Edição 113

Como mãe, como educadora, como cidadã

Trato é trato

Zeneide Silva

Estava numa gráfica esperando a hora de ser atendida. Fiquei entre duas famílias. Uma mãe com um filho de 4 anos. A outra, o pai, a mãe com um bebê de colo e um menino aparentando uns 5 anos. Fiquei literalmente entre duas famílias.

Visualize duas famílias no mesmo espaço. O menino que estava só com a mãe ficava o tempo todo mexendo na máquina que controla a fila de atendimento, inclusive atrapalhando quem chegava, pois o visor informava um número grande de pessoas que na realidade não existia.

A mãe, por sua vez, pedia que o filho parasse, ameaçando não comprar o livro que a criança havia escolhido… (a gráfica ficava dentro de uma livraria). Porém, isso só acontecia quando um funcionário vinha ajustar a máquina; quando saía, o menino voltava a mexer. E a mãe sempre repetindo: “Se você não parar, não compro o livro”. Houve um momento em que o menino pegou o livro e o colocou no chão, folheou algumas páginas e voltou para mexer na máquina.

Enquanto isso, o menino da outra família estava brincando com o celular do pai. Em um determinado momento, o pai pediu o celular ao filho, que alegou que queria continuar jogando; o pai, de maneira bem tranquila, disse apenas: “Trato é trato, agora é a minha vez. Preciso responder algumas mensagens”. O menino choramingou e insistiu para que o pai lhe devolvesse o celular. E mais uma vez o pai respondeu: “Trato é trato”.

Quando o menino percebeu que não havia acordo com o pai, ficou do seu lado esperando e fazendo algumas perguntas, inclusive se ia demorar muito. O pai, nesse momento, alisou sua cabeça e disse: “Filho, aprenda a esperar. Trato é trato”.

Voltando para a primeira família, a mãe foi atendida, foi embora e deixou o livro na cadeira de espera, ficando claro que não tinha nenhum interesse de levar o livro e ainda teve a capacidade de não deixar o livro onde o pegou. O que a sociedade pode esperar dessa família e desse menino?

Vou transcrever do livro Manual de sobrevivência, do autor Rodrigo Furtado – Legionários de Cristo, alguns princípios bem interessantes para reflexão que servirão especialmente para os pais.

1. Você é o homem mais importante na vida dos seus filhos.

O mundo de hoje é muito agressivo, e o único que pode distanciar essa violência de seus filhos é você, pai, um herói.

2. Cuide das suas relações-chave.

É frequente pensarmos que nossas necessidades ou nossas relações amorosas e de amizade podem esperar, pois temos muitas atividades diariamente e não podemos perder tempo.

3. Ensinse a seus filhos quem é Deus.

Os filhos precisam de Deus. Eles esperam que os pais sejam os primeiros a mostrar-lhes o Senhor, quem Ele é, como é e o que espera deles.

4. Diga não a competição

O motivo dessa competição é o fato de nos compararmos com outras famílias, outros profissionais e pais. Isso nos faz exigir dos nossos filhos e de nós mesmos sermos melhores.

Então, por que não deixarmos nossos filhos encontrarem seu próprio caminho? Por que não parar de olhar os estereótipos e darmos oportunidade para eles serem felizes na vocação que escolheram?

5. Crie uma relação saudável com o dinheiro.

Os filhos também podem observar essa forma de viver dos pais. Eles veem onde seus pais depositam sua confiança; nas pessoas que amam, em Deus ou em suas contas bancárias. O mundo hoje está obcecado pelo dinheiro. Compramos para impressionar pessoas que não conhecemos. Extermine esse hábito: foque sua atenção nas relações afetivas, cultive-as e jamais se arrependerá.

6. Ensine seus filhos a lutarem.

Enfrentar os problemas da vida por si mesmo é o melhor treinamento.

Os bons pais acompanham, não substituem. Eles guiam seus filhos, direcionam para as soluções e, com sua autoridade, pressionam, impulsionados pelo amor, para que eles optem pelo correto.

7. Ame de forma saudável.

O amor deve ser concreto. Ele exige sacrifícios, e, muitas vezes, pedir desculpas primeiro, dizer o quanto amamos ou expressar o que necessitamos com humildade são atos que constituem o amor. Os filhos devem experimentar o amor dos pais através desses atos.

Como conseguir isso? Muito simples: reserve um tempo a cada dia para estar com eles.
No fim do dia, eles são o compromisso e o lazer mais importantes que você tem.

8. Viva com simplicidade.

Os pais são a maior influência na vida dos filhos, porém o mais valioso não são os bens materiais, mas, sim, as coisas intocáveis, como o amor e o exemplo de vida.

9. Não tenha medo.

O que podemos fazer nesses momentos é converter nossas preocupações em oração. Faça tudo depender de Deus, pois essa combinação dará forças para você superar qualquer obstáculo.

10. Mantenha a sempre a conexão

Seja honesto e ensine-os a serem honestos também, para que você possa esperar essa reciprocidade deles. Não deixe o computador e o celular entrarem no meio dessa relação.

como mãe, como educadora, como cidadã

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