Edição 119

Como mãe, como educadora, como cidadã

Falar de Deus, por que não?

Arrumando meus livros, encontrei um que recebi há alguns anos. Acredito que tenha sido de alguma igreja. O que me chamou a atenção foi o título: Força de viver. O tema parece ter sido escrito para o momento em que estamos vivendo.

Mais remotamente, quem fizesse uma oração num aniversário ou numa confraternização era chamado
de beato, cafona; esse tipo de atitude era inconveniente. Falar o nome de Deus era tarefa reservada aos evangélicos ou a alguns católicos praticantes, e, mesmo assim, não em ocasiões como as citadas acima.

Penso que, diante de tantas situações de extrema dificuldade, não só a pandemia, temos sentido necessidade de nos apegar a algo maior, algo que possa aliviar nossa dor: Deus. E como fazer isso?

Participo de celebrações e encontros religiosos que refrigeram a minha alma, nos quais sinto alegria e conforto. Confesso que tenho muita pena de algumas pessoas que ainda não separaram em sua agenda um momento para frequentar algum tipo de encontro religioso; elas ainda não entenderam que a vida é muito curta, um sopro, e que, desde o nosso nascimento, estamos caminhando para a morte, numa fila que não tem como mudar de lugar e como não chegar ao fim. Compreender a necessidade de Deus é uma virtude. Enfim, li este texto e achei muito bonito para uma boa reflexão.

Numa manhã de domingo, não muito tempo atrás, três homens entraram engatinhando na cabine de uma espaçonave de aspecto estranho que estava presa a um gigantesco foguete do Cabo Kennedy, na Flórida. Enquanto todo o mundo aguardava, fascinado, começou a contagem regressiva para o lançamento da espaçonave Columbia.

Antes disso, jamais uma espaçonave decolara da Terra, orbitara em torno do planeta e voltara em voo controlado, aterrissando como um avião. Foi necessária muita força para realizar tal missão.

O foguete que levou a espaçonave media 61 metros. Pesava 2 mil toneladas (isso mesmo, 2 milhões de quilos!). Só de combustível carregava 1 milhão e 900 mil litros! Seu empuxo era de mais de 2 milhões de quilos — força suficiente para levar a espaçonave a uma altitude de 37 quilômetros em apenas 2 minutos.

Depois da decolagem inicial, a Columbia subiu a uma altitude de 300 quilômetros e orbitou em volta da Terra a uma velocidade de 27 mil quilômetros por hora. Em 7 dias, fez 113 órbitas em volta da Terra. Foi uma das maiores demonstrações de força já vistas no mundo.

Os jornalistas compararam a espaçonave a uma águia, mas ela não era uma águia. Era apenas um amontoado de metal. Quando sua força acabou, ela caiu do céu, com suas chapas inferiores brilhando com o calor da reentrada na atmosfera, e acabou sua missão pousando como um planador nas planícies salgadas do deserto da Califórnia.

A espaçonave Columbia foi uma realização científica espetacular. Sua força para sair da Terra e, na verdade, toda a sua capacidade de permanecer no espaço foram criadas pelo Homem.

As águias, por causa da sua capacidade de encontrar as térmicas — colunas de ar quente que se elevam do solo —, são capazes de permanecer em voo indefinidamente, muitas vezes sem ao menos mover suas enormes asas. A Columbia não era uma águia; era uma simples espaçonave. Por isso, seu destino era mesmo cair de volta à Terra. A única maneira pela qual poderia ser uma águia seria ter nascido águia — ou renascido como águia.

Este é o problema da maioria de nós — aliás, de todos nós. Temos uma certa quantidade de força natural. Por alguma razão, entretanto, não temos força suficiente para chegar até o fim. Alguns parecem começar bem, mas mesmo eles acabam por cair de volta à Terra no final das contas. A maioria de nós nem sequer chega a decolar da plataforma de lançamento. Fazemos algum barulho, ensaiamos uma ameaça de voo, mas, decolar que é bom, nada.

Às vezes, nem barulho somos capazes de fazer e, sem qualquer força, somos derrubados pelo primeiro vento que chega e nos lança ao chão, onde ficamos, esquecidos para sempre — como se nem mesmo tivéssemos existido.

Recentemente, algumas pessoas extremamente bem-sucedidas, pessoas que chegaram à fama em suas profissões, foram questionadas com respeito à sua própria vida. Essas pessoas não eram montes de metal, cujo destino seria cair do céu à Terra mais cedo ou mais tarde. São como águias de verdade — voando e alcançando as alturas. Quando lhes perguntamos de onde vinha a força que as mantinha no ar, todas deram a mesma resposta: “Deus”.

É isso aí! Disseram que a sua força para viver vinha de um relacionamento pessoal com Deus. Ao contrário da espaçonave Columbia, que chegara ao espaço pelo esforço humano, todos disseram que haviam tentado o caminho do esforço humano e que fora tudo em vão. Quando, porém, voltaram-se para Deus e permitiram que Ele controlasse suas vidas, então começaram a subir.

Você vai dizer: “Deus? Essa é boa! Ele pode ajudar pessoas que já estão com a vida feita, mas comigo é bem diferente!”.

Espere um pouco. Deus não é apenas para os famosos, para os ricos ou para aquelas pessoas respeitáveis que se vestem bem para ir à igreja no domingo. Deus é para todo mundo.

Ele ama os que já estão sem esperança. Ele ama os alcoólatras, os viciados, os que já perderam a força para viver e estão caindo indefesos em direção à destruição no choque com a Terra (se não explodirem antes de reentrar na atmosfera). Ele ama o desempregado, a mulher que se enredou na teia do adultério e da prostituição, o adolescente solitário, o fracassado homem de negócios.

Ele ama você, e, se você permitir, Ele não só lhe mostrará um novo caminho, mas lhe dará a força para viver.

O livro Força para viver nos faz refletir em como a dependência de Deus pode fazer toda a diferença em nossa vida. Os momentos difíceis, as turbulências, os obstáculos são mais facilmente superados com Ele. Penso que já chegou a vez de pôr Deus à prova, de permitir que Ele lhe dê a força, não apenas para sobreviver, mas para viver de verdade. Para mim, falar de Deus não é um tabu, é um privilégio. Assuma o seu papel de falar de Deus para a sua família, para os seus alunos em particular e para os seus amigos de trabalho e, acima de tudo, viva e testemunhe sobre Ele na prática.

Para algumas pessoas, inclusive para os nossos alunos, talvez sejamos as únicas pessoas a apresentá-las a um Deus misericordioso e que tudo pode.

Um grande abraço daquela que pode ser chamada de cafona, beata de igreja, alienada, mas que acredita, ama, respeita, fala e luta, luta muito para viver a Luz que renova as forças no caminhar rumo ao céu.

Gratidão,

Zeneide Silva

BUCKINGHAM, Jamie. Força para viver. Fundação Arthur S. Demoss, 1987. p. 9–11.

cubos