Edição 118

Fique por dentro

Como trabalhar o socioemocional em sala de aula

Zeneide Silva

Oficina A menina que se escondia em um guarda-roupa

“Quanto mais você gostar de si mesmo, menos se parecerá com os outros e mais especial você será.”

Walt Disney

Esta oficina tem como objetivo desenvolver a consciência emocional, a autoestima, a aceitação, a resiliência e a empatia, ferramentas fundamentais para que o aluno seja capaz de expressar suas emoções. Assim, ele pode quebrar o silêncio que o faz sofrer
e se sentir inseguro e abrir o seu coração sobre suas dores e temores através da identificação com as personagens da história A menina que se escondia em um guarda-roupa, escrita por Drica Shinohara e que se encontra no catálogo da Editora Prazer de Ler.

Nesta história delicada, a menina se esconde em um guarda-roupa e acaba por encontrar um amigo imaginário que só quer lhe ajudar. Ler e trabalhar com seus alunos esta história é se encontrar numa aventura que, com um pouco mais de atenção, nos levará aos caminhos do coração.

A oficina está dividida em quatro partes.

A MENINA QUE SE ESCONDIA1. Introdução

Para envolver os participantes no clima do encantamento, prepare o ambiente com elementos que despertem os sentidos e conduzam com mais facilidade ao mundo da magia da história. Para tanto, você pode utilizar músicas, objetos, tapetes.

A atividade servirá de apresentação e de quebra-gelo. Prepare uma mesa de recepção que contenha crachás com desenhos de personagens que aparecem na história (guarda-roupa, cabides, vestidos, blusas, espelho). À medida que os participantes forem chegando, peça que escolham um crachá e escrevam o seu nome. O professor também deverá ter um crachá e ser o primeiro a se apresentar, dizendo o seu nome e contando ao grupo o motivo que o fez escolher aquele desenho. Depois, cada participante deverá fazer o mesmo.

2. Ouça a história

Diga algo assim: “Iremos escutar uma bela história. Prestem atenção para que possamos conversar e refletir sobre ela”.

A menina que se escondia em um guarda-roupa

Drica Shinohara

Em um guarda-roupa bem largo, de madeira envelhecida, uma menina ali entrava, se escondia, se aninhava e, com um espelho, conversava.

Ela deixava a porta quase a fechar, com apenas uma fresta para um raio da luz entrar. E, ali, naquela quase escuridão, no segredo do esconderijo, ela abria
o coração.

Conversava com o espelho que ali dentro vivia, falava da tristeza que sentia, uma tristeza tão grande que a deixava sufocada, calada e trancada, sem saber o que era alegria. O espelho tão atento escutava seus lamentos e de pronto lhe dizia:

— Vai, menina; vai, menina; chora aqui um pouquinho, deságua esse rio devagarinho.

Assim, a menina chorava e, ao mesmo tempo, ao espelho perguntava:

— Por que papai foi embora? Por que me abandonou? Onde estará ele agora? Cadê aquele grande amor?

Mas o espelho não sabia a isso responder e mais uma vez voltava a dizer:

— Vai, menina; vai, menina; chora aqui um pouquinho, deságua esse rio devagarinho.

O tempo correu, a menina assim cresceu, não cabia mais no guarda-roupa largo de madeira envelhecida. E agora, bem crescida, ainda bem que ela encontrou o grande amor da sua vida. E com esse amor maravilhoso, ela aprendeu que também existe choro gostoso, choro bom de alegria, que, quando invade o coração, faz os olhos transbordarem de emoção.

Ela aprendeu direitinho, e, agora, qualquer coisa dá um chorinho, ou dá um choro, ou até mesmo um chororô, depende da causa que for.

Chora por um bilhetinho, uma mensagem, um carinho. Chora por uma história de amor, de sofrimento ou de dor. Chora também pelo encanto de uma criança, por um abraço apertado ou por uma saudosa lembrança. Chora por um livro incrível, uma música perfumada ou por um filme inesquecível. Ou por uma doce oração, uma grande conquista, um afago no coração. Chora ainda por uma ofensa doída, uma tragédia sem par ou pela poesia da vida.

E hoje, quando lhe perguntam o motivo de ser tão chorona, ela diz que o segredo é bem antigo, foi conselho de um amigo. Um espelho que morava dentro de um guarda-roupa bem largo de madeira envelhecida lhe ensinou uma lição muito querida: não deixar nada trancado, amarrado ou sufocado, e sim chorar mansinho, deixando o rio da nossa alma desaguar devagarinho.

3. Para despertar o conhecimento e liberar as emoções

• O que vocês entenderam da história?

• O que vocês acham que o guarda-roupa representa?

• Qual era a maior dor da personagem?

• Alguém se identificou com a personagem?
Já se sentiu como ela?

• Vocês entendem a importância de se falar sobre
as emoções? O que isso significa para vocês?

• Pense nas pessoas que você ama muito e nos momentos bons que passaram juntos. O que o faz se sentir feliz?

• Quando as coisas não saem do jeito que você esperava, ainda assim consegue ver alguma coisa boa nisso?

• Peça para os participantes desenharem um guarda-roupa. Depois peça para explicarem o desenho. Não faça julgamentos ou comentários sobre os possíveis valores superficiais nem tente dar sugestões sobre sua ligação com a história.

A menina que se escondia no guarda roupas

4. Atividade de encerramento

Os alunos poderão estar bem emocionalmente na oficina, pois as experiências são únicas e intransferíveis, mas cada pessoa terá uma reação diferente, não dá para prever o grau da emoção. Para finalizar a vivência, é importante abrir espaço para as pessoas falarem como se sentiram no decorrer da oficina e para sabermos o que a outra pessoa sentiu, seus medos, seus receios, suas dificuldades; este é um passo importante para a conexão e a empatia. A experiência do outro pode também funcionar como espelho para aquelas coisas que temos dificuldade ou medo de reconhecer em nós mesmos.

Podemos também fazer um círculo com os participantes e solicitar que cada um resuma em uma palavra o que esta oficina significou para ele.

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