Edição 118

Como mãe, como educadora, como cidadã

Isto também passará

Zeneide Silva

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Alguns anos atrás, participei de um curso sobre contação de histórias com um grupo que estudava a filosofia sufi. Com a supervisão de uma angolana, que nos contou a história Isto também passará, ficamos encantados e, ao mesmo tempo, confiantes na belíssima mensagem.

Organizando meus arquivos, encontrei a história (naquela época não tínhamos acesso à Internet; mas hoje, se entrar e procurar no Google, a história aparece), parei para ler e resolvi passar para vocês neste momento de pandemia, em que vivemos com nossos medos e incertezas.

Vamos ler a história sufi.

Certo dia, um poderoso rei, governante de muitos domínios, sentiu-se confuso. Então chamou seus sábios e disse: “Embora não saiba o motivo, algo me impele a procurar alguma coisa que possa equilibrar meu estado de espírito. Algo que me faça alegre quando eu me sentir infeliz e que, ao mesmo tempo, me faça triste quando eu me sentir feliz”.

Os sábios, sem entender o que significava aquele pedido, foram pedir conselho a um santo sufi.

O sufi, depois de escutar o que os sábios lhe disseram, tirou um anel do dedo e o entregou a eles.

“Deem este anel ao rei. Existe uma mensagem oculta sob a pedra. Mas digam-lhe que há uma condição que deve ser cumprida. A mensagem não deve ser lida apenas por curiosidade, porque então ela perderá o significado. A mensagem está debaixo da pedra, mas é necessário um momento certo na consciência do rei para encontrá-la. Não é uma mensagem morta que ele simplesmente vai abrir e ler”, disse o sufi.

“A condição que tem de ser preenchida é a seguinte: quando tudo estiver perdido, quando o momento for impossível de ser tolerado, quando a confusão for total, quando a agonia for perfeita, quando ele estiver absolutamente indefeso e quando nem ele nem a mente dele tiver nada mais para fazer, só então deverá abrir a pedra do anel. A mensagem estará ali”, complementou o sufi.

O rei recebeu o anel e seguiu as instruções do sufi, transmitidas através dos sábios.

O rei tinha muitos inimigos na corte. Certo dia houve uma rebelião, e o seu castelo foi tomado por seus inimigos. Não lhe restou alternativa a não ser fugir para salvar sua vida. Seus inimigos não teriam piedade dele. Seria, certamente, morto, se capturado.

O país estava perdido. O inimigo estava vitorioso. Apareceram muitos momentos em que ele esteve no limiar de tirar a pedra e ler a mensagem, mas achava que ainda não era o fim: “Ainda estou vivo. Mesmo que o reino esteja perdido, posso recuperá-lo. O reino pode ser reconquistado”.

Montanhas_esbo_o_shutterstock_1128406352_Ajakor-02Os seus inimigos o perseguiram. Ele podia ouvir os barulhos dos cascos dos cavalos ao tocar nas pedras, e chegavam cada vez mais perto. Ele continuou fugindo. Os amigos que seguiam com ele foram ficando pelo caminho. Seu cavalo morreu de cansaço, e ele passou a correr a pé. Os pés sangravam, e, embora sem poder dar nem mais um passo, ele teve de correr sem parar. Ele tinha fome, e o inimigo se aproximava cada vez mais. Ele subiu por um caminho entre as pedras e chegou a um ponto sem saída. A trilha terminou. Não havia mais estrada à frente, apenas um abismo. O inimigo estava cada vez mais perto. Não podia voltar, pois o inimigo estava lá, e também não podia saltar. O abismo era grande. Ele poderia morrer na queda. Agora parecia não haver mais possibilidades, mas ele ainda esperava pela condição.

Ele disse: “Ainda estou vivo, talvez o inimigo vá noutra direção. Talvez, se pular neste abismo, eu não morra. A condição ainda não está preenchida”.

E então, subitamente, sentiu que o inimigo estava perto demais. Quando ele decidiu saltar, viu que dois leões famintos e ferozes chegaram na parte de baixo do abismo e olhavam para ele. Não restava mais tempo. O inimigo estava muito perto, e seus últimos momentos simplesmente haviam chegado.

Rapidamente ele tirou o anel, abriu-o e olhou por trás da pedra. Havia uma mensagem que dizia: “Isto também passará”.

De súbito, tudo se relaxou! “Isto também passará.” Aconteceu naturalmente um grande silêncio. O inimigo foi para outra direção se afastando cada vez mais. Ele então se sentou e descansou.

Depois de dormir por um longo tempo, ele acordou e começou a voltar em direção ao castelo. À medida que retornava, ia tomando consciência de que seus amigos tinham feito uma contrarrevolução. Seus inimigos haviam sido derrotados. Chegando ao castelo, viu que era novamente o rei.

Nos dias que se seguiram, houve um grande júbilo e grandes celebrações. O povo enlouqueceu, dançou nas ruas iluminadas pelas muitas luzes de várias cores dos fogos de artifício. O rei estava se sentindo muito excitado e muito feliz. Seu coração batia tão rápido que ele pensava que poderia morrer de tanta felicidade. De repente, se lembrou do anel, abriu-o e olhou. Lá estava a frase: “Isto também passará”. E ele relaxou.

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Gostou da história?

Conte-a para seus alunos e deixe que falem sobre sentimentos que sentiram ao ouvi-la. Peça também que a ilustrem e, se possível, exponha um painel com a seguinte mensagem: “Isto também passará”.

Enfim, acredite que vai ficar tudo bem, basta a gente acreditar no poder da nossa fé, no poder do nosso futuro, no poder do nosso aqui e agora, trazendo o amanhã para hoje, pelo poder de Deus. Isso ajuda a gente a acreditar que tudo vai ficar bem.

 

Grande abraço,

 

 

ASSINATURA_ZENEIDE_NOVA

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