praças, abre oportunidades para a Educação Física abordar o tema do meio ambiente.
Orientação Sexual
Ideias como a de que futebol é esporte para homem e ginástica rítmica é coisa de menina ainda se manifestam na sociedade e no cotidiano escolar. Combater preconceitos como esses é uma das missões da orientação sexual.
Pluralidade Cultural
Adotar uma postura não preconceituosa e não discriminatória é a chave para atingir os objetivos da pluralidade cultural em Educação Física. Para isso, é preciso valorizar danças, esportes, lutas e jogos que compõem o patrimônio cultural brasileiro, originários das diversas raízes étnicas, sociais e regionais.
Trabalho e Consumo
O adolescente é alvo da publicidade de produtos esportivos. O professor pode ajudar seu aluno a analisar criticamente a necessidade de possuir determinado produto e, assim, criar a noção de consumo consciente.
Matemática
O professor deve participar do aprendizado, e não apenas apresentar conteúdos.
Surpreenda para ensinar número
Números não bastam numa aula de Matemática. Para conseguir a atenção dos alunos, é preciso empregar palavras, muitas palavras. Esqueça a aula tradicional, aquela em que determinado ponto da matéria é apresentado no quadro- negro, explicado e, em seguida, praticado por meio de exercícios. Por esse mecanismo, esse tipo de aprendizado não avalia se o estudante compreendeu ou não o conhecimento. Em vez disso, procure surpreender a classe. Mostre os conteúdos fazendo uso de muita conversa e abrindo espaço para os estudantes. Para isso, a relação com sua turma pode precisar de uma revisão.
Veja as dicas para o professor:
• Seja um mediador. Promova o debate sobre os procedimentos adotados e as diferenças encontradas, oriente reformulações e valorize as soluções mais adequadas.
• Seja um facilitador. Forneça informações (textos e material) que o aluno não tem condições de obter sozinho.
• Seja um incentivador. Estimule a cooperação entre os alunos.
• Seja avaliador. Observe se os objetivos estão sendo atingidos ou se é necessário reorganizar a atividade pedagógica para que isso aconteça.
• Seja um organizador. Conheça quem são seus alunos (as condições socioculturais, as expectativas e o nível de conhecimento deles) e escolha problemas para trabalhar em classe que possibilitem atingir os objetivos no decorrer das atividades.
Como trabalhar os problemas
Confira, em seguida, os princípios básicos para apresentar uma situação-problema que desafie sua classe:
• A situação-problema é o ponto de partida da atividade matemática. Os conteúdos podem ser abordados com a apresentação de problemas. As situações devem exigir dos alunos algum tipo de estratégia para resolvê-las.
• O problema não deve requerer um ato de resolução mecânica, com a simples aplicação de fórmulas ou processos operatórios aprendidos durante a aula. Um problema só existe quando o aluno for levado a interpretar a questão e a estruturar e contextualizar a situação apresentada. Lembre-se de que a solução não deve estar disponível de início, mas ser construída.
• O saber matemático deve ser considerado como um conjunto de ideias. A situação-problema tem que privilegiar esse aspecto. Assim, o aluno percebe que, para resolver a questão, é necessário recorrer a conhecimentos já aprendidos e que precisam ser interligados.
• A resolução de problemas não pode ser apresentada como uma finalidade em si. Ela é uma orientação para a aprendizagem. Com base nela, é possível desenvolver conceitos, procedimentos e atitudes matemáticas.
• Ao aluno, estar diante de um problema proporciona elaborar um ou vários procedimentos de resolução, comparar o resultado com o dos colegas e validar seus procedimentos.
Fonte: Nova Escola. Edição especial.