Edição 51
Atualidade do educador Dom Bosco
Atualidade do educador Dom Bosco
Muitos dos leitores podem questionar o porquê de tanto insistir em Dom Bosco enquanto educador se ele viveu e atuou em uma época diferente da nossa (século XIX) e em um país diferente do nosso (norte da atual Itália). Também podem questionar o fato de ele ser padre e, hoje, o ensino ser laico.
Pois bem. Começando pelo último questionamento, o ser ou não padre (ou religioso de qualquer instituição) não melhora nem piora a qualidade de ninguém. Prefiro referir-me a ótimos e péssimos praticantes de alguma religião. E isso independe de credo religioso ou descrença religiosa; o que faz alguém ser melhor ou pior não é o rótulo, mas a coerência com uma escala de valores que carrega consigo (ou deveria carregar). E isso vale para todos os tempos, inclusive o de Dom Bosco e o nosso. Se, no tempo dele, a educação estava atrelada a uma religião (católica) e se isso tinha convenientes e inconvenientes, a educação laica também os tem, uma vez que ela está atrelada a alguma instituição ou algum segmento social — só que não quer assumir ou dizer sobre esse(s) segmento(s).
Quanto aos argumentos de tempo e espaço: tanto no século XIX como em pleno século XXI, bem como no norte da atual Itália naquele tempo e no Brasil de hoje, há:
• Jovens abandonados pelas diversas instituições sociais.
• Jovens saídos de prisões, sem nenhuma perspectiva de inclusão social.
• Jovens que são explorados em seu trabalho (quando o têm) ou por terceiros nos semáforos ou mesmo precisando “vender o seu corpo” para sobreviver (prostituição).
• Jovens mergulhados na alienação quer por meio de drogas (lícitas ou ilícitas) quer por meio de uma imprensa que desinforma e semeia a “cultura da morte” ou mesmo numa instituição escolar que, apesar dos esforços dos educadores, presta-se apenas para dar alguns rudimentos de leitura para deixar o jovem sempre dependente de algum político assistencialista que, assim, se perpetua no poder.
Isso existia na Europa do século XIX e existe no Brasil do século XXI.
Não podemos esquecer que Dom Bosco atraía para si os jovens desempregados ou empregados, que vinham da zona rural em busca de oportunidade em Turim; visitava-os em seus empregos, nas prisões e os acolhia quando de lá saíam; atraía os jovens em geral ao Oratório Festivo — que funcionava integralmente, ao contrário dos outros oratórios da época, que funcionavam somente por algumas horas — e os jovens sem paróquia, enquanto os outros oratórios permitiam a permanência somente de jovens de sua paróquia. Não só isso, Dom Bosco usava uma linguagem que eles compreendiam, usava, inclusive, o dialeto das vilas de onde os jovens vinham, brincava com eles e nunca dava castigos, tão comuns na educação e na mentalidade da época.
E os nossos jovens, hoje, não precisam sentir-se acolhidos e compreendidos como os daquele tempo?
Precisamos, mais do que nunca, conhecer o pensamento e a prática desse grande educador, o padre João Bosco. Ele não ficou trancado em seu gabinete, sonhando e escrevendo bonito como muitos teóricos que conhecemos. Ele saiu em campo, “arregaçou as mangas” e trabalhou. Dom Bosco não esperava as coisas acontecerem para, depois, “correr atrás do prejuízo”; prevenia situações complicadas trabalhando pelos jovens (veja o Sistema Preventivo de Educação: fé-razão-amor). “Se existem jovens maus, é porque ninguém cuida deles”, falava.
E nós, o que fazemos? E nossa sociedade? E nossos governantes? O que Dom Bosco diria, hoje, de nós, de nossa sociedade e de nossos governantes?
Por isso e tudo o mais, Dom Bosco está atualíssimo em pleno século XXI. Portanto, convido os leitores a lerem os artigos que aqui coloquei.
Boa leitura a todos!
João Bosco, nascido na Itália, em 1815.
Homenagem a um grande educador
Um grande amigo das crianças, dos adolescentes e dos jovens. Filho de família pobre, perdeu o pai quando tinha 2 anos. A mãe era analfabeta, mas sempre ajudou o filho a estudar. Trabalhava e estudava com muito sacrifício, andando vários quilômetros a pé para a escola. Ajudava sempre seus amigos, seus colegas. Fazia brincadeiras e contava histórias para alegrá-los.
Conseguiu formar-se padre, que, naquela época, também era professor. Naquele tempo, a maior parte das pessoas não ia para a escola, não estudava.
O padre João Bosco ajudou as crianças e os adolescentes pobres a estudarem e terem uma profissão. Naquela época, a escola era muito chata, e os alunos eram castigados.
Padre João Bosco mostrou que a escola podia ser alegre, sem castigos, mas com muita responsabilidade. Ele se reunia com os alunos para ensinar e brincar, mudando o jeito da escola.
Ele recebia bem qualquer criança e adolescente que quisesse ficar com ele, especialmente os pobres e até mesmo quem era abandonado ou saísse das prisões. Acolhia a todos!
Bem antes de morrer, João Bosco formou um grupo de padres para agir como ele. Esse grupo cresceu e chegou a outros países, inclusive aqui no Brasil. São os Padres Salesianos.
Além deles, há as Religiosas (Filhas de Maria Auxiliadora), os grupos de leigos (Cooperadores Salesianos), entre outros (inclusive um brasileiro: Canção Nova).
Mesmo quem não gosta da Igreja e dos padres precisa saber que Dom Bosco foi um grande defensor de crianças, adolescentes e jovens, daqueles que ele conhecia e também dos que não conhecia. Inclusive você e seus amigos
Texto: João César
Dom Bosco sonhou Brasília?
Numa tarde de 1883, o padre Felipe Rinaldi, entrando no escritório de Dom Bosco, em Turim, surpreendeu o santo, que, com um globo terrestre sobre a mesa de trabalho e os olhos perdidos ao longe, acarinhava, com uma das mãos, a parte referente ao Brasil. No dia 30 de agosto, tinha feito, em sonho, misteriosa e extensa viagem, em que percorrera toda a América do Sul, de ponta a ponta.
No sonho, um jovem de 16 anos, amável e de beleza sobre- -humana, o acompanha durante toda a fantástica viagem e se apresenta como amigo seu e dos Salesianos. Ele disse que vinha, em nome de Deus, mostrar-lhe o trabalho a ser realizado.
Diz o jovem:
— Isso acontecerá antes que passe a segunda geração.
Pergunta Dom Bosco:
— Qual será a segunda geração?
O jovem fala:
— A presente não conta. Será outra, depois outra.
E Dom Bosco, querendo ainda mais clareza:
— Quantos anos compreende cada geração?
Ele responde-lhe:
— Sessenta anos. A primeira geração da Congregação dos Salesianos teve início em 1859. Segundo a determinação do jovem guia, essa geração não deve ser contada. Ao excluí-la, a próxima teve início sessenta anos depois, em 1919, estendendo-se até 1979. A partir daí, no período de 1979 a 2039, é que seria a segunda geração, atribuindo-se a 2039 a data final para a realização das palavras proféticas do jovem: “Isso acontecerá antes que passe a segunda geração”.
Dom Bosco localizou o local na faixa compreendida pelos paralelos 15 a 20, entre a Cordilheira dos Andes e o Oceano Atlântico, exatamente onde foi instalada a nova capital do Brasil.
Embora o sonho seja o futuro missionário da Congregação na América do Sul, Dom Bosco viu, incidentalmente, também outras coisas, tanto rios caudalosos e florestas imensas como minas de ouro, de pedras preciosas, depósitos de petróleo.
No entanto, em nenhum outro ponto da referida faixa continental, um acontecimento como a construção de Brasília obteve repercussão maior no progresso e na riqueza de um país.
Fonte: http://domboscoeducador.blogspot.com.