Edição 132

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Direito de sonhar e educação: dicas para melhorar suas aulas

Herbert Santo de Lima

Tornei-me um melhor professor observando meus melhores professores

Tornei-me professor observando meus professores. Obviamente, a educação formal, com técnicas de ensino, estudos de neurociência e pedagogia, é fundamental para a melhoria do trabalho como professor, mas arrisco dizer que nada se compara com observar e testar diferentes técnicas. Eu queria muito fazer Biologia, pois minha querida professora do Ensino Médio, Ieda Maria, em sua primeira aula, contou sobre como era incrível segurar um fígado humano na aula de Anatomia da faculdade. Após essa fala, eu fiquei com uma vontade imensa de saber mais sobre isso e queria ir para a faculdade de Biologia só para ver o tal “fígado”. Não me decepcionei, mas, além disso, percebi o quanto aprendo e me inspiro observando professores e tentando ser tão bom quanto eles.

Existem diversas técnicas que os professores podem utilizar para tornar suas aulas mais interessantes e engajadoras para os alunos. Queria apresentar aqui cinco dicas que observei em algum tempo e acho que são fundamentais para uma boa aula e uma dica de ouro final.

Dica 01: Esteja bem consigo mesmo e reconheça: você não sabe tudo.

O primeiro ponto é estar bem consigo mesmo. Antes de entrar na sala de aula, é importante que o professor esteja em paz consigo mesmo e se sinta confiante e preparado para ministrar a aula. Isso ajudará a transmitir segurança e confiança para os alunos, além de tornar o ambiente mais agradável. Mas, cuidado, professor não é o dono da verdade. Em minhas primeiras aulas com todas as minhas turmas, eu sempre faço questão de dizer que cometo erros, muitos erros, e peço sempre para desconfiarem de tudo o que eu disser, pois a ciência é feita de perguntas, e não de respostas. Digo isso e exponho uma vulnerabilidade, abrindo mão da vaidade de estar sempre certo e pedindo permissão para que sempre que eu cometa um erro, ou os alunos, tenha oportunidade de reparar e aprender com isso.

Dica 02: Faça as sinapses.

O segundo ponto é utilizar sinapses para fazer os alunos gravarem os conteúdos. A ideia é associar o novo conhecimento a algo que já esteja armazenado na memória deles, tornando mais fácil e rápida a assimilação da informação. Seja uma piada, seja uma música, seja um movimento corporal. Quando estou explicando sobre a molécula de DNA, que é helicoidal, por exemplo, costumo abrir os braços e girar o corpo para que nunca esqueçam dessa “hélice”. Pode parecer ridículo, mas os alunos relatam que isso faz com que não esqueçam. Obviamente, cada um possui um estilo de dar aulas; crie suas formas de gerar sinapses, e isso nos leva para a Dica 03.

Crie empatia com os alunos da melhor forma: contando sobre seus sentimentos, pedindo ajuda quando precisar. Acredite, eles podem ser seus melhores aliados.”

Dica 03: Seja você mesmo.

O terceiro ponto é ser você mesmo. Cada professor tem sua própria personalidade e estilo de ensinar, e é importante valorizar isso. Os alunos irão se sentir mais confortáveis e motivados se o professor for autêntico, verdadeiro e, também, humano. Sim, humano. Vejo colegas adoecerem ano após ano, pois, ao entrarem na sala, devem interpretar uma personagem que não existe no mundo real.

Crie empatia com os alunos da melhor forma: contando sobre seus sentimentos, pedindo ajuda quando precisar. Acredite, eles podem ser seus melhores aliados, afinal devem ser raras as pessoas no seu círculo que se dispõem a escutá-lo ininterruptamente por mais de 30 minutos. Obviamente, não estou falando aqui que uma sala de aula substitui uma sala de terapia, não é isso: mas compartilhar e escutar sentimentos fazem parte do comportamento humano, utilize isso a seu favor sempre que possível, inclusive dentro de sala de aula… Talvez entre uma matéria e outra, invista um tempo escutando como os alunos estão se sentindo ou falando como você está se sentindo depois de passar uma noite corrigindo provas ou preparando aulas.

Dica 04: Conte histórias.

A quarta dica é contar histórias para ligar assuntos. As histórias são uma excelente forma de ilustrar os conceitos e tornar a aula mais dinâmica e interessante. Elas podem ser utilizadas para contextualizar os conteúdos, mostrar a aplicação prática do conhecimento e envolver emocionalmente os alunos. As histórias podem ser suas, de sua vida ou mesmo ser histórias inventadas, ficções. As histórias são ferramentas ancestrais de atrair a atenção das pessoas, ninguém resiste a uma boa história. Existem diversos cursos sobre contação de histórias, alguns bem curtinhos com técnicas bacanas para você aprender e melhorar sua aula.

Dica 05: Faça exercícios e práticas.

Por fim, a quinta dica é a realização de exercícios. Os exercícios são uma forma de fixar o conhecimento adquirido e ajudar os alunos a colocarem em prática o que foi aprendido. Além disso, podem ser utilizados para avaliar o nível de compreensão dos alunos e identificar pontos que precisam ser reforçados. Provas podem parecer extremamente assustadoras, mas, ao estimular a realização de exercícios pelos alunos, você cria simulações importantes que os deixam mais tranquilos e diminui a ansiedade. Envie e cobre listas de exercícios e faça os alunos entenderem a importância de se praticar com essas listas.

Ensinar e o direito de sonhar

Ao utilizar essas cinco dicas como base para melhorar suas aulas, os professores podem tornar o aprendizado mais fácil, agradável e efetivo, proporcionando aos alunos uma experiência de aprendizado mais rica e satisfatória.

A técnica de dar aula baseada nessas cinco dicas pode estar relacionada ao direito de sonhar, pois permite que os alunos sonhem com um futuro em que possam adquirir conhecimentos de forma mais fácil e prazerosa. Quando os alunos estão engajados e motivados, eles se sentem mais confiantes em seus próprios sonhos e aspirações. Além disso, a utilização de histórias e a conexão dos conteúdos com a realidade dos alunos podem inspirá-los a sonhar com um futuro em que possam aplicar esses conhecimentos na vida deles. O exercício é uma oportunidade para os alunos testarem suas habilidades e alcançarem seus sonhos de forma mais concreta.

A dica de ouro final é: fale com o coração. Somos seres movidos pela emoção. Assim como minha professora passou sua emoção de estudar Biologia, que me fez biólogo, você também pode falar da mesma forma e tocar o coração de seus alunos. Empregue a emoção para falar, de verdade, com temas que são realmente emotivos para você.

Desejo sucesso em suas aulas!

A Fábrica dos Sonhos busca, em um de seus grupos de trabalho, equilibrar questões de educação e sonhos. Nosso trabalho em nossa sede rural e também o trabalho que realizamos em escolas são fundamentais para criar uma cultura do bem viver e garantir a todos o direito de sonhar.

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Herbert Santo de Lima, mais conhecido como Herbie, é professor, biólogo, Mestre em Meio Ambiente e Desenvolvimento pela London School of Economics (LSE) e Especialista em Sustentabilidade, Jogos Cooperativos e Cultura de Paz e sonha em plantar seu próprio alimento.

A Fábrica dos Sonhos não se responsabiliza pela opinião dos autores.

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